22 de junho de 2010

Hebreus 13.4




SERVINDO A DEUS NO CASAMENTO
"a preciosidade da vida conjugal"



Uma Reflexão no Texto da Carta aos Hebreus Capítulo 13, verso 4




“Digno de honra entre todos, seja o matrimônio e leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros”

FCD
Num mundo onde o casamento está sendo tratado como algo descartável e completamente obsoleto, devemos nos voltar para o que este texto diz e recuperar o valor inestimável da vida a dois, como um ato de obediência a Deus, bem como a melhor maneira de vivenciar o Reino de Deus na terra, reconhecendo que a vida conjugal tem uma função e valor inestimáveis no que tange a vivermos para Deus e agradá-lo.

INTRODUÇÃO
No mês de Maio, a Revista INN, uma publicação que circula na região do Tatuapé, Vila Formosa e Carrão, registrou matérias sobre o chamado “Mês das Noivas”. Nada de novo para uma revista que circula principalmente para a divulgação do comércio e imóveis, não fosse pelo fato de que nessa edição, quando tratou da questão particular do casamento, deu um destaque especial e maior para a reportagem feita em uma festa de “descasamento”, na qual chama-se a atenção para a alegada nova moda de "comemorar o divórcio". Não nos interessam os detalhes, apenas pontuemos sobre a maneira banal e degradada com que as pessoas tem lidado com o que é viver a dois. 
Outro lado desse mesmo postulado contra o matrimônio está o chamado “casamento gay”. Compreendo claramente que, quando pessoas do mesmo sexo compreendem-se homossexuais e desejam viver juntos, ainda que eu não concorde com tal postura, não posso absolutamente impedi-los, mesmo que quisesse. Essa união de interesses, afetivos, emocionais, psicológicos e sociais, cada vez mais comum, exige da sociedade que estabeleça os parