29 de setembro de 2019

Salmo 32.1-5

Quebrantamento Verdadeiro é Sentir Falta de Um Amor do Qual Fugimos e Ser Encontrado Por Ele

(Culto da Noite – Setembro2019 – IP Tatuapé)
Salmo 32.1-5
Introdução
Na semana passada, tivemos a oportunidade de nos abrir ao Salmo 29. Naquela ocasião eu comentei que o Livro dos Salmos tomam o nosso coração e elevam ele a Deus, tanto quanto trazem o coração de Deus para dentro de nós. Aqui, neste salmo de Davi também, temos essa mesma impressão. O contexto deste salmo é o pecado de Davi quando tomou para si Bete Seba e planejou e executou a morte de Urias. 
Passado o luto, uma das formas de Davi tentar compensar seu erro foi trazer Bate Seba para dentro do palácio e fez dela uma das suas mulheres. Aparentemente, tudo parecia calmo, resolvido e poderia seguir Davi em frente, não fosse o Senhor vir atrás de Davi. 
O profeta Natã, enviado por Deus, vem ao rei Davi, conta-lhe uma história de um homem rico, que possuía muitas ovelhas e que haveria de receber um visitante em sua casa. Bem esse homem, tinha um vizinho pobre, que era dono de uma única ovelhinha, que criava em casa como uma animal de estimação da família, comia e bebia com a família e até dormia nos seus braços. O rico, para poder receber bem o seu visitante, não quis tomar uma das suas muitas ovelhas, mas vai à casa do pobre e pega a única ovelhinha do vizinho, mata e prepara uma refeição para o visitante. 
Bem, diante de um fato tão execrável, Davi se levanta furioso e indignado com aquele ato de egoísmo e injustiça: 
Tão certo como vive o Senhor, o homem que fez isso deve ser morto. E pela cordeirinha restituirá quatro vezes, porque fez tal coisa e porque não se compadeceu (2Sm 12.5-6). 
A questão é que Natã teve de dizer para ele: ESTE HOMEM ÉS TU!E assim o que temos como resultado são os salmos, 51 e 32. Um de confissão deste pecado e outro revelando o processo até chegar o momento dessa confissão e cura da sua alma.
Não temos uma informação clara sobre quanto tempo esse processo durou. Sabemos que foi tempo suficiente para que o coração de Davi sentisse o peso do pecado. Ele ficou calado, manteve-se escondido de Deus. Jesus usou trechos da confissão do salmo 51 para contar a parábola do jovem rico que caminha para longe do Pai e o despreza, tenta viver sem o Pai, até que retorna para encontrar o Pai que o esperava no caminho. 
Mas, podemos dizer que a experiência de perdão que Davi vivenciou, produziu um verdadeiro quebrantamento em seu coração. Ele fugiu o amor de Deus, mas este amor o encontrou e o VERDADEIRO QUEBRANTAMENTO acontece neste momento, quando o AMOR DE DEUS DO QUAL FUGIMOS E NOS ESCONDEMOS, NOS ENCONTRA E NOS RENOVA PARA A VIDA COM DEUS.  

O Verdadeiro Quebrantamento Ocorre em Meio a Um Processo de Verdadeiro Reconhecimento de Nossa Miséria
Vamos começar com o verso 3, onde Davi faz uma digressão no pensamento. Note, ele vem falando sobre a Bem-aventurança do perdão, mas no verso 3, ele usa o advérbio de tempo para gerar uma digressão, como voltar no tempo da história que está contando, para explicar a bem aventurança à luz do que havia acontecido e é isso que estamos fazendo aqui, indo primeiro na DIGRESSÃO. 
Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia, porque a tua mão pesava sobre mim, e o meu vigor se tornou em sequidão de estio (Salmo 32.3-4). 
Eu calei os meus pecados– Davi aqui não dá nomes atenuantes para o que fez. Ele diz, que “eu tinha um ponto de vista diferente” ou uma “diferente ótica”;  ele não ameniza sua conduta, justificando suas ações com um “mas, veja bem...”. Davi diz que eram PECADOS e eram SEUS. O VERDADEIRO QUEBRANTAMENTO exige uma postura de RECONHECIMENTO DA PRÓPRIA MISÉRIA. 
Envelheceram os meus ossos– Ele se reconheceu definhando e sem perspectivas. Ele reconheceu que aquele sentimento que esmagava o seu coração e sua vida interior era um resultado de sua MISÉRIA e conduta pecaminosa. Aqui ele percebe que ficou sem saída. 
Meus constantes gemidos– certamente, o que estava acontecendo em seu coração é que os gemidos da alma, essa dor inquietante, fez Davi procurar saídas erradas. Ele planejou enganar Urias, não deu certo; planejou a morte de Urias; tomou a mulher para o palácio quem sabe amenizaria o coração. Mas, Deus não o deixava sentir paz! O VERDADEIRO QUEBRANTAMENTO não acontece por ação do homem ou por estratégia emocional humana. Devo discordar do diagnóstico de alguns psicólogos, que tentam dizer que a dor vai embora, quando nós rompemos com a religião. Eles pensam que a CULPA é só resultado de um discurso religioso de imposição de medo. 
A tua mão pesava dia e noite sobre mim– o mais profundo estado de miséria da alma humana acontece quando ela perde a âncora que a liga ao amor de Deus e ela deixa de perceber sua presença. Adão se escondeu de Deus por entre as folhagens do Davi e fez cobertura de folhas para esconder-se de Deus. O jovem da parábola, tentou viver e se virar sozinho antes de voltar para o Pai. Jonas tentou fugir para Tarsis. Mas, Deus se recusa a deixar nossa mente sentir paz, enquanto ela não não reconhece sua própria miséria diante de Deus. NÃO SE TRATA DE APENAS UM SENTIMENTO DE CULTA, o RECONHECIMENTO DE NOSSA MISÉRIA, É ANTES DE TUDO UM RECONHECIMENTO DE QUÃO LONGE ESTAMOS DE DEUS.  
O meu vigor se tornou em sequidão de estio– tudo o que parecia ser vigor, todos os disfarces que me foram possíveis não mudam a verdadeira condição da minha miséria e DAVI reconheceu isso: TENTAR APARENTAR VIGOR NÃO RESOLVEU, E ELE RECONHECEU A SUA MISÉRIA. 
Meus irmãos este é ponto que eu e você precisamos considerar em nossa relação viva com Deus, isto é, reconhecer constantemente que a nossa maior miséria é aquela condição da nossa vida que nos faz tentar viver sem Deus. Não se permita caminhar para esse buraco, onde nos enterramos e enterramos as pessoas que estão ao nosso redor. O  VERDEIRO QUEBRANTAMENTO ACONTECE QUANDO EU E VOCÊ RECONHECEMOS A FALTA QUE O AMOR DE DEUS FAZ.  
O Verdadeiro Quebrantamento Ocorre em Meio a Um Processo de Convicção da Miséria e o Desejo de Mudanças na Confissão de Pecados
Ainda na digressão de Davi, olhemos agora para o verso 5. Nele veremos a decisão de Davi. Diante de Natã e do impactante momento deste reencontro com o Amor de Deus, Davi diz: PEQUEI CONTRA O SENHOR!
Confessei-te o meu pecado e a minha iniquidade não mais ocultei. Disse: confessarei ao Senhor as minhas transgressões e tu perdoaste a iniquidade do meu pecado (Salmo 32.5).  
Confessei-te o meu pecado– No primeiro plano algo tem de ficar claro para quem está lendo o Salmo é que Davi sabia muito bem de quem estava fugindo e o que o pecado estava ocasionando. Isto é, ele sabia bem que aquele problema era mais que um problema entre ele e as pessoas envolvidas, mas se tratava de algo que só poderia ser resolvido DIANTE DE DEUS, porque o seu problema era com O SENHOR. 
Minha iniquidade não mais ocultei– aqui Davi declara ter desistido de se esconder e disfarçar sua vida, ele desistiu de parecer vigoroso e reconheceu sua miséria diante de Deus. A CONVICÇÃO QUE NOS LEVA À CONFISSÃO É AQUELA QUE PRODUZ EM NOSSO CORAÇÃO UM SENSO DE DIREÇAO QUE NOS FAZ VOLTAR A DEUS, CUSTE O QUE CUSTAR. Davi pensou assim, a ponto de dizer que no Salmo 51: 
(...) de maneira que serás tido por justo no teu falar e puro no teu julgar (Sl 51.4b). 
Confessarei as minhas transgressões (Pasha)– este é o ponto para Davi, a palavra que ele usa é “pesha”, que indica uma consciência de quebra da Aliança com Deus, um rompimento do caminho e uma mudança de direção. Davi compreende a sua confissão como uma necessidade de reconhecer que está no caminho errado. 
Perdoaste a iniquidade (avon) do meu pecado– o pecado para Davi produzia uma condição de tribunal diante de Deus, por isso, ele usa a palavra “avon” para se referir à condição em que ele estava diante de Deus. Isto é, réu declarado e confesso, na expectativa da sentença que será dada pelo juiz. 
O VERDADEIRO QUEBRANTAMENTO ACONTECE AQUI, NESTE MOMENTO, EM QUE NOSSO CORAÇÃO ESTÁ PRONTO PARA RECEBER DE DEUS SUA DURA DISCIPLINA. MAS NÃO AGUENTA MAIS FUGIR DO AMOR DE DEUS. 

O Verdadeiro Quebrantamento Ocorre Quando o Amor de Deus nos Reencontra e Restaura em Nosso Coração Nossa Certeza de Sermos Filhos Amados do Pai
Claro que não consigo ler este Salmo sem ter em mente a parábola do Filho Pródigo. Tenho diante de mim a imagem que construí daquela mensagem lindíssima de Jesus e vejo o Pai olhando na estrada e percebendo o retorno do filho e correndo para encontra-lo: 
E levantando-se, foi para seu pai. Vinha ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o abraçou, e beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos: trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés, trazei também e matai um novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se (Lucas 15.20-24). 
Davi propõe essa visão. Ele está dizendo em sua digressão que esperava a sentença do juiz e o juiz se volta para ele, diante do QUEBRANTAMENTO DO SEU CORAÇÃO, e lhe mostra o favor do PERDÃO. 
Bem aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem aventurado o homem a quem o Senhor não atribui iniquidade e em cujo espírito não há dolo (Salmo 32.1-2). 
Bem aventurado (Esher) aquele cuja iniquidade (avon) é perdoada– Feliz em decorrência de uma bênção que recebeu, este é o sentido da “esher”. Aquele que cuja iniquidade (avon) é perdoada. Aqui Davi apresenta um contraste com a digressão que havia feito no verso 3, está dizendo que no verso 3, que o homem que se afasta de Deus vive em sequidão de estio, mas aqui no verso 1, ele diz que o homem que é reencontra o amor de Deus tem sua vida restaurada. 
Cujo pecado é coberto– a razão desta felicidade é um ato do juízo de Deus, que afasta a acusação da iniquidade (avon) e cobre o pecado. Essa expressão é sacerdotal e se reporta ao que acontece na mesa da propiciação quando a Lei é escondida pelo sangue derramado na tampa do propiciatório e esconde a lei e a acusação. Não significa que o pecado não existiu, mas que ele foi pago! O VERDADEIRO QUEBRANTAMENTO TRAZ AO NOSSO CORAÇÃO ESSA CONSCIÊNCIA DE QUE DEUS PAGOU O PREÇO DO NOSSO PECADO E AFASTOU A NOSSA ACUSAÇÃO. 
Em cujo espírito não há dolo– aqui no verso 2, Davi aponta para o ambiente onde essa bem aventurança, essa felicidade decorrente da bênção de Deus, onde essa vida se manifesta: NO ESPÍRITO. No Salmo 51, ele usa a seguinte expressão para falar deste ponto: 
Cria em mim, ó Deu, um coração puro e renova dentro em mim um espírito inabalável (Salmo 51.10). 
Ele aqui, está nos dizendo que este homem de quem é afastada a acusação, passa a ter um espírito que não sente mais a culpa, que o pecado provoca. Ele não sente mais aquela distância entre ele e Deus. O VERDADEIRO QUEBRANTAMENTO NOS LEVARÁ A NOVAMENTE SENTIR QUE SOMOS FILHOS DE DEUS, COMO O FILHO PRÓDIGO voltou a viver como filho. 

