23 de fevereiro de 2020

1 Pedro 2.9-10

Os Deveres do Povo de Deus
1 Pedro 2.9-10

Introdução
Apenas dois versos de transição na carta, mas de uma imensa profundidade. Aqui, Pedro sai da definição de quem somos para o ponto importante do que iremos fazer a partir daí. 
Note que a construção do primeiro capítulo vai muito na direção de construir uma mentalidade que nos estimule a pensar que em Cristo somos filhos de Deus, que devem viver em obediência para a glória de Deus e edificação de um testemunho neste mundo do Reino: A IGREJA.
Se você olhar para os textos que seguirão  após o verso 10, você verá que eles tratam da vida prática entre os homens ímpios, no nosso lar, na sociedade como um todo, mesmo quando ela te persegue, procurando manter o bom exemplo de Cristo neste mundo e ajudando uns aos outros nas lutas que seguem com a vida. A carta termina de uma forma maravilhosa falando sobre o pastorado do exemplo entre os filhos de Deus e os conselhos sobre resistir aos dias maus e ao maligno. 
Voltando aos nossos dois versículos, eles irão tratar exatamente destas duas janelas do entendimento do Cristianismo: QUEM SOMOS E O QUE DEVEMOS FAZER. Em minha leitura, eu identifico que Pedro considerou que a falta de CONSCIÊNCIA da IDENTIDADE CRISTÃ é um fator importante para o fracasso de muitos crentes na caminhada com Cristo. Também, ao que me parece, ele percebeu que muitos CRENTES NÃO VIVEM PARA DEUS E DESISTEM DA CAMINHADA, porque não compreenderam que NÃO CAMINHAM, NÃO VIVEM PARA SI, MAS PARA FAZER A VONTADE DAQUELE QUE OS CHAMOU. Por fim, parece ser muito duro, mas é importante ouvir, Pedro parece ACUSAR OS CRENTES DE DESPREZAR A GRAÇA, quando não vivem o que precisam VIVER PARA AQUELE QUE OS COMPROU COM SEU PRÓPRIO SANGUE.
Nesta manhã este é o desafio diante do espelho da Palavra de Deus: ENXERGAR QUEM SOMOS, DEFINIR NOSSO MISSÃO NO MUNDO  e CONSIDERAR O VIVER PELA GRAÇA COMO UM DEVER. Não cumprir os nossos deveres é ser ingrato e um perdido no mundo.  

Como Povo de Deus Temos o Dever de Saber Quem Somos Para Deus

Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus (1Pe 2.9a)

Pedro acabara de definir a vida cristã de muitas formas. Logo no início: ELEITOS SEGUNDO A PRESCIÊNCIA DE DEUS. O que implica em uma visão muito importante sobre os propósitos de Deus. Homens e mulheres destinados a receber uma imarcescível herança nos céus, para o que, devemos resistir perseverantemente enquanto aguardamos a sua chegada. Devemos viver como filhos da obediência, porque somos definidos pela natureza do nosso Pai Santo e devemos construir uma irmandade de fé, como um edifício de Pedras vivas, que se purificam na Palavra. 
Pedro, agora, fecha essa sessão, nos proporcionando uma reflexão que nos levará a pensar sobre tudo isto em quatro qualidades que precisam penetrar a nossa mente e nos fazer conhecer de fato quem nós somos.
Vós, porém sois raça eleita – enquanto muitos tropeçam na Palavra, que e Cristo, a Pedra Angular (1Pe 2.8), nós fomos amados e chamados por Deus para compromissos de obediência que vão além do nosso querer. Ele está nos dizendo que, enquanto muitos caminham neste mundo sem Cristo, sem obedecer a Deus, nós fomos chamados e escolhidos para viver em obediência à Palavra de Deus. 
Essa escolha divina nos responsabiliza, afinal, se o Criador de tudo nos escolheu, quem somos nós para dizer que não o queremos? Que não aceitamos a sua escolha? Que temos mais o que fazer, que temos outras prioridades, que temos outros compromissos? Você já parou para pensar no tamanho da ofensa que fosse faz a Deus quando se permite viver assim, a despeito do caminho de Deus. 
Seu dever e o meu é honrar esse chamado e humildemente seguir a vontade soberana do Senhor. 
Vós, porém, sois sacerdócio real – temos um dever para com este mundo enquanto cristãos e o dever de ser uma nação sacerdotal. Aqueles, por causa de quem, o Rei mantém a sua misericórdia e aqueles que intercedem pelo mundo e pelas causas daqueles que estão no mundo, diante de Deus. Somos testemunhas do Reino de Cristo e aqueles que suplicam dia e noite para que este reino e sua vontade seja feita na terra como é no céu. Aqueles que choram pelo pecado do povo, como Daniel o fez, que confessam pecados da humanidade, com dor no coração, ao saber do juízo de Deus. 
O sacerdócio dos crentes é mais que um privilégio pessoal é um dever. Você tem este dever para com a sua família! Temos este dever para com nossos amigos, crentes e descrentes! Temos este dever para com a cidade na qual o Senhor nos colocou. Precisamos ser tais quais aqueles que se sacrificam diante de Deus pelo povo. Nosso compromisso com Deus, abençoa a nação na qual vivemos! Não podemos nos esquecer!!
Vós porém, sóis nação santa – fomos chamados à pureza, à santificação... porque estas são as únicas maneiras de cumprir o nosso dever. Deus não nos receberá como sacerdotes sem que nossas vestes estejam limpas, purificadas no sangue de Cristo. O Evangelho é pregado melhor, quando nossa vida ilustra o que estamos dizendo ao mundo. Com um evangelho pobre, sem a vida do crente, não cumpriremos nosso dever neste mundo e falharemos em resgatar vidas para Cristo. 
Vós, porém, sois povo de propriedade exclusiva de Deus – ninguém mais pode tomar nossa vida e usá-la, nem nós mesmos. Aqui há duas coisas importantes: A EXCLUSIVIDADE E A EXCLUSIVIDADE DA COLETIVIDADE. Precisamos pensar seriamente nas duas coisas. Precisamos considerar que nossa vida como POVO DE DEUS, nos faz partícipes da vida um do outro. Somos um edifício de pedras viventes, cuja vida vem de Cristo e pertence a Ele. Precisamos considerar que este é o nosso chamado prioritário, isto é, nossa missão neste mundo é VIVERMOS EM COLETIVIDADE PARA DEUS, PORQUE PERTENCEMOS A ELE. Você não somente pode ver a si mesmo como FILHO DE DEUS, deve ver isso no seu irmão e sem ele você não é completo. Você não pode, jamais, colaborar para que ELE CAIA! Para que ELE FRACASSE! ISSO NÃO É O CORPO, ISSO NÃO É O POVO DE DEUS. Quem fizer isto se ajustará com o próprio Deus: UM REINO DIVIDIDO NÃO PODE SUBSISTIR.   
Precisamos, portanto, saber QUEM SOMOS EM CRISTO! Precisamos que tal consciência nos habilite a pensar a vida num patamar diferente. Precisamos de humildade para seguirmos juntos neste propósito de dar realidade a tudo o que Cristo fez por nós na CRUZ. 

Como Povo de Deus Temos o Dever de Saber o Que Deus Quer Que Façamos Neste Mundo

A fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz (1Pe 2.8b).
Existe um ditado que diz que “para quem não sabe aonde vai, qualquer caminho é bom”... acho que podemos pensar sobre isso no que diz respeito a vida cristã: QUEM NÃO SABE O QUE DEVE FAZER PARA CRISTO, QUALQUER VIDA CRISTÃ SERVE. Este tem sido o erro de muitos, que não conseguem ter o discernimento do propósito do povo de Deus no mundo. 
A fim de – senso de finalidade é fundamental para o nosso crescimento na fé e o desenvolvimento de um envolvimento com a obra de Deus pró ativo e definitivo. Talvez sua falta de entusiasmo com coisas da fé, não seja mesmo pelos motivos que o seu coração alega, como “falta de tempo”, “inabilidades”, “problemas com a igreja” etc; para pensar que seu problema com a falta de disposição com as coisas do Reino de Deus pode estar na sua FALTA DE SENSO DE FINALIDADE... você nem sabe o que é ser e para que ser um cristão. 
Proclamar as virtudes daquele que vos chamou – em primeiro lugar pensemos no desvio comum de pessoas que acreditam que o seu cristianismo é só um modo de mostrar aos outros suas próprias qualidades. Buscam a Deus muito mais para provar para si mesmos e para outras pessoas o quanto possuem a espiritualidade. O que revelamos em nossa caminhada cristã, quando ela é verdadeira, o quanto Deus é Santo, Justo e Bom... as virtudes dele é que são ressaltadas. 
Vos chamou das trevas para a luz -   Precisamos também considerar, quanto a isso, o fato de que proclamamos estas virtudes não somente com palavras, mas com o nosso viver. AS virtudes de Deus aparecem ao mundo, ilustradas na nossa maneira peculiar de viver na presença de Deus. Para Pedro a vida cristã revela exatamente a luz em que estamos inseridos por causa de Cristo. O nosso modo peculiar de vida diante de Deus mostrará a todos que, enquanto o mundo jaz em trevas, a maldade cresce entre os homens, no reino de Deus, na Igreja que é o Corpo de Cristo, a luz se espalha e se torna uma marca fundamental.
Crentes precisam saber que foram postos neste mundo para mostrar ao mundo a face visível do Reino de Cristo. Precisamos revisitar este nosso senso de finalidade e dizer a nós mesmos que DESEJAMOS QUE CRISTO SEJA VISTO EM NÓS, que as virtudes de Deus apontem para o Cristo em nós. O Evangelho é a vida de Cristo na vida do Crente.  

