19 de novembro de 2009

Sermões em Gênesis - A Redenção em Cristo

A REDENÇÃO EM CRISTO
Sermões em Gênesis com a Perspectiva Cristocêntrica
Como pastor e pregador da Palavra, tenho me desafiado a falar de Cristo às pessoas e a pregar sua mensagem em todas as partes da Escritura. Devo muitas dessas reflexões ao teólogo e escritor, Sidney Greidanus, que, por meio de duas de suas obras, me estimulou neste mister (Pregando Cristo a partir de Gênesis e Pregando a Cristo a Partir do Velho Testamento, ambas da Editora Cultura Cristã).
Desejo pregar um pequena série de Sermões em Gênesis conciliando a pregação do período litúrgico do Advento, com mensagens que visam reconhecer a presença do Cristo na mente das personagens bíblicas, cujas vidas foram descritas no livro de Moisés.
Obviamente, tratamos termo "Cristo" ou "Messias" do seu ponto de vista técnico, como compreendido pelos escritores do Antigo TEstamento, que criam que um ente régio, viria para ser o Rei de Israel e estabelecer um Reino de Justiça e Paz.
Na verdade, nos primórdios da história humana e da semente de Adão, observaremos os efeitos da promessa de Gênesis 3.15 sobre a Escrita de todo o Livro.

"Porei inimizade entre tie a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar"
Gênesis 3.15
Após a descrição da Criação e o modo como o homem veio a cair, distanciando-se de Deus, o SENHOR apontou o caminho que adotaria para a restauração do homem, a obra da Redenção.
A primeira fala redencional de Deus é o texto de Gênesis 3.15. Neste texto, destacamos alguns aspectos muitíssimo importantes sobre a esperança redencional que se segue em todo o livro de Gênesis.

REDENÇÃO ATRAVÉS DE UM HOMEM
O primeiro aspecto que desejo destacar é que o "Descendente" da mulher seria o destruidor do mal que passou a dominar a natureza do homem, agora considerado, um ser morto espiritualmente.
Um libertador é prometido ao homem, este nasceria da mulher, e esta esperança renovou a visão de Adão acerca de sua mulher. Quando Adão voltou-se para Eva, lhe chamando assim "Havah" (Gênesis 3.20), o que o homem enxergou em sua mulher foi a sua missão de ser o veículo, por meio do qual, Deus traria ao mundo o "Libertador".
Paulo, tratou essa visão nas seguintes palavras: "E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. Todavia, será preservada através de sua missão de mãe, se ela permanecer em fé, e amor, e santificação, com bom senso" (1 Timóteo 2.14-15).
Desde este momento, a atenção à "descendência", àqueles agentes humanos que seriam potencialmente a resposta de Deus à promessa de Gênesis 3.15, se tornou ponto central das expectativas de todos os homens e mulheres da semente de Deus. Disto, decorre a estruturação de Gênesis nas genealogias e na relação entre promessa de Deus, nascimentos de filhos e preservação das famílias.


REDENÇÃO ATRAVÉS DE UMA LUTA DE SANGUE
Um outro aspecto importante do projeto redencional é que o preço a ser paga para a restauração era extremamente elevado. O texto de Gênesis 3.15 deixa claro este aspecto ao vaticinar: tu lhe ferirás o calcanhar e Ele te ferirá a cabeça.
A ferida causada pelo Diabo ao Descendente da mulher seria o preço a ser pago para a vitória redencional final. Na verdade, Moisés irá desenvolver este tema de forma ainda mais clara no livro do Levítico, quando apresentar a Lei de Deus e o serviço sacerdotal, em particular o holocausto. No entanto, o livro de Gênesis também vemos refletida essa visão de que a vitória da semente da mulher exigiria um preço elevado.
Embora devamos reconhecer que não existem muitos elementos para definir os motivos que levaram Caim e Abel a ofereceram sacrifícios a Deus. Entretando, o de Abel agradou a Deus, sendo que sua oferta envolvia a morte de um animal, o que pode indicar a visão clara do preço de sangue que se fazia necessário.
Da mesma sorte, Noé, que era lavrador como Caim, levantou um altar, mas nele ofereceu um holocausto ao SENHOR. O que aconteceu também com Abraão que fazia sacrifícios regulares a Deus e em sua maior provação, a morte de seu único filho com Sara seria sacrificado.
É muito importante que aprendamos que estes conceitos perpassam a escrita do livro, nos mostrando o quanto a promessa de Gênesis 3.15, tornou-se fundamental para desenvolvimento da mensagem messiânica e a espera redencional do povo de Deus nos primórdios da vida de fé.
REDENÇÃO ATRAVÉS DE UMA ESPERA CONFIANTE E CHEIA DE AMOR
Por fim, destaco um elemento que podemos considerar implicito ao texto. Na verdade, o texto não lhe faz menção direta, entretanto, pode se inferir naturalmente que, a partir do momento em que Adão e Eva ouvem a palavra de Gênesis 3.15, passaram a esperar por sua concretização.
Esta espera foi o exercício de fé a que Deus submeteu a humanidade caída na expectativa da concretização da promessa da redenção. Desde então, os homens de Deus foram chamados a viver por fé. Esta espera de fé, ou em fé, exigiu a manifestação do sentimento mais glorioso de todos, o AMOR A DEUS.
O amor seria, mais tarde no pentateuco, conhecido como o grande resumo da Lei de Deus. Paulo apontaria a fé, a esperança e o amor como as grandes virtudes da vida cristã.