Conclusão
Há crentes que fingem não ligar, mas carregam em sua alma um peso de angústia. Seu coração vive um dilema, em saber a vontade de Deus e de também não se sentir no caminho que agrada ao Senhor. Seguem em SEQUIDÃO DE ESTIO, isto é, fingem vigor, mas a realidade de sua relação com Deus é FRAQUEZA.
Para quando estamos assim, ou para quando encontramos pessoas vivendo assim, precisamos anunciar o caminho do QUEBRANTAMENTO VERDADEIRO. Não se trata de espiritualidade exterior e superficial, mas de um verdadeiro encontro com Cristo. O que as pessoas precisam não é de uma nova igreja, um novo pastor, um novo livro para ler, uma nova experiência com Deus. Elas precisam seguir a receita: 
Reconhecimento do próprio pecado – Confissão do caminho errado, a transgressão – Abrir os olhos para VER O PAI DE BRAÇOS ABERTOS PARA RECEBER SEUS FILHOS. 

Aplicações para a IPT
Devemos fazer de tudo para que nossa Igreja seja um lugar deste tipo de vida. Pecadores que somos, sempre buscando a vida abundante que Cristo nos deu por seu sangue. Nossa igreja tem de ser uma casa de cura para nossas transgressões e um lugar de quebrantamento.
Devemos levar nossas liturgias a nos fazer pensar na vida com Deus e preferir a santificação em todas as condutas. Devemos deixar nosso coração permanentemente aberto para a Palavra de Deus que pode nos trazer de volta, sempre que necessário e não termos medo de confessar pecados e nos ajudar a viver mutuamente em paz com Deus. 
Que seja essa igreja, uma igreja para o reencontro constante com o amor de Deus. Que você pessoalmente trabalhe nisto! 

Oração
Dá nos senhor um coração puro e renova em nós sempre um espírito inabalável. Não tire de nós a alegria da salvação. 

22 de setembro de 2019

Salmo 29.1-11

Adoração é Um Dever Resultante da Glória e Majestade de Deus

(Culto da Noite – Setembro2019 – IP Tatuapé)
Salmo 29.1-11
Introdução
Os salmos são uma literatura riquíssima! Sua linguagem poética enche nossos corações de fé! Neles, vemos retratadas verdades em frases poéticas, cuja principal qualidade é a capacidade de nos fazer sentir a presença gloriosa de Deus. Sem dúvida alguma, os salmos nos conduzem ao coração de Deus e o trazem para dentro dos nossos próprios corações. 
Nesta noite, meus irmãos, temos diante de nós um salmo que muito me ensina a respeito do meu dever de temor ao Senhor. Davi é o seu autor e o poderoso Rei de Israel está pronto a revelar humildade diante de Deus e nos convidar à mesma atitude de reverente e humilde temor diante do Senhor. 
Olhando para este Salmo veremos que ele fala conosco da seguinte forma: a) primeiramente, Davi nos conclama à verdade absoluta da “adoração como um dever” dos homens para com Deus. Ele faz isto nos versos 1 e 2, na forma de uma convocação à entrega deste reconhecimento a Deus; b) em seguida, nos versos 3 a 11, ele parece propor exemplos desta gloria e majestade de Deus que deve estar por detrás de nossa ação de adoração, uma vez que o ponto de partida para tal feito humano é o senso profundo do coração. O temor do Senhor, assim como o amor a Ele são modos de nosso coração revelar nossa profunda admiração e reconhecimento da glória e majestade de Deus. Nestes versos 3 a 11 vamos construir nossa convicção sobre as razões que nos levarão ao prazer de adorar e de cumprir o nosso dever de reconhecer a glória e a majestade de Deus. 
Precisamos permitir que este texto nos encontre em nossa vida com Deus. Precisamos abrir nosso coração para ser vasculhado e nossas intenções pesadas na balança do nosso Deus. Por isso, irmãos, esta noite, devemos buscar neste texto o nosso próprio pensamento sobre o porque adoramos a Deus. Talvez, como o próprio povo de Israel nos dias de Isaías e Amós, também sejamos um povo busca a Deus não por Deus, mas por nós mesmos, pelos nossos interesses e pela mecânica tão agradável de ter uma religião. 
Ao final, pretendo voltar aos versos iniciais, cheio em nosso coração com as palavras que veremos nos versos 3 a 11. Tente, encontrar caminho para seu próprio coração neste texto de hoje. 

A Adoração é Uma Entrega a Deus e o Seu Reconhecimento  Decorrente de Uma Visão Impactante da Grandeza da Sua Majestade
O salmista é pródigo nas figuras das quais lança mão para falar ao coração dos filhos de Israel. Primeiramente, devemos ter em mente o público que o salmista pretende atingir. O salmo nos diz que a conclamação é para os “filhos dos deuses”. Na nossa bíblia Revista e Atualizada, temos a seguinte tradução do verso 1: 
Tributai ao Senhor, filhos de Deus (Salmo 1.1a). (Banuh LaYehowah Bani Elim)  
BANI ELIN – Seria literalmente: “filhos de deuses” (El: singular Elim: plural). Talvez o ponto do salmista não seria falar exatamente aos filhos de Deus no sentido do povo da aliança, mas talvez desejasse falar diretamente àqueles que tinham linhagem nobre, ou que se consideravam com poder. Filhos de deuses, seria o mesmo que apontar para “homens poderosos”. O salmo 82 é um bom exemplo dessa linguagem: Sois deuses... Sois poderosos... neste sentido. 
Portanto, quero com isso dizer que o público para o qual Davi escreve é aquele que pensa de si mesmo com elevada estima por sua reputação e por sua posição no mundo. Num certo sentido, estamos falando de pessoas presunçosas que em seus corações alimentam falsas percepções sobre si mesmos. Estes são conclamados a repensar o que estão fazendo e como estão buscando a presença de Deus. 
Ouve-se a voz do Senhor sobre as águas; troveja o Deus da glória; o Senhor está sobre as muitas águas. A voz do Senhor é poderosa; a voz do Senhor é cheia de majestade (Salmo 29.3-4). 
A voz do Senhor sobre as águas – sobre as muitas águas-  o salmista usa a figura das muitas águas para falar da multidão das nações e dos exércitos. A voz de Deus está encobrindo todo o som que vêm das muitas nações da face da terra. A voz do Senhor está sobre as muitas águas, veja que essa é a ênfase.
A voz do Senhor é poderosa, cheia de majestade– Aqui, o ponto central é que a voz de Deus é impactantemente majestosa e poderosa. O som da sua voz é como um trovão, cujo som produz a ideia de poderosa majestade. O som é tão majestoso que estremece aquele que teme ao Senhor. 
A adoração é aquilo que entregamos a Deus em reconhecimento daquilo que Ele é, de sua gloriosa majestade. Quando essa é a visão que domina o nosso coração, descobrimos que é impossível não adorá-lo, como se fosse uma lógica impossível, deixar de adorá-lo, quando se reconhece esse poder e majestade. 

A Adoração é Uma Entrega a Deus e o Seu Reconhecimento  Decorrente de Uma Visão Impactante da Supremacia da Sua Força Diante de Todos os Poderes da Terra
Nos versos 5 a 9, Davi usa figuras da natureza para mostrar aos homens poderosos e presunçosos que Deus tem força para fazer dobrar todos os poderes da terra. 
Ele quebra os cedros – despedaça os cedros do Libano– essa é uma das figuras mais conhecidas do Velho Testamento, a grandiosidade, estabilidade e majestade do “cedro”, em particular o “Cedro do Libano”. Todos compreendiam a durabilidade, constância e segurança que essas enormes árvores. O texto diz que a voz de Deus não toma conhecimento desta grandiosidade e as derruba, quebra e depois usa uma expressão ainda mais forte: quebra a ponto de despedaçar. Davi está falando daqueles que ainda não perceberam que os homens mais poderosos são despedaçáveis diante da voz de Deus.
Eles saltam como bezerros– nessa expressão há um forte exagero, para deixar claro o ponto de Davi, que é o de fazer das figuras mais majestosas um  elemento frágil e das figuras mais estáveis um elemento instável e pouco confiável. 
O Líbano e Siriom– duas montanhas respeitadíssimas. Este Siriom é também o Monte Hebrom, no norte da Palestina. Assim como os cedros, estas enormes e majestosas montanhas são como gado selvagem a ser domado. Deus os faz pular para domar, como os domadores faziam com os animais das suas tribos. 
Faz tremer o deserto- Ele agora volta seus exemplos para aqueles que tentam resistir a Deus. Eles são exemplificados na figura do deserto. O deserto de Cades foi um dos grandes desafios do povo que caminhava na direção da terra prometida. Agora, entretanto, o quente deserto é só um alvo das chamas de fogo que são despedidas pela voz do Senhor. O Senhor queimaria o próprio deserto com a sua voz. 
Desnuda os bosques – dá cria às corças– A voz de Deus está na chefia das estações e nos tempos em que as coisas dão seus frutos, tanto plantas quanto animais.
No seu tempo, tudo diz: glória!– na obra da criação, o templo majestoso do universo, todas as coisas apontam para a glória do Altíssimo. Porque o Senhor Altíssimo é tremendo, é o Rei de toda a terra. 
 A adoração é uma entrega e um reconhecimento de Deus, decorrentes de Uma Visão Impactante da Supremacia da Força de Deus Sobre todos os poderes da terra. Um verdadeiro adorador sabe que Deus é maior e acima dele não há nada. Nada é maior que Deus e nada deve ocupar o seu lugar de importância em nossa vida. Qualquer atitude que seja contrária a esse poder imenso de Deus deve ser logo abandonada . 

Filipenses 1.27-30

O Que Ocorre Quando Eu Combato o Mesmo Combate de Cristo?

(Culto da Manhã – Setembro2019 – IP Tatuapé)
Filipenses 1.27-30
Introdução
A Carta aos Filipenses apresenta o profundo paradoxo da alegria em meio as lutas. Enquanto ela insiste em nos conclamar à “alegria constante no Senhor”, ela nos diz que vivemos em situação de combate, como Cristo e devemos ter, nele o maior exemplo de como viver em meio às circunstâncias de perda. 
Os versos 12 a 20, do capítulo 1, temos as afirmações que apontam para o fato de que ele estava preso quando escreve essa carta: 
Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as coisas que me aconteceram têm, antes, contribuindo para o progresso do evangelho de maneira que as minhas cadeias em Cristo, se tornaram conhecidas de toda a guarda pretoriana e de todo os demais e a maioria dos irmãos, estimulados no Senhor por minhas algemas, ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus (Filipenses 1.12-14). 
Não quero desprezar a importância da informação sobre o local onde Paulo estava preso quando escreveu essa carta. Mas neste momento, quero apenas mostrar a importância deste fato para a compreensão do conteúdo desta carta. Paulo também já havia, bem no início do seu ministério sido preso na própria cidade de Filipos, após curar uma moça que adivinhava fatos através de uma possessão demoníaca, local onde ele e Silas alcançaram para Cristo o próprio Carcereiro que os tutelava em sua casa. 
Nesta carta, Paulo fala do seu passado como fariseu e toda as vantagens que aquela posição lhe havia dado privilégios entre os seus patrícios, mas também como ele deixou tudo para ter a Cristo e viver com Ele, sendo achado nele. 
Aqui, também, Paulo menciona a possibilidade de viver contente em toda e qualquer situação, seja em momentos positivos de ganho, ou momentos angustiosos de perda e sofrimento. 
Portanto, podemos notar que Paulo está disposto a dar à essa carta esse peso paradoxal de como é POSSÍVEL CONSTRUIR FELICIDADE EM MEIO AO SOFRIMENTO, desde que, o MOTIVO DO SEU SOFRIMENTO SEJA A EXALTAÇÃO DE CRISTO COMO SENHOR DE SUA VIDA. 
Perceber e demonstrar o senhorio de Cristo em nossa vida é a experiência mais abençoadora que o crente pode desfrutar nesta terra. Mas nem todos estão prontos para compreender e vivenciar essa graça. Aliás, podemos dizer que, num certo sentido, boa parte dos crentes nem sabe que patamar de fé é esse, pois preferem viver na periferia da relação com Deus e adentrar as profundezas do verdadeiro significado do VIVER COM E PARA CRISTO! 
O ponto ao qual buscamos nesta manhã é esse: COMO EU E VOCÊ PODEREMOS DESFRUTRAR DESTE PATAMAR ELEVADO DE FELICIDADE A PARTIR DO COMBATE QUE ENFRENTAMOS NA VIDA? 
A resposta mais importante que este texto dará à você essa manhã é que QUANDO VOCÊ COMBATE O COMBATE DE CRISTO VOCÊ VIVENCIA COISAS MARAVILHOSAS DA PARTE DE DEUS, AS QUAIS SÓ PODEM SER EXPERIMENTADAS EM MEIO À ESSA LUTA PELA FÉ. 
Portanto, se seu desejo nesta manhã é o desta vida em um patamar superior e um desejo de identificação profunda com Cristo, eu te convido a abrir o seu coração para a Palavra nesta manhã e deixar a Palavra te ler e revelar a você seu próprio coração e transformá-lo. Prepare-se para lutar!!

Quando Combatemos o Mesmo Combate de Cristo – Ocorre Um Processo de Dignificação do Evangelho
O primeiro ponto que desejo explorar neste texto é este, que O CHAMADO CRISTÃO é uma convocação para a vida em patamar superior, em prol do evangelho do Cristo. Quando você decide empenhar sua vida neste novo patamar, ocorre um PROCESSO DE DIGNIFICAÇÃO DO EVANGELHO através da sua vida. 
Vivei, acima de tudo, por modo digno do Evangelho de Cristo, para que, ou indo ver-vos ou estando ausente, ouça, no tocante a vós outros, que estais firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica (Filipenses 1.27).
Vivei, acima de tudo, por modo digno do Evangelho de Cristo – A Dignificação que ocorre a partir do meu modo de vida em combate– primeiro deixe me explicar uma coisa: não se trata de conferirmos dignidade ao Evangelho, porque a verdade é digna em si. O ponto de Paulo é que a vida do crente deve espelhar essa dignidade que existe na mensagem da verdade, da boa nova da realidade em Cristo Jesus. O modo de vida dos crentes, revelam para todos os demais, as profundas percepções que o evangelho causa em nossa mente, a ponto de nos levar a viver um padrão superior que mostra a importância da fé evangélica par a nossa vida. 
Eis o ponto, irmãos, Paulo esperava que a vida dos crentes, quando compatível com a grandeza do evangelho, repercutiria entre todos o que é essa fé evangélica e o que ela pode produzir na vida de um homem. Por isso, é que é tão importante que tenhamos mais disposição para compreender e empreender a compreensão da ideia transmitida nas seguintes palavras: ACIMA DE TUDO
Outra coisa, a própria palavra VIVEI(polieusatai), que indica a vida em meio às demais pessoas, a vida em sociedade, a vida cidadã na polis, nos dá a dimensão do que realmente Deus espera daqueles que estão em Cristo: que saibam viver a fé evangélica em meio à realidade temporal e não releguem o seu evangelho para alguns dias e locais de uso da semana. 
Acima de tudo vivei de modo digno do evangelho para que todos os demais vejam em vocês o evangelho e o que ele faz a um homem.   

Firmes em um só espírito, como uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica - Dignificação que ocorre a partir do fortalecimento da comunidade de fé– Aqui minha alma está cheia de temor. Afinal, podemos notar que a dignificação do Evangelho ocorre dentro de um processo de unidade e fortalecimento da comunidade de fé e esse é um ponto em que encontramos muitas brechas na vida de muitos crentes e muitas igrejas, pois encontramos uma utilização pessoal da Igreja e não uma busca coletiva como marca da vida cristã de muitas pessoas. E parecem que, em boa parte dos casos, as pessoas não estão nem um pouco interessadas em repensar essa incongruente e pobre vida cristã solitária. 
Mas, o fato que devemos observar como o desejo de Deus para nós é que a NOSSA UNIDADE REVELE AO MUNDO A DIGNIDADE DO EVANGELHO. O Evangelho pode produzir um verdadeiro amor e uma verdadeira unidade e força. Comece ainda agora a reavaliar suas premissas cristãs, mas não deixe de buscar combatendo a si mesmo. Você precisa ser mais forte para lutar contra si mesmo!

Quando Eu Combato o Mesmo Combate de Cristo – Ocorre Um Processo de Rompimento das Forças Inimigas do Evangelho
Nos dias de Paulo, a prisão era uma forma de intimidação ao Cristianismo. Tantas histórias antigas nos falam de como a sociedade sem Cristo buscou silenciar a voz do Evangelho por meio de prisões e castigos físicos. Esse era o sistema da intimidação. Hoje, claramente, a estratégia é mais sutil, mas tem a mesma finalidade: perseguir e intimidar os que vivem com e para Cristo. Existe uma lógica na mente do homem sem Cristo de que o medo poderá parar o Evangelho. 
E de que em nada estais intimidados - O Rompimento do Círculo do Meu Medo– Paulo deseja ouvir dos demais que os crentes de Filipos eram guerreiros destemidos em combate, que viveriam acima de tudo de modo digno do Evangelho e jamais seriam pressionados pelo medo. O homem que crê em Cristo verdadeiramente, sabe que o seu amanhã será melhor se estiver com Cristo e cada dia vivido sem a presença marcante da luta de Cristo e por Cristo é um dia vazio de significado eterno. 
O que pare eles é prova evidente de perdição é para nós de salvação - O Rompimento da Lógica Perversa da Perdição– Mais uma vez, o que Paulo deseja é que a vida do crente revele ao mundo as falácias da sua ideia existêncial. Aqui, ele está falando do fato de que o crente que está em combate, muitas vezes, parece estar perdendo o jogo. O próprio Paulo é um bom exemplo, pois muitos achavam que aprioná-lo iria silenciá-lo. Mas, ao contrário, até mesmo o carcereiro que os tutela, assim como os soldados romanos que vigiavam a sua prisão enquanto escrevia essa carta, estavam percebendo que a fé vence o medo e o amor a Cristo e aos irmãos lançam fora o medo. 
Da parte de Deus - O Rompimento da Barreira Que Impede a Comunhão Com Deus– para Paulo toda essa disposição para a luta pela fé evangélica vinha da comunhão que o crente tinha com Deus, enquanto combate. Sim, quando combatemos o combate de Cristo, SOMOS FORTALECIDOS COMO UMA COMUNIDADE DE FÉ E DESFRUTAMOS DE UMA CERTEZA, DE QUE DEUS ESTÁ AO NOSSO LADO.  

Quando Eu Combato o Mesmo Combate de Cristo – Ocorre Um Processo de Identificação Graciosa Com Cristo
Poucos conseguem ver o fato de que o nosso maior privilégio nesta vida como cristãos é o de poder revelarmos ao mundo o senhorio de Cristo sobre a nossa vida. O maior presente que Deus nos deu não é o de sermos libertos do Inferno, mas o de podemos ver Cristo sendo formado em nós e de mostrar isso ao mundo. 
Porque vos foi concedida a graça de padecer por cristo e não somente crer nele - Identificação Pessoal Com as Lutas de Cristo– Esse é um processo gracioso, porque é um privilégio que nos é dado sem nenhum merecimento da nossa parte. Paulo está pronto para nos levar a mais um paradoxo, pois a fé tem um elevado alvo de nos fazer maduros o suficiente para saber exatamente o que Deus espera de nós. E ele não espera de nós apenas um comportamento exterior, baseada em mecanismos litúrgicos de fé. Ele deseja que nossa fé nos leve à identificação com Cristo em todas as suas lutas também. Lutar contra o pecado, contra a ideia de uma vida meramente biológica e social, que nada produz senão coisas temporais. Nossa fé estará madura quando estivermos prontos a perder tudo para ter a Cristo. 
O mesmo combate que viste em mim e, ainda agora, ouvis que é meu - -Identificação Pessoal Com as Lutas de Todos Que São de Cristo– Paulo coloca a sai mesmo como um bom exemplo a ser seguido. Ele diria isso mais tarde no capítulo 3.17, mas amplia o leque para que olhemos para tantos quantos estão vivendo esse combate da fé. A ideia de Paulo é que também estes crentes de Filipos, como os da guarda pretoriana e outros tantos, mencionados no capítulo 1.13-14, sejam estimulados a VIVER DE MODO DIGNO DO EVANGELHO PARA QUE O EVANGELHO SEJA CONHECIDO NA VIDA DELES E SE POSSA DIZER O QUE ELE É, PELO O QUE VEMOS ELE FAZER NA VIDA DOS CRENTES. Paulo foi alguém que conseguiu viver assim!  
Hoje em dia é comum ver e ouvir que pessoas buscam identificar com os que são VITORIOSOS, BEM SUCEDIDOS, aqueles que parecem ter vencido qualquer sofrimento nesta vida. Não importa se sua fé é só um faz de conta, baseados em fatos externos, passageiros e pouco significativos do ponto de vista da eternidade. No entanto, Deus está propondo neste texto que busquemos mais que essa confeitaria e desenvolvamos uma fé, madura, profunda, com uma massa vivencial consistente, que produz impacto no mundo. 

Conclusão
Meus queridos irmãos, eu espero que esses seja o cristianismo que eu e vocês desejemos viver neste mundo, o Cristianismo do combate da fé, que consiste em revelar ao mundo o Senhorio de Cristo em nossa vida, a despeito de todos os preços em que isso implicar. Eu espero que em nosso meio encontremos tantos que queiram ACIMA DE TUDO viver para Cristo, a ponto de estarem prontos para perder tudo, se necessário for, para ter a Cristo.
Eu espero ver aqui no Tatuapé uma igreja que identifica na comunhão com Cristo em suas dores e um com o outro nas mesmas dores, a importância do testemunho e jamais busque no afastamento uma solução.
Espero, irmãos, de todo o coração, encontrar aqui destemidos agentes do Evangelho, que deixaram o medo e seguiram o amor a Deus. Espero encontrar essas coisas em mim e em todos com os quais eu caminho na direção do alvo. 
Sigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação em Cristo Jesus (Filipenses 3.14). 
Aplicações para a IPT
Não se deixe conduzir por um tipo de evangelho que faz você ser um mero expectador distante, tentando coletar bênçãos para depois continuar vivendo distante de Cristo. Não engane a si mesmo!
Separe um tempo para estar envolvido em algum ministério que fortaleça os irmãos, no qual você possa fazer parte da luta de forma efetiva. Evite, a todo custo, a vida cristã distante, não se permita encher de desculpas e justificativas. Nada poderá substituir essa vida cristã engajada e vivida em comunhão com a luta dos demais. 
Antes de ir para casa e voltar para sua própria maneira de pensar, lembre-se de que o UM LEÃO NÃO PODE SER DOMESTICADO E TORNADO UM BICHINHO DE ESTIMAÇÃO. Assim, a fé em CRISTO, O LEÃO DA TRIBO DE JUDÁ, não pode ser vivida senão do MODO DO EVANGELHO PROPOSTO PELO PRÓPRIO CRISTO, que implica em PERDA PARA GANHO. 

Oração
Senhor, ajuda-me a crescer na fé e a amadurecer em meu combate da fé. 

1 de setembro de 2019

João 13.34-35

Um Amor Que Marca
(Culto da Manhã – Setembro 2019 – IP Tatuapé)
João 13.34-35

Introdução
O Evangelho de João começa com uma denúncia muito séria: 
“O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1.10-11). 
Os desdobramentos da vida de Jesus levaram-no a Jerusalém para aquela última semana entre os homens e João começa os relatos desta semana no capítulo 12, verso 12. 
As multidões andavam atrás de Jesus e ele lhes falava, mas muitos resistiam às suas palavras. Jesus percebia que sua hora estava se aproximando e, diante de um grupo de gregos que lhe desejava conhecer, exclamou: 
É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem (Jo 12.23). 
Ele exorta a multidão para andar enquanto a luz estava entre os homens (Jo 12.35), mas, como o Evangelho anunciou no início: não o receberam. 
E, embora, tivesse feito tantos sinais na sua presença, não creram nele (Jo 12.37). 
Mesmo aqueles dentre eles que haviam crido, tomavam muito cuidado para não se associar a ele, pois temiam perder suas posições entre as autoridades. 
Porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus (Jo 12.43). 
A estes judeus, os seus que não o receberam, Jesus fez um profundo e sério discurso. Ele os advertiu sobre sua incredulidade e ganância entre os homens: 
Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo que crê em mim não permaneça nas trevas. (...) Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria palavra que tenho proferido, essa o julgará no último dia (Jo 12.48). 
Esse é o discurso que ele havia feito diante dos judeus que o rejeitaram, mas em contraste, agora, ele fala aos seus discípulos num contexto diferente (Jo 13.33). A eles, é dado uma nova ordem, um novo mandamento, o qual será uma marca apresentada a todo o mundo. Eles, sim, diferentemente daqueles que buscavam glória e riqueza entre os homens, como o próprio Judas que acabara de sair para vendê-lo por 30 moedas de prata, a estes seus discípulos, ele tem uma ordem, um novo mandamento, que lhes marcaria como pessoas que verdadeiramente estavam com ele. 
Esse é o ponto em que eu e você somos chamados a refletir, isto é, o ponto de virada em nossa vida é aquele em que precisamos fazer uma escolha sobre o modo como desejamos deixar uma marca neste mundo. 
Precisamos escolher se iremos marcar este mundo por meio de nossa própria vida, ou se desejaremos que o mundo seja marcado com a vida de Cristo sendo refletida na nossa. Revelaremos ao mundo que a nossa vida pertence a Cristo? Ou revelaremos ao mundo, que nosso interesse em Cristo era parcial e focado em nós mesmos? 
Eu e você somos convidados neste texto a pensar sobre as marcas que fazemos no mundo com a nossa vida, especial sobre o modo como nossa vida apontará para Cristo.  
Desejo que você esteja pronto para deixar a sua marca neste mundo. Ao deixa-la você mostrará as marcas que Cristo fez em você, ou não! Você mostrará a todos, aquilo que o próprio Apostolo Paulo também mostrou: TRAGO NO CORPO AS MARCAS DE CRISTO. 

Deixaremos a Marca de Cristo Neste Mundo Quando Possuirmos um Amor Que Produz Um Coração Disposto a Perder Para Obedecer
Jesus havia alertado a todos que o seguem que em muitas coisas seriamos desafiados a perder para poder ganhar. Como vimos a pouco, muitos dos judeus que ouviram as palavras de Jesus, creram nele, mas amaram mais a glória dos homens que a de Deus. 
Novo mandamento vos dou- O verso 34 começa com uma afirmação: MANDAMENTO VOS DOU. Isso implica no fato de que Jesus, em contraste com o que havia dito sobre os judeus, chama seus discípulos a repensarem a respeito do seu interesse nessa vida. Ele os convoca a perceber que é um imperativo uma atitude de obediência disposta a não viver para os seus próprios interesses. 
Que vos ameis uns aos outros– seria neste amor abnegado de um pelo outro que a presença de Cristo seria vista neste mundo. Obedecer seria, portanto, um ato de negação de si mesmo para que o outro veja Cristo em nós. Enquanto os judeus incrédulos se afastam de Cristo por causa da busca de seus próprios interesses, os seus discípulos estão marcando o mundo, vivendo uns pelos outros. 
Meus irmãos, precisamos buscar esse ideal de vida, que implica em tornar a nossa vida útil ao outro. Precisamos buscar um amor a Cristo tal, que sejamos capazes de conduzir o nosso coração a essa disposição mental de tornar o ganho do outro o nosso ganho. 
Se queremos que o mundo seja marcado com a marca de Cristo através  da nossa vida, precisamos deste amor que produza em nós um coração disposto a perder para obedecer a Cristo, deixando com que os outros ganhem.



Deixaremos a Marca de Cristo Neste Mundo Quando Possuirmos um Amor Que Produz Um Coração Disposto a Imitar Jesus
O mandamento que Cristo nos dá de buscar um coração pronto para perder para obedecer é reforçado não pela simples imposição de uma ordem, mas, sobretudo, por um exemplo glorioso. OU seja, Cristo dá um novo mandamento, que está fortemente baseado no seu próprio exemplo. 
Assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros (Jo 13.34b). 
Assim como (kathôs) eu vos amei– A palavra grega usada para esse advérbio, carrega a ideia de “do mesmo modo”, isto é, Jesus deseja que eles percebam o que ele fez por eles e sejam impactados pelo seu exemplo. Momentos antes, ele havia lavado os seus pés e lhes dito que deveriam seguir o seu exemplo: 
Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também (Jo 13.15). 
Kathôs aponta para o desejo de que o exemplo seja seguido na mesma intensidade e com os mesmos propósitos. ÀS vezes, é comum que as pessoas queiram imitar Jesus não com o mesmo propósito, que é realmente a busca do bem do outro, mas buscam a si mesmos. Na última semana, parece que esse era o contexto da mensagem que ouvimos sobre Ananias e Safira. Eles não buscavam, de fato, o interesse da coletividade. A venda do campo de Barnabé e a entrega de valores aos pés dos apóstolos visava a coletividade. Mas Ananias e Safira visavam proeminência do seu próprio nome. Esse é o ponto: ASSIM COMO EU VOS AMEI.   
Que também vos ameis uns aos outros– a reciprocidade do amor na coletividade Cristã é baseada no desprendimento pessoal. Eu não posso fazer você me amar, mas eu posso decidir que irei te amar. Não se trata de que eu te ame, para que você me ame, mas de que eu desejo imitar Cristo, que me amou, mesmo sendo eu um inimigo seu. 
Quando dois de nós tiverem um coração disposto a “imitar Jesus” os dois ganharão, porque terão alguém que seja capaz de lhe amar como Cristo o amou. Irmãos, precisamos que nosso amor a Cristo produza em nós um coração assim disposto a imitá-lo. Deixaremos uma marca duradoura na vida das pessoas, quando nosso amor alcançar essa graça, a de buscar IMITAR JESUS. 
Como seria o mundo caso os filhos de Deus estivessem assim dispostos?

Deixaremos a Marca de Cristo Neste Mundo Quando Possuirmos um Amor Que Produz Um Coração Disposto a Revelar ao Mundo Quem é Jesus
Alguns dias depois deste discurso e após a sua morte e ressurreição, Jesus se encontraria novamente com esses discípulos para lhes dizer: IDE POR TODO O MUNDO E PREGAI O EVANGELHO A TODA CRIATURA. Desta forma, ele encheria o mundo da BOA NOVA, da mensagem do Reino e da vida do reino. 
Claro que essa pregação que o mundo ouviria seria corroborada pela ilustração que cada cristão daria a partir de seu próprio exemplo. Esse é o ponto central da palavra de Jesus no verso 35.
Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros (Jo 13.35). 
Nisto conhecerão (Ginosko) todos– logo a seguir, Pedro será advertido sobre o fato de não ser capaz de sustentar diante das pessoas que ele andava com Jesus: 
Darás a vida por mim? Em verdade, em verdade te digo que jamais cantará o galo antes eu me negues três vezes (Jo 13.38). 
Pedro não foi capaz de vivenciar Cristo diante das pessoas e falhou! Portanto, precisamos considerar que nessa prática abnegada de amar o outro como Cristo nos amou, precisamos ter um coração que esteja maduroe pronto para REVELAR CRISTO AO MUNDO! 
Que sois meus discípulos– a associação e a comunhão com Cristo foi o tema da negação de Cristo por parte de Pedro. Afirmaram dele que era um dos que estava com Cristo e ele respondeu: NÃO CONHEÇO ESTE HOMEM. O que você acha de um cristão se comportando assim. Bem, ao que podemos compreender do texto, todas as vezes que nos negamos a amar uns aos outros como Cristo nos amou, estamos afirmando: NÃO CONHEÇO ESTE HOMEM. 
A associação e a comunhão com Cristo são verdadeiramente atestadas na nossa disposição de revelar Cristo ao mundo em nossa disposição de amar uns aos outros. Como disse Francisco de Assis: Pregue! Se necessário, com palavras! 
Se tiverdes amor uns aos outros– nestes dois versos temos algumas expressões que se repetem: amar uns aos outros. Quando olho ao redor e leio este mandamento, eu compreendo o tamanho da minha responsabilidade e do meu privilégio. Eu posso revelar Cristo ao mundo e todos saberão que eu sou seu discípulo e vivem em comunhão com ele, por meio da sua vida. 
Neste sentido, todos vocês são uma bênção para minha vida. Eu posso alcançar o mais elevado padrão de existência, oferecendo a vocês um amor que imita a Jesus, que obedece a Jesus e que REVELA JESUS. 
Quando os vizinhos vêm o marido amando a esposa como Cristo amou a Igreja; quando vêm a mulher vivendo para o seu marido como Cristo viveu para a Igreja; quando as pessoas nos virem amando ao próximo; quando a igreja for humilde no seu amor aos não crentes etc. Eles aspirarão o ar onde nós estamos o perfume que sentirão não é o nosso! Eles sentirão o perfume de Cristo!! Louvado Seja Deus! 
Precisamos de um amor que produz em nós um coração assim disposto a revelar Cristo ao mundo. Essa é a marca que precisamos deixar neste mundo: QUE CRISTO ESTÁ AQUI! 

Conclusão
  
Você pode se posicionar de duas formas: VOCÊ PODE PENSAR SOBRE AS DIFICULDADES PARA TER UM CORAÇÃO ASSIM DISPOSTO. E isso pode ser uma maneira de seu coração se convencer em não viver assim para Cristo. Mas você pode CONFIAR QUE CRISTO É CAPAZ DE PRODUZIR ESTE CORAÇÃO EM VOCÊ. Então, você poderá se dispor a buscar em Cristo essa graça. 
Olhe ao redor e o que você vê? Dificuldades, pessoas difíceis e situações absolutamente complexas? Você está certo! É isso que somos! Mas, este é o ponto: é por isso, que Cristo é revelado ao mundo é por isso, que precisa ser um ato de obediência é por isso que precisamos de disposição para imitar. Porque não é fácil, não é natural! MAS É POSSÍVEL!! 
Olhe ao seu redor e veja a oportunidade de viver como Deus espera que você viva. Esse é um discurso não para os judeus incrédulos, mas para discípulos crentes, que tomam o pão e o vinho como FILHOS DE DEUS. 
Que Deus nos ajude e nos mostre a sua vontade.