Como Povo de Deus Temos o Dever de Conhecer o Que é Viver Por Causa da Graça

Vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, agora, sois povo de Deus, que não tínheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia (1Pe 2.9). 

Pedro encerra essa transição na sua carta com um apelo ao coração dos crentes, ao seu sistema interno de justiça. Ele os convoca a considerarem o fato de que a GRAÇA DE DEUS E SUA MISERICÓRDIA SÃO AS CAUSAS DE NÃO SERMOS DESTRUÍDOS. 
Pedro convocava seus leitores e Deus nos convoca a pensar com profunidade sobre o fato de que TUDO O QUE SOMOS, SOMOS PORQUE ELE NOS AMOU E DEU SEU FILHO EM NOSSO LUGAR E POR QUE CRISTO NÃO NEGOU A SUA PRÓPRIA VIDA PARA QUE NÓS TIVÉSSEMOS A NOSSA VIDA. 
Vós sim – aqui ele reforça que somos nós, os que somos raça eleita, sacerdócio real, a nação santa, o povo de propriedade exclusiva de Deus; nós temos essa responsabilidade, a de lembrar que tudo isto que somos tem uma fonte. 
Não éreis povo, mas agora sois povo de Deus – o estado da nossa relação com Deus foi complemente mudado. Agora somos povo de Deus, porque ele nos chamou das trevas para a luz. Ele nos fez seu povo, ele nos deu essa graça.
Não tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia – Nesta frase paralela à anterior se destaca o principal ponto: A MISERICÓRDIA, que é uma expressão do amor de Deus, da sua maravilhosa graça. Este é o ponto de Pedro: RECONHECER A GRAÇA É O FUNDAMENTO DA NOSSA JORNADA. 
Precisamos aprender a vida de gratidão, que é a vida na graça. O crente não vive para Deus para alcançar nada, mas por usa profunda consciência de que a GRAÇA DE DEUS é a vida. A TUA GRAÇA É MELHOR QUE A VIDA!!!
A falta desta gratidão pela graça destrói a fé, destrói a alegria cristã, impede a caminhada e nos leva a vidas vazias diante de Deus. Nos leva à desejar comida dos porcos, como uma coisa boa. O filho volta para a casa do Pai e a maior lição que ele aprende é que tudo o que tinha e que ainda tem é a fruto do AMOR GRACIOSO DO PAI. 
Não sou digno de ser chamado teu filho! Mas não importa, você é meu filho, diz o Pai!  


Conclusão

Quem não sabe aonde está indo e o que irá fazer, pode fazer qualquer viagem para fazer qualquer coisa. A sua vida cristã não pode continuar seguindo assim! Você não pode ser o assassino do seu chamado em Cristo! 
Estar em Cristo não é uma segurança estática, que apenas me confere um título de cidadão do reino dos céus para aguardar a vinda de Cristo. Estar em Cristo, implica em viver a vida que Cristo quer que eu viva. Deixar de viver para Cristo é viver para mim e viver para mim é morrer para Cristo. Basta lembrarmos das palavras dele:
Quem quiser, pois,  salvar a sua vida, perdê-la-á; e quem perder a sua vida por causa de mim e do evangelho salvá-la-á! (Mc 8.35). 
Palavras que combinam muito bem com os dias de Pedro e combinam muito bem com os nossos dias. Precisamos tomar decisões e elas nos levarão a confrontar a nós mesmos muitas vezes, mas precisamos nos dispor a assumir QUEM SOMOS, O QUE VIEMOS FAZER E O FAREMOS POR GRATIDÃO ÀQUELE QUE DEU A VIDA POR NÓS. 




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!