SERMÃO 1 - CRISTO - ESPERANÇA NOSSA!
Aprendendo a Esperar o Tempo de Deus
Gênesis é um livro sobre a esperança. A promessa fundamental, Gênesis 3.15, produziu um tipo de homem diferenciado: aquele que sabe esperar.
O apóstolo Paulo definiu muito bem a visão messiânica da Igreja neo-testamentária ao afirmar que Cristo é a nossa esperança.

Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, pelo mandato de Deus, nosso Salvador, e de Cristo Jesus, nossa esperança
1 Timóteo 1.1
O Descendente da mulher seria o ente humano escolhido, autorizado e capacitado para vencer o mal que passou a submeter o homem e o seu relacionamento com Deus, com o próximo e com o próprio cósmos.
Gênesis descreve a esperança que os homens da linhagem adâmica colocaram na concretização da promessa de vinda deste ente-régio, que os libertaria. Ou seja, na verdade, aguardavam a redenção do gênero humano e de toda a Criação.
Um bom exemplo desta esperança está na atitude de Adão logo após a queda, quando decide dar um nome à sua mulher e a chama: Eva. Possivelmente, o nome deriva-se do termo Hawah que siginifica "vida".
Em seguida, a própria Eva demonstra essa mesma esperança quando nasce seu primeiro filho, Caim.
Ela diz: adquiri um varão, com o auxílio do SENHOR. Ela não diz: adquiri um filho, mas aponta para este filho como "varão", um novo Adão. Essa afirmação de Eva nos mostra que havia expectativa latente no coração humano pela redenção que deveria se realizar pelo nascimento de um homem.
O problema com a esperança é quando as coisas não acontecem na direção que nos parecem mais naturais. Isso aconteceu em Gênesis de uma maneira dramática no capítulo 4.
Nascidos e já adultos os dois primeiros filhos de Adão expressam conhecimento de Deus, entretanto, assim como no Éden, o primogênito, Caim, foi tentado, admoestado a não cair, caiu, trouxe morte ao mundo perguntado sobre a falta de Abel, rebeldia e fuga, sua relação com a terra é amaldiçoada e foi banido. Na verdade, o que assistimos no relato de Gênesis 4 é um banho de água fria nas pretenções redencionais de Adão.
Novamente, a história do pecado se repete. A confusão toma lugar na vida da família adâmica e Deus vem ensinar ao ser humano que a Redenção não é uma obra simples, mas uma grande luta, como já dissemos, luta de sangue. Por isso, se diz: o sangue de Abel clama!
Toda a espera pela Redenção experimentaria este tipo de revez. Desde os tempos de NOé, em que o mundo em lugar de seguir na direção de Deus, afastou-se e desagradou tanto ao SENHOR, até Babel, quando os homens deram preferência a construir o seu próprio reino, em lugar de buscar o Reino de Deus e de seu Messias.
Abraão é escolhido para dar continuidade à semente santa, mas sua mulher é estéril. Isaque tem a luta entre os irmãos para enfrentar e Jacó, precisa esperar 14 anos para ter a mulher amada e seus filhos vendem o seu amado José.
A esperança não pode dominar qualquer coração é necessário adaptarmos a terra do nosso coração para que ela prospere.
Este José, vendido pelos irmãos, é o exemplo que desejamos tomar para aprender como alcançar a graça de saber esperar.

29 de agosto de 2009

Os Misericordiosos Alcançam Misericórdia


Como nosso Pai, Deus deseja que desenvolvamos um caráter parecido com o Seu. No Sermão da Montanha, Jesus Cristo define com profundidade o caráter dos seus discípulos. Nas chamadas “Bem-Aventuranças”, ele propõe resumidamente as principais características do caráter cristão.

Dentre as virtudes do caráter cristão, Jesus destaca a “Misericórdia”: Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia (Mateus 5.7). O destaque desta virtude não é encontrado apenas neste texto de Mateus, antes, o Velho Testamento aponta a misericórdia como uma das virtudes cardeais a serem desenvolvidas por Israel como prova de que realmente a nação pertencia ao Senhor: ...o que é que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o seu Deus (Miquéias 6.8).

Jesus, ao ensinar que os misericordiosos alcançarão misericórdia, não propôs um sistema de trocas, no qual, Deus ficasse refém de nossas obras para poder agir em nosso favor. Ao contrário disto, afinal, sabemos que a misericórdia de Deus manifestou-se em nossa vida, mesmo quando nós menos fizemos juz a ela. Na verdade, essa parece ser a essência da misericórdia, isto é, manifestar amor e cuidado quando tudo exigir que sejamos inflexíveis e ásperos.

Quando nos tornamos pessoas mais misericordiosas, começamos a descobrir também o que Deus teve de vencer, em relação à nossa insesatez e pecado, para ser misericordioso conosco.
Os homens sem Deus, não conseguem avaliar que o sol que nasce sobre nós, ou a chuva que cai, o alimento que vem a mesa... são obras da providência e misericórdia de Deus. Eles não sabem ou não meditam em nada, quando estas coisas lhes acontecem.

Mas, àqueles, que descobrem o valor da misericórdia e sabem que fazer coisas boas para quem merece rigor e inflexibilidade, a mínima bênção de Deus é motivo de render graças ao SENHOR. Isso é alcançar misericórdia, pois é alcançar o discernimento que Deus cuida de nós, porque a sua misericórdia dura para sempre!.
(imagem: Good Samaritan de George Frederich Watts - 1904)

9 de agosto de 2009

Depressão Espiritual



"Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim?" Salmo 42.5.


Empresto o título deste estudo do livro do grande pregador: Rev. Dr. David Martin LLoyd Jones, autor do livro "Depressão Espiritual Suas Causas e Curas". Evidentemente, devo muito ao Rev. LLoyd Jones no que diz respeito ao aprendizado deste tema, não obstante, procuramos estabelecer algumas considerações em uma linha diferenciada da do autor.
Esclareço, entretanto, que não trataremos o assunto do ponto de vista clínico do problema da "depressão", o que realmente deve ficar a cargo dos médicos e especialistas desta matéria em particular. Não obstante, procuraremos abordar o problema do ponto de vista teológico, de acordo com o ensino geral das escrituras sobre a matéria.
Desejo cooperar para dar início a uma discussão sadia sobre o posicionamento da fé cristã reformada e a ocorrência da depressão na vida dos crentes. Também desejo cooperar de alguma maneira para fornecer instrumentos que permitam pessoas que vivem a experiência da depressão espiritual a serem acudidas em suas mais profundas necessidades neste sentido.
Definindo os Termos
Depressão - Em que pese o fato de que o termo é utilizado para definir uma leque muito amplo de circunstâncias. Quando utilizado em referência ao estado de saúde mental das pessoas, ele se refere a um transtorno emocional-afetivo que provoca, quase sempre, uma queda de humor e interesse pelas atividades normais. Não nos esqueçamos de que a depressão pode manifestar-se de forma atípica, promovendo excessiva euforia, levando o indivíduo à negação de um problema pelo uso de um recurso de fuga, que pode, inclusive, tornar-se num transtorno obsessivo-compulsivo.
A "Depressão" pode ser resultado de vários fatores, dentre eles, desequilíbrios emocionais provocados por circunstâncias não controladas pelos indivíduos, propensões genéticas, desequilíbriso físicos do próprio cerebro, mas também advindos de percepções errôneas sobre a vida e a sensação de felicidade e prazer.
Depresssão Espiritual
- O objeto deste estudo está diretamente ligado ao entendimento dessa expressão. Na verdade, partimos dos conceitos básicos da "Depressão" (depressão clinica aqui) para descrever um estado emocional que tem como sede a fonte do nosso relacionamento com Deus, a saber a "alma humana".
Neste estado emocional, o homem, no que diz respeito ao seu relacionamento com o Criador, é levado a uma atitude de desinteresse, desânimo e negação da verdadeira ligação espiritual entre ele e Deus. Cedendo ao pensamento de que Deus, de alguma maneira o ignora, despreza ou desgosta. Sendo levado a um estado existêncial em que não é capaz de desfrutar da presença de Deus e seus benefícios.
O Relacionamento da Alma Com Deus

Já nos referimos ao relacionamento da alma com o Criador. Este relacionamento consiste em um direto e profundo diálogo existencial entre o homem e Deus. Na verdade, todas as coisas criadas relacionam-se com o seu Criador. A Bíblia diz que "todo ser que respira louve ao SENHOR", da mesma forma que diz que até o "Sol, a Lua, o céu e as estrelas proclamam a glória de Deus".
O ser humano, em distinção com todo o restante da Criação, tem uma capacidade relacional cognitiva, isto é, ele pensa para relacionar-se com Deus. Este pensamento move o seu ser interior e o aproxima ou afasta do seu Criador, contudo o faz relacionar-se com Deus.
A alma humana é a parte imaterial deste homem-pensante. Ela também possui suas faculdades cognitivas não materiais e por isso, relaciona-se diretamente com Deus. Este relacionamento acontece numa esfera existêncial não controlada pelo pensamento do homem, mas que é influenciada ao mesmo tempo que influencia este. O apostolo Paulo nos informa: O próprio Espírito, testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus (Romanos 8.16).
Neste ponto em particular, ele nos mostra que há um relacionamento íntimo entre o Espírito de Deus e o espírito humano, no qual o primeiro instrui e conforta o segundo.
Portanto, o relacionamento com Deus se dá em um primeiro nível não controlado, o nível que podemos chamar de "espiritual". Neste nível de relacionamento, a alma humana sente a felicidade da presença de Deus e desfruta de todos os benefícios da presença gloriosa do Criador.
Num relacionamento sadio com Deus neste nível, o homem passa a ter toda a sua existência influenciada e toda a sua sensação de felicidade transformada. Esse é o objetivo do Espírito Santo em nós, nos fazer sentir esse nível de relacionamento em nossas faculdades materiais, tais como, o pensamento, as emoções e ações cognitivas.
Depressão Espiritual é o rompimento dessa sensação de relacionamento, é a quebra do desfrutar deste estado relacional com Deus. Quando isto acontece, o homem, mesmo que no íntimo ainda viva este relacionamento com o Espírito Santo de Deus, não pode percebê-lo, ou mesmo desfrutá-lo. Não consegue discerni-lo, senti-lo e realizá-lo no estado consciente. Os Salmos em particular nos fornecem excelentes exemplos da manifestação da "depressão espiritual". Podemos citar, por exemplo, o Salmo 13. Até quando, SENHOR? Esquecer-te-ás de mim para sempre? Até quando ocultarás de mim o rosto?
Veja que o salmista Davi, tem uma dificuldade grande em perceber que Deus jamais se esquece dEle. Evidentemente, ele conhece o seu Deus e o procura, mas define o seu relacionamento com Deus, como um relacionamento de ocultamento da sensação da presença de Deus.

O mesmo salmista registra no salmo 51 o pedido: restitui-me a alegria da tua salvação (Salmo 51.12). Notemos que este salmista, clama a Deus que lhe devolva a sensação alegre de saber-se filho de Deus. Por isso, ele pede: Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro em mim um espírito inabalável, não me repulses da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito (versos 10 e 11).
Calvino definiu os salmos como sendo a anatomia de todas as partes da alma. De fato, os salmos são escritos que abrem portas para a percepção de profundas angústias dos indivíduos face as crises existenciais no relacionamento com Deus.
Causas da Depressão Espiritual
Causas advindas das limitações físicas
O cansaço, stress, doenças e outros aspectos que geram limitações físicas extremas podem ser fatores promotores de Depressão Espiritual. Na verdade, a Depressão Espiritual, quando manifestada pelo viez das limitações físicas, tende a ser passageira, deixando de manifestar-se na recuperação de condições normais.
O que acontece neste processo de esgotamento físico é que o nosso organismo perde a capacidade de desfrutar a sensação do prazer e com isso, em muitas ocasiões, desestimula-se a perceber a presença de Deus de maneira proveitosa e prazerosa.
Temos um exemplo interessante na Escritura, o caso de Elias. No primeito Livro dos Reis, capítulos 18 e 19, lemos sobre a grande vitória do Elias sobre os profetas de Baal e a determinação, por parte de Jezabel, da morte de Elias. Ele dispara em direção ao deserto e, pelo que o texto nos mostra, estava cansado, tanto física quanto psicológicamente e com fome.
Este estado de stress e preocupação levou o profeta a desejar a morte e não sentir a felicidade da presença de Deus. Podemos dizer que neste momento o profeta estava em processo de "Depressão Espiritual". Veremos no texto que, antes de lhe proferir as palavras restauradoras da presença de Deus, o próprio SENHOR, lhe oferece comida, para restabelecimento do seu ânimo físico.
Causas advindas da manifestação da depressão clínica - A Depressão Espiritual pode ser mais um dos resultados de uma depressão clinica instalada. Ao ser levado a um estado de letargia mental, com dificuldade de reagir diante das situações, o homem de Deus pode ser levado a duvidar da presença de Deus em sua vida e deixar o relacionamento com o Criador em dúvida dentro de si.
É comum que um estado de depressão clinica produza um estado de depressão espiritual, no entanto, nem sempre isto ocorre e quase sempre, a restauração do estado de ligação com Deus, auxilia enormemente na restauração da depressão clínica.
Causas advindas dos desafios emocionais da própria vida cristã
Poucas pessoas realmente entendem que "vida cristã" não é uma mera maneira de dizer que somos crentes. "Vida Cristã" ou "Vivência Cristã" é o resultado de um emaranhado de experiências produzidas por Deus em nossa existência que nos levam à conformação com Jesus.
No Novo Testamento, o que enxergamos não é apenas um grupo de homens e mulheres que mudaram de religião e passaram a ter um novo comportamento, muito acima disto, o que vemos desenvolvido no Novo Testamento é um processo de transformação da mente dos homens e mulheres cristãs, acontecido na entrega deles a Deus, quando este lhes moldava através das experiências que viviam.
Certamente, o apóstolo Paulo foi um dos melhores exemplos e um dos que melhor observou este processo. Disse ele ao jovem pastor Timóteo:
Quando a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda (2 Timóteo 4.6-8).
Dentro deste conceito, gostaria de considerar que a depressão espiritual se manifesta quando temos medo e nos tornamos tímidos para enfrentar as questões da transformação do nosso caráter que Deus está produzindo. Sentimo-nos pequenos, pouco preparados, incapazes de atingir o grau de maturidade e "Vivência Cristã" que seja condizente com o desafio que visualizamos nas Escrituras.
Talvez fosse esse o problema vivido por Timóteo, que, segundo o que podemos compreender do texto bíblico, mantevesse tímido diante do seu chamado e sofria alguma dificuldade por ter um ministério difícil em Éfeso, muitas resistências e sendo ele ainda jovem.
Por esta razão, pois te admoesto que reavives o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos. Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação. Não te envergonhes, portanto, do testemunho do nosso Senhor, nem do seu encarcerado que sou eu; pelo contrário, participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho segundo o poder de Deus (2 Timóteo 1.6-8).
Talvez a magnitude do nosso chamado cristão e nossas fracas expectativas para conosco venham a produzir uma certa depressão espritual.
Causas advindas da manifestação do pecado
O pecado sempre será o grande elemento provocador de "depressão espiritual". Pois o pecado gera uma situação em que o homem sujo em sua alma não pode se aproximar do Deus santo e imaculado.
Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encombrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça (Isaías 59.2).
Quando vivenciamos um estado de pecado em nossa alma, perdemos a alegria da salvação, isto é, a mais perfeita comunhão com Deus. Nossa alma se abate e nossa mente se torna nosso tribunal de condenação.
O pecado causa em nós a vergonha de Deus e faz crescer o sentimento de culpa. Esta culpa gera uma incapacidade de reação, pois descobrimos que não há verdadeira compatibilidade entre o sujo e o imaculado.
Causas advindas da manifestação do Maligno
Aproveitando-se de nossa completa derrota pelo pecado, Satanás vem sufocar-nos como o acusador e pressiona, por vários mecanismos, para que jamais recuperemos a compreensão da obra verdadeira de Jesus Cristo, nosso libertador da culpa.
O que o Maligno faz?

6 de agosto de 2009

Aprender com a Paciência de Deus


Paciência - qualidade própria daquele que sabe esperar. Sim, todos nós sabemos que a paciência é uma qualidade a ser desenvolvida por aqueles que decidiram caminhar ao lado de Jesus Cristo.
Aprendendo a Esperar o Momento Certo
Uma boa lição sobre a paciência poderíamos aprender com o próprio Deus. Para nós a paciência é exercitada principalmente nos momentos em que não temos muito a fazer, a não ser esperar. Deus, ao contrário, exercita a sua paciência mesmo tendo sempre a possibilidade de fazer tudo o que Ele quer, contudo, prefere esperar outro momento.
Deus sabe escolher o momento certo para realizar a sua vontade. Verdade é que, para Ele, o tempo não é contado como para nós, mas isso não muda o fato de que Ele tem tempo certo para cada uma das suas ações. Pense na cruz do Calvário, quando deixou seu Filho em agonia por longas três horas (Mt 27.45). O Homem Jesus sofreu, mas seu Pai esperou pacientemente até que tudo, dentro do tempo dos homens, que a Justificação Expiatória se realizasse com perfeição. Devemos aprender a esperar o momento certo.
Aprendendo a Reagir Com Equilíbrio
Também exercitamos paciência quando alguém faz algo contra nós e em lugar de nos lançarmos em lutas, esperamos que o tempo realize a cura da raiva ou nos coloque em condição de equilíbrio para que possamos reagir.
Deus, mesmo sendo tão insultado pelos pecados dos homens, não derrama a sua ira em toda a sua medida. Mesmo reprovando os ímpios, os avisa com muita paciência para que se corrijam e, mesmo quando Ele sabe que isso não acontecerá, não os castiga imediatamente (Rm 9.22) Devemos reagir com equilíbrio à maldade dos homens.

Aprendendo a Perdoar

No caso dos remidos, a paciência de Deus é o que precisamos para alcançar a sua misericórdia e perdão. Afinal, esperou com paciência o dia da nossa conversão, mesmo podendo nos fazer nova criatura a qualquer momento, aguardou o dia certo (Gl 1.13-16). Devemos aprender a perdoar.
Aprenda com a maravilhosa paciência de Deus e desenvolva uma vida mais saudável e coerente com a sua fé em Cristo Jesus.

24 de julho de 2009

A Presença da Dor na Igreja

Anestesiologia é uma especialidade médica, destinada ao estudo dos sistemas nervosos que atuam nas sensações de dor, bem como da aplicação de drogas que aliviam estas sensações.
No século XIX, os anestésicos se tornaram uma das maiores descobertas científicas da humanidade, mas, na verdade, sempre fizeram parte da história do homem na terra, pois todas as grandes culturas desenvolveram mecanismos para o alívio da dor.
De certa maneira, afastar a presença da dor é uma obsessão humana. O ser humano, desde cedo na sua história, buscou, de todas as formas, amenizar o sentimento e a sensação da dor, quer no corpo, quer na alma.
Essa obsessão espalhou-se para todas as áreas da vida humana e a medicina a tornou cada vez mais visível e desejável, a partir do desenvolvimento de todas as modernas drogas analgésicas. Essa difusão do alívio, nos faz procurar soluções analgésicas para todas as questões da vida, inclusive o relacionamento com Deus.
Para muitas pessoas, o relacionamento com Deus se concentra na luta contra todos os tipos de dor, não importa se no físico ou no espírito. Esses tais, além de conceberem um Deus “analgésico”, desconsideram o papel aperfeiçoador da dor, em relação ao nosso próprio caráter. Ouso dizer, que as mais importantes lições da vida, aprendemos em meio à dor.
Deus nos chama a viver uma grande luta contra a nossa inclinação para o que é mau, e quando nos empenhamos em fazer o que Ele nos pede nessa empreitada bélica, certamente sentiremos dor.
A vitória que almejamos em Cristo Jesus será alcançada somente pela aplicação de toda a diligência na maior de todas as nossas buscas: “aprender a viver para Deus”. Essa é a premissa por trás das palavras que resumiram a vida do apóstolo Paulo: Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Jà agora a coroa da justiça, a qual o SENHOR, reto juiz, me dará naquele Dia (1Timóteo 4.8).

17 de julho de 2009

A Quem Sirvo? Isto Definirá o Meu Tipo de Vida Cristã!

"Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravidão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado".
1 Coríntios 9.27
Estamos vivendo o tempo do evangelho da "Loja de Conveniência". Aquele evangelho pequeno, cuja única importância é que ele me sirva no momento e da forma como eu precisar.
Este estudo, foi fruto de uma reflexão sobre o tema "Ainda Crianças? Jovens sem compromisso com Deus" que foi apresentado para elaboração de uma palestra à Juventude da Primeira Igreja Conservadora de São Paulo. Agradeço a Deus por me ter conduzido a esta pergunta, para que de fato, reavaliasse o meu ministério e vida à luz do seu chamado.
Um Servo Auto-Exigente e Compromissado
O que podemos aprender com o apóstolo Paulo sobre o chamado para o ministério é que esse é um chamado exigente. No verso, 27, do capítulo 9, o apóstolo Paulo nos mostra que ele tinha consciência plena dessa exigência e sabia que devia servir a Deus, era com o SENHOR o seu compromisso.
Esmurro o Meu Corpo e o Reduzo à Escravidão
Com relação ao seu chamado, o apóstolo Paulo não tinha dúvida alguma de que deveria cumprir o seu papel com o máximo zêlo e esforço. Nestas palavras do verso 27, ele mostra o quanto exige de si mesmo. Ele se faz escravo de si mesmo, se compara ao escravo que tem de trabalhar diligentemente para agradar ao seu senhor. Paulo não admite aquilo que acolhemos como uma das mais perniciosas práticas: a auto-indulgência.
Ele não se permite em pensar de si mesmo como alguém que pode escolher o quanto, como ou quando deve servir a Deus. Ao contrário, ele se golpeia para lhe mostrar que é necessário persistência no chamado para a vida cristã.
Não venha a ser desqualificado
Para muitas pessoas, o evangelho é para o proveito de quem o recebe. Estas pessoas pensam que o evangelho é quem é o servo. Mas o que Deus espera é que sejamos servos do evangelho.
Muitas pessoas podem ser denunciadas no tribunal de Deus por causa do próprio evangelho que anunciaram aos outros. O seu crime será o de terem anunciado o caminho da verdade e trilhado o caminho do erro; apontado a necessidade do arrependimento e terem vivido de coração duro toda a vida; o de conduzirem pessoas à salvação, mas terem perdido a sua própria alma.
Um Senhor Exigente
Quem poderá reprovar Paulo? A Igreja a qual ele serve? Sua própria consciência?
Paulo tem consciência clara de que Deus é quem o julga. Este é o ponto que movimenta Paulo em sua carreira ministerial. Alguns cristãos tem se esforçado bastante, pois o seu trabalho trás dividendos para o seu ministério.
Alguns falsos mestres se esforçam bastante, pois quanto mais trabalham, mas podem ganhar com o comércio que fazem da fé. Os hereges trabalham muito, pois precisam ganhar almas com as suas mentiras e o que enconbre suas mentiras é o seu trabalho diligente.
O que movia Paulo ao trabalho não era o sucesso ou insucesso do crescimento da Igreja ou a expansão do seu ministério, ele simplesmente se exigia muito em trabalho, porque servia ao evangelho e ao SENHOR do evangelho.
PERDER O SENHOR DE VISTA
Uma das coisas que influenciaram a Igreja de corinto em sua resposta defeituosa ao evangelho que os chamou para a luz foi o fato de terem perdido de vista a quem serviam.
Quando retomamos a leitura nos primeiros capítulos percebemos que as suas divisões internas mostravam claramente que eles não serviam ao SENHOR, mas aos homens.
Quando isto acontece, o que começa a determinar o meu empenho é a capacidade e carisma do líder humano que me move ao serviço. O meu grau de auto-exigência está diretamente ligado ao grau de exigência do meu "senhor humano". Não apenas a exigência para o trabalho, mas também a exigência moral e ética.
PERDER DE VISTA O PROPÓSITO DO EVANGELHO
Outro assunto da carta aos coríntios era a condenação do uso do evangelho como instrumento de auto-promoção. Paulo percebeu que o evangelho, principalmente, para alguns líderes da igreja, serviam a sua auto-promoção, como culto de si mesmo.
Portanto, o empenho de alguns irmãos no uso de seus dons estavam determinados pelo nível de auto-promoção que buscavam. Em outras palavras, eles não eram cooperadores do evangelho, mas consideravam o evangelho apenas como uma ferramenta para alcançar os seus planos.
PERDER DE VISTA O SIGNIFICADO DA PRÓPRIA EXISTÊNCIA
Eis um dos motivos porque não nos aplicamos mais ao serviço de Deus é que perdemos a noção de que vivemos exclusivamente para a sua glória.
Assim, muitos de nós deixamos a luta pelo evangelho e passamos a lutar por nós mesmos. Passamos a ser o centro de todos os interesses de nossa alma.
O evangelho nos ensina a viver para Deus e o próximo isso é um confronto direto com a nossa tendência à auto-indulgência e ao descompromisso com o SENHOR.

15 de julho de 2009

Um Jovem Que Trocou a Beleza da Juventude Pela Morte

A juventude, não temos dúvidas, é a fase mais impressionante de todo o desenvolvimento humano, pois as forças que se mostram, através da vitalidade, beleza, agilidade e intrepidez da juventude, conquistam o mundo.
A juventude é atraente, mas a juventude também é perigosa, pois, junto à beleza e graça da juventude, existe o perigo de se tomar o caminho errado. Este erro repousa principalmente sobre a vida do jovem.
Quando um jovem inverte a vida e escolhe um caminho errado, com a mesma força que nos conquista ele é capaz de nos assustar. O que vemos é que as mais impressionantes ações de violência e morte, são preconizadas pelos mais jovens.
Este é o motivo de ter, esse autor, "batizado" o seu texto com o tema: "Um Jovem Que Trocou a Beleza da Juventude Pela Morte".
Nesta pequena mensagem, por ocasião de minha participação a convite dos organizadores do 5ºADOPRESB da Igreja Presbiteriana de Vila Esperança, reajo ao texto do Segundo Livro de Samuel, que conta a história do jovem Absalão.
  • A Impressionante Beleza de Absalão

Absalão era um dos filhos de Davi, com Maaca, filha do Rei de Gesur. Era o moço Absalão, um absolutamente atraente por sua beleza física e sua impressionante juventude atraía a graça das pessoas.

Não havia, porém, em todo o Israel
homem tão celebrado por sua beleza como Absalão; da planta do pé ao alto da
cabeça, não havia nele defeito algum.
2 Samuel 14.25.
Absalão mantinha uma vasta cabelereira, da qual, afirma a Escritura, era colhido quase dois quilos e meio quando era cortada (2 Samuel 14.26). Além disso, o jovem Absalão possuía uma personalidade cativante, inteligência política invulgar, sagacidade e outras qualidades que impressionavam as pessoas do reino. Acontecia de que ele era capaz de furtar o coração das pessoas para si, conquistando-as (2 Samuel 15.6). Não bastasse toda a sua beleza e talento pessoal, era rico, bem posicionado no reino, pois era o filho do próprio Rei.
Este moço certamente poderia ser contado entre as grandes personalidades de Israel, entre os grandes homens de seu tempo e os mais habilidosos políticos do país.
O que podemos perceber é que os requisitos para ser um jovem feliz, cheio de vida, bem-sucedido e completamente satisfeito com a vida eram encontrados em gérmem na vida daquele moço.
Mas, conhecendo a história bíblica que relata a sua trágica morte o envolvimento em conflitos familiares, sua infelicidade como filho de Davi e a ganância desmedida de seu coração, iremos identificar o quanto este jovem trocou a beleza de sua juventude pelos caminhos da morte.
Sabemos que muitos jovens também trocam a vida pelos caminhos da morte. A questão que se levanta aqui é: por quê?
Os dirigentes do 5º ADOPRESB, me disseram que o tema sobre o qual deveria falar é: O Prazer de Ser Jovem - Quando Ele Valoriza a Convivência Familiar. Por isso, então, decidi falar sobre o insucesso de Absalão, pois a raiz de sua trágica opção pela morte tinha como pano de fundo um convívio familiar carregado de decepções, desamores e frustrações.
Nosso "por quê?" será respondido a partir deste prisma de convivência familiar frágilizada pelo pecado.
  • Absalão Deixou Uma Ferida Familiar Transformar-se Em Um Tumor Mortal

A história de Absalão começa a ser contada no capítulo 13. O Escritor inicia a descrição da trágica tragetória deste jovem é contada a partir da ferida familiar que desenvolveu em sua vida o tumor que o levou à morte final.

Amnon, meio-irmão de Absalão, apaixou-se por Tamar sua irmã. Essa paixão obsessiva tornou-se em uma grande tragédia familiar. Amnon fingiu-e doente, pediu o auxílio de Davi, seu pai, o qual enviou Tamar à casa de Amnon para dar-lhe comida. Ele, aproveitando-se da situação, a forçou e se deitou com ela, depois rejeitando-a com asco (2 Samuel 13.12-16).
Esse fato chegou aos ouvidos de Absalão que muito se entristeceu com a notícia. Ferida em sua própria casa, ele deixou o seu coração enfermo com ira que sentiu.
Porém Absalão não falou com Amnon nem mal
nem bem; porque odiava a Amnon, por ter este forçado a Tamar, sua irmã.
2 Samuel 13.22
Foi assim que Absalão começou a ter transformada sua vida familiar. A morte começou a reinar em seu coração no momento em que ele preferiu deixar adoecer o seu coração com a mágoa, ira e a revolta que cresciam dentro de si.
Não devemos imaginar que alguém vem a perder a alegria da juventude dentro da sua família em apenas um dia. Na verdade, boa parte das frustrações que colhemos, algumas delas realmente justificáveis, seja pelo erro ou exagero de um pai, a presunção de um irmão, um mal entendido ou uma coisa simples qualquer, podem fazer um grande estrago se deixarmos coisas mal resolvidas guardadas dentro de nosso coração.
  • Absalão Deixou a Alienação Determinar o Seu Relacionamento Familiar
Os textos que mostram a vida de Absalão mostram que a dureza do seu coração o levou a viver alienado de sua própria família. A partir do verso 23 do capítulo 13 de 2 Samuel, Absalão põe em prática um plano para matar seu irmão Amnon.
Movido pelo ódio ele ainda mantinha um relacionamento alienado em relacão com a sua família. Ele mantém as aparências, conversa, convive, inclusive faz festas para seus irmãos, mas nada disso é sincero e verdadeiro, pelo contrário, é apenas uma maneira de manipular as situações.
Absalão deu ordem aos seus moços,
dizendo: Tomai sentido; quando o coração de Amnom estiver alegre de vinho, e eu
vos disser: Feri a Amnon, então o matarei.
2 Samuel 13.28
Propositadamente, o coração de Absalão produziu uma justificativa para a sua alienação. Estava se julgando o mais ferido e no direito de produzir qualquer vingança. Para isto, era necessário fechar-se para o amor, para o quebrantamento. Era-lhe necessário afastar-se da família, como um estranho. Somente assim, seguiria em frente sem sentir nenhum peso na consciência.
Amnom veio a ser covardemente morto, seus irmãos ameaçados fugiram e retornaram para casa, cheios de tristeza. Finalmente, o pecado que primeiro se alojara no coração de Absalão, cultivado pelo tumor da ira, tornou-se em uma grande ferida no seio da família.
Absalão foge, agora ele não somente está alienado, mas declaramente afastado do ambiente familiar.
Não pense o meu senhor (disse Jonadabe)
que mataram a todos os jovens, filhos do rei, porque só morreu Amnom; pois assim
já o revelavam as feições de Absalão, desde o dia em que sua irmã Tamar foi
forçada por Amnom.
2 Samuel 13.32.
Infelizmente, muitos jovens deixam seus pecados os conduzirem à alienação familiar. No lugar onde ele receber e dar amor, ele passa a colher mais e mais frustrações. A dureza do coração vai contribuindo para que sua felicidade corra do coração. À semelhança de Absalão, o rosto desses jovens começa a ficar pesado, cheio de cansaço da alma.
  • Absalão Tornou-se Inimigo de Seu Pai e de Deus
Infelizmente, todos temos observado o quanto pais e filhos tem tido dificuldade para manterem um bom e sadio relacionamento. Davi e Absalão não fugiam a esta realidade.
Davi tinha muita dificuldade em lidar com seu filho. Talvez ele tenha uma grande dose de culpa no desastre da vida de Absalão. Mas, quando olhamos as coisas do ponto de vista de Absalão e de tudo quanto ele nutriu em seu próprio coração, temos de nos deparar com a realidade de que, Absalão havia se apartado definitivamente de Deus, quando passou a ter o seu próprio Pai como um inimigo.
Após a morte de seu irmão e a conseqüente quebra do 6º mandamento, Absalão deixou de honrar pai, quebrando o 5º mandamento fugindo de sua presença por dois anos.
Tendo ficado Absalão dois anos em
Jerusalém sem ver a face do rei.
2 Samuel 14.28.
Absalão cometeu torpezas com as concubinas de seu pai quebrando o 7º mandamento. Escadalizou o povo com essa atitude baixa e humilhou a casa de toda a sua família.
Armaram, pois, para Absalão uma tenda no eirado, e ali, à
vista de todo o Israel, ele coabitou com as cooncubinas de seu pai.
2 Samuel
16.22.
Sequestrando os bens de Davi seu Pai, fazendo-o fugir, quebrou o 8º mandamento, por tomar posse daquilo que não era propriamente seu.
Disse, pois, Davi a todos os seus homens
que estavam com ele em Jerusalém: levantai-vos, e fujamos, porque não poderemos
salvar-nos de Absalão. Dai-vos pressa a sair, para que não nos alcance súbito,
lance sobre nós algum mal e fira a cidade a fio de espada.
2 Samuel 15.14.
Quando deixou seu coração se tornar insensível à presença de Deus, Absalão usou da mentira para forçar o povo a segui-lo, abandonando o amor que devotavam a Davi. Ele dizia ao povo inverdades sobre a intenção de Davi ao julgar as causas do povo. Com este falso testemunho, Absalão quebrou o 9º mandamento. Por quatro anos, ele usou dessa mentira para levar a cabo seus planos de usurpar o reino.
Então, Absalão lhe dizia: Olha, a tua
causa é boa e reta, porém não tens quem te ouça da parte do rei.
2 Samuel 15.3
Também cobiçou o reino de seu pai, desejando fazer-se Rei de Israel, posto que pertencia a Davi. Sua cobiça, o levava a agir em prol de destruir o ungido do Senhor. Assim, ele quebrou o 10º mandamento.
Ah! Quem me dera ser juiz na terra, para que viesse a mim todo homem que tivesse demanda ou questão, para que lhe fizesse justiça!
2 Samuel 15.4
Absalão não percebia, mas estava se voltando não somente contra Davi, estava se voltando contra o caminho de Deus, pois Davi era o escolhido do SENHOR para ser rei de Israel, era o ungido do SENHOR e o seu mediador da Aliança, tipificando o próprio Cristo.
Às vezes, em seu caminho de revolta e absoluta insensatez, o jovem não percebe que está se voltando contra Deus. Isso abre adiante do jovem um caminho de morte.
  • A Boca da Morte Tragou Absalão
Mesmo sendo aconselhado a não fazê-lo, Absalão decidiu abrir guerra contra o seu pai. Num certo dia, em campo de guerra, quando tentava fugir dos homens de Davi, Absalão ficou preso aos galhos de uma árvore pelos seus cabelos, um dos símbolos de sua própria mocidade.
Tomou três dardos e traspassou com eles o
coração de Absalão, estando ele ainda vivo no meio do carvalho. Cercaram-nos dez
jovens, que levavam as armas de Joabe, e feriram a Absalão e o
mataram.
2 Samuel 18.14 e 15
Foi assim que a boca da morte tragou para sempre Absalão. O texto diz que ele não deixou descendência e sua juventude, força e alegria deram lugar a uma vida amargurada e cheia de tristeza.