7 de julho de 2019

1 Crônicas 16.7-36

Razões Para Uma Vida de Adoração 
1 Crônicas 16.7-36
(IP Tatuapé – Culto da Manhã – Julho 2019)


Introdução
A relação entre a adoração e o amor é muito estreita. Talvez você não tenha feito essa ligação ainda ou não a tenha percebido. Mas o fundamento mais profundo da adoração é amor! Amamos ao Pai, amamos ao Filho, amamos ao Espírito e por isso, nosso coração não se contém e os adora!
A adoração é o amor explodindo e se fazendo externo em sua eloquente alegria e satisfação como Pai. Note, como o impulso da gratidão é tão naturalmente a adoração e a gratidão é como uma enzima da mente, que em nós oferece as razões para um amor ainda maior. 
Jesus Cristo nos disse que “o amor” é o modo como revelamos ao mundo que somos filhos de Deus. Sim... filhos de Deus o amam acima de todas as coisas! Esse amor, sendo a marca mais fundamental da nossa relação com Deus, manifesta-se em uma torrente de adoração que não se contém. 
O Salmo que temos diante de nós é uma proposta de demonstração deste profundo amor. Davi, o seu autor, não se contém com o que Deus estava fazendo naqueles dias e seu coração explode em um profusão de adoração. Ele convoca irmãos especialistas para erguerem a Deus louvores, com vozes especiais e instrumentos. Tratava-se de um daqueles momentos em que ficamos como quem sonha e mal conseguimos descrever, senão, apenas olhar, pela fé, e agradecer a Deus por tudo em um gesto de adoração.  
Naquele dia– o dia em questão era o da introdução da Arca da Aliança na cidade de Jerusalém, a qual estava raptada pelos Filisteus e depois ficou refugiada nas terras de Obede Edom. 
Os livros das Crônicas têm uma particular função no cânon bíblico. Eles contam as histórias de Israel e do estabelecimento da monarquia, olhando os eventos a partir dos olhos de um homem do templo, um escriba, ou um sacerdote, que está interessado em nos mostrar o coração adorador do povo de Israel e as razões mais profundas para que este povo seja um reino de adoradores.
Celebrarem com hinos o Senhor – (yadah – gratidão, louvor) – irmãos, as palavras hebraicas são de fato uma fonte inesgotável de interessantes sinais da inspiração divina. Aqui, o verbo que é traduzido por “celebrar” é o verbo “yadah”. Celebrar é agradecer, dizer como estamos felizes por tê-lo e por receber dele tanto cuidado. No entanto, há uma outra curiosidade sobre esta palavra que me impressiona. A palavra bíblica usada para “conhecer” também é Yadah, contudo, uma pequena letra no final das palavras é a diferença, contudo a sonoridade é rigorosamente a mesma. Conhecer a Deus é sempre uma maneira bíblica de dizer mais que conhecimento cognitivo é uma aproximação de amor, como no texto que diz que Adão conheceu Eva (yadah – conhecer – ter relações íntimas). 
O que o texto aqui está nos convocando a fazer é desenvolver um profundo amor pelo Senhor, amor grato, amor que explode em uma profunda avalanche de adoração. Filhos de Deus têm motivos de sobra para serem adoradores. Acho que precisamos avaliar melhor quem é Deus e o que ele tem nos feito, para que sejamos mais prontos para adorá-lo. Vejamos como este texto nos convoca a isto!  

Temos Uma Vida de Adoração Porque Essa é Uma Marca Que Nos Distingue Como Filhos de Deus

Antes de começar a exposição resumida do texto, quero chamar a sua atenção para identificarmos uma estrutura no salmo. Ele é um crescente de convocações para a adoração, partindo de uma ponto menor e indo a um mais amplo. 
Adorai filhos de Jacó, descendentes de Israel, seus escolhidos(verso 13) – Aqui você nota claramente que a primeira convocação, que se inicia no verso 8, se dirige aos filhos. 
Tributai ao Senhor ó famílias dos povos(verso 29) – aqui, entretanto, as demais nações são convocadas a se unirem aos filhos de Israel para a finalidade da adoração de Yahweh. 
Alegrem-se os céus, terra exulte, ruja o mar, regozijem-se árvores (versos 31-33) – A convocação de adoração deve atingir todo o cosmos criado. Toda a Criação é chamada a participar do louvor que se inicia no coração dos homens retos. 
Disto isto, quero voltar aos filhos de Deus. UM FILHO DE DEUS SE DISTINGUE POR SUA PERCEPÇÃO, SENSIBILIDADE E INCLINAÇÃO PARA PERCEBER DEUS E ADORÁ-LO. 
Rendei graças – invocai o nome – Cantai-lhe salmos – falar das maravilhas – gloriar no nome santo – alegrar o coração – buscar o Senhor e o poder do Senhor – Permanecer na presença– Você pode notar que estes versos 8 a 11 apresentam uma efusiva convocação à adoração. Varias atitudes são esperadas naturalmente daqueles que são os seus filhos. 
Isto significa que eles reconhecem a sua graça, santidade, dignidade, seu poder glorioso, seus designios  e a necessidade de viver sob sua presença. Precisamos desenvolver uma relação com Deus que nos conduza perceber e a desfrutar de todas essa maravilhosas graças que ele dispõe aos que são seus todos os dias. 
Ele é o Senhor, seus juízos permeiam a terra– o salmista lembra os filhos de Deus que todas essas maravilhosas graças podem ser vistas ao nosso redor todos os dias em todas as coisas. A terra está cheia da retidão de Deus, no modo como tudo está ordenado (juízos de Deus). Meus irmãos, filhos de Deus são sensíveis à presença da gloriosa vontade de Deus em todas as coisas, como estão ordenadas para funcionar e como funcionam, segundo o seu poder.   
Lembra-se da aliança– a partir do verso 15, ele vai especificar que a reta vontade de Deus, os seus juízos, se manifestam primordialmente aos seus escolhidos, no modo como ele os ama pactualmente. Os exemplos que ele dá são do cuidado de Deus para com aqueles com os quais entra em aliança.   
A ninguém permitiu que os oprimisse; antes, por amor deles, repreendeu reis, dizendo: não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas (1 Crônicas 16.21-22). 
Anunciai entre as nações a sua glória – Uma excelente transição desta para a próxima sessão do salmo é a honra e a responsabilidade que os filhos de Israel tinham diante das nações, de serem os porta-vozes de Deus diante de todos. O amor de Israel para com Yahweh é que será fundamental para que todos temam ao Senhor. Isto é muito importante: FILHOS DE DEUS DEVEM TER UMA NATURAL RELAÇÃO DE ADORAÇÃO, FRUTO DO SEU AMOR PARA COM DEUS, QUE NASCE DO SEU RECONHECIMENTO TOTAL DE SUA GLÓRIA, DIGINIDADDE, PODER E AMOR PARA CONOSCO. 
Quando filhos de Deus falham em vivenciar e demonstrar que é isso que sentem em relação a Deus. Quando a vida cristã fica sem graça, cheia apenas de regras e sem nenhum desfrute real, constante e profundo de Deus. O resultado é que as nações também não têm motivo para louvar a Deus. 
O lado bom disto é que existem razões de sobra para que os filhos de Deus não se contenham e verdadeiramente louvem a Deus e revelem ao mundo a sua glória e majestade. 
Glória e majestade estão diante dele, força e formosura no seu santuário (1 Crônicas 16.27). 

Temos Uma Vida de Adoração Porque Essa é Uma Marca de Todos os Que Foram Atingidos Pela Graça Quando Ainda Eram Inimigos de Deus

Os versos 28 a 30 são introduzidos por palavra pesadas: Tributai e Tremei. Estes termos são usados para convocar os inimigos a adorarem a Deus. Isto remonta ao modo antigo de um povo se render a um outro mais poderoso e mais forte. O Salmo propõe isso. Uma vez que os filhos de Deus revelam sua glória e majestade, os inimigos se rendem e lhe oferecem tributo e temor. 
Este salmo nos leva ao contexto das guerras antigas em que suseranos poderosos, chegavam a pequenas vilas, muitíssimo menores e as dominavam. Os moradores da Vila não conseguiam resistir e se rendiam ao suserano. Havia um pacto de suserania, no qual o grande Senhor prometia aos moradores da vila dominada que iria protege-los em troca da sua lealdade. Aqui, este é o tipo de rendição que o salmista tem em mente: os homens pecadores rendendo-se diante do poderoso Senhor, reconhecendo sua glória e majestade e recebendo dele promessas de amor e cuidado. 
Tributai ao Senhor(yahab) -  O termo “yahab” pode ser compreendido como dar, mas é dar algo que é de direito do outro, não se trata de uma oferta voluntária, mas uma convocação a um reconhecimento de direito. Estamos falando de Deus convocando-nos a glória que o seu nome tem direito. 
Devemos nos lembrar que este ato é uma concessão do suserano que poderia nos destruir, mas nos oferece a possibilidade de reconhecer e participar da graça de viver sob os efeitos poderosos da sua glória que nos conduz ao amor. 
Trazei oferendas e entrais nos seus átrios – adorai – vejam que essas expressões nos conduzem a pensar na concessão de uma intimidade que deve nos ajudar a perceber que Ele também nos ama e nos chama para conviver na sua companhia e desfrutar de seu amor. 
Tremei diante dele – ele fundou a terra– tudo pertence a Ele e esse é o motivo porque nos reclama para si. Ele nos convoca a viver diante dele em santo temor e cultivar apreço por sua vontade soberana e o seu domínio eterno sobre toda as coisas. 
Diga-se entre as nações: o Senhor Reina!– este é o ponto: DEUS NOS CONCEDEU UM PRIVILÉGIO GRACIOSO, O DE TAMBÉM PARTICIPAR DO SEU REINO. ÉRAMOS SEUS INIMIGOS E ELE NOS CONQUISTOU PARA SI E NOS FEZ TAMBÉM SEUS FILHOS E SEU SACERDÓRCIO REAL. Precisamos de uma maior consciência de adoradores que se baseiam na graça de Deus para se aproximar. A falta de uma clara noção de que Ele nos salvou graciosamente é a razão de tanto desprezo de crentes para com a adoração constante e resoluta. 
Alegrem-se os céus, regozijem-se na terra, diga-se entre as nações: o Senhor Reina (1 Crônicas 16.31). 
Eis aqui uma excelente transição para a última parte do salmo. 

Temos Uma Vida de Adoração Porque Essa é Uma Marca de Todos Que Sabem Que a Redenção Está se Completando Sobre Toda a Criação

O apóstolo Paulo disse em Romanos que toda a Criação aguarda a redenção e a manifestação dos filhos de Deus, advindos de todas as nações: 
A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus (Romanos 8.19-21). 
Enquanto observamos a queda e deixamos que as garras do pecado, que domina o coração dos homens sem Cristo, seja a marca deste mundo, devemos compreender que ainda não estamos cumprindo o que Deus espera de nós: que sejamos luzeiros no meio de uma geração corrompida
Davi convoca os filhos de Israel a celebrarem a Deus, conquistarem nações e convocarem homens para um modelo de vida que honre ao Criador, levando o shalom de Deus para todos os cantos da terra. Neste trecho, o que vemos é exatamente essa convocação da natureza. 
Alegrem-se céus – Exulte terra – Ruja o mar – Folque o campo – Regozijem-se árvores– o salmista convoca a natureza a celebrar, num momento em que ele compreende que a grande salvação está chegando ao seu ponto máximo. Davi viu a arca da Aliança e os benefícios que ela trouxe aos filhos de Obede-Edom e à sua terra. A história aconteceu após a vitória sobre os filisteus, que Davi preparou um carro de boi para trazer a arca, mas isso não era o que estava previsto na Lei de Moisés, o resultado foi a morte de Uzá, o que muito entristeceu Davi que acabou entregando a Arca à casa de Obede-Edom. 
Não quis Davi retirar para junto de si a arca do Senhor, para a Cidade de Davi; mas a fez levar para a casa de Obede-Edom, o geteu. Ficou a arca do Senhor em casa de Obede-Edom, o gereu, três meses, e o Senhor o abençoou e a toda a sua casa. Então, avisaram a Davi, dizendo: O Senhor abeçoou a casa de Obede-Edom e tudo quanto tem, por amor da arca de dEus; foi, pois, Davi e, com alegria, fez subir a arca de Deus da casa de Obede-Edom, à Cidade de Davi (2 Samuel 6.10-12).
Davi compreendeu que Arca de Deus era o sinal da bênção para toda a criação, por isso, neste dia, ele convoca também a própria Criação a se alegrar, afinal, a presença de Deus, que redime Israel, é chegada ao seu povo e agora, logo, também toda a Criação também será redimida. 
O Senhor Reina– é o mote que se deve declarar, afinal, sua glória chegou ao seu lugar, à sua cidade, ao tabernáculo. Deus se assenta no seu trono para governar o seu povo e todas as nações. Portanto, todas a criação, toda a terra, deve regozijar-se. 
Na presença porque vem julgar a terra– claramente a escatologia do juízo de Deus contra todo o pecado, quando também limpará toda a terra. Isso é muito próximo do que Paulo tratou em Romanos, 2 Tessalonicenses e o ensino do Novo Testamento sobre o juízo de Deus sobre toda a Criação e a sua purificação final. 
Salva-nos – ajunta-nos – livra-nos-  todas essas expressões apontam para um resgate, uma obra redentiva. A libertação do cativeiro a que tudo está submetido e à transformação de todas as coisas. 
Para que rendamos graças e nos gloriemos– de fato, as razões que temos para a adorar a Deus precisam ser reveladas por meio de atitudes nossas diante de todas as estruturas, naturais, sociais, políticas, religiosas etc. Temos um compromisso em levar ao mundo as razões para que o NOME DO NOSSO DEUS SEJA LOUVADO POR TODOS. 
Nós adoramos a Deus porque sabemos que isso é possível e que é o nosso papel agir para que essa verdade se realize a cada dia onde estamos. 

Conclusão
Davi compreendia que Deus estava dando a ele e a sue povo um momento especial e por isso a todos convocou para adorar. Os motivos são vários e as razões para que o busquemos tem a ver com a nossa filiação, nossa gratidão e nossa esperança em Cristo Jesus. 
O que certamente deixou Davi muitíssimo impressionado é o resultado do entendimento do povo de Deus para isto. Por isso, é registrado: 
E TODO O POVO DISSE: AMÉM! E LOUVOU AO SENHOR! 
Davi estava claramente feliz, cheio da presença de Deus, sabia que tudo o que se espera de Deus ele faz. Ele estava neste momento com o coração pleno diante de Deus e isto contagiava o povo de Deus. 
Meus irmãos, eu espero dias assim aqui em nossa Igreja! Dias em que não será necessário pedir, suplicar... mas que todos saberão que Deus é bendito e que é digno de eternidade em eternidade. Um dia em que nosso chamado especial de filhos nos levará a adoração constante, que nossa gratidão pela salvação graciosa explodirá em amor para Deus o nosso coração e o dia em que seremos capazes de nos comprometer com o mundo e a criação, trazendo sempre paz ao mundo e aonde estivermos. Eu espero, Eu oro, eu busco!! 
Esperamos, oramos e buscamos!! Bendito seja o Senhor, Deus de Israel! AMÉM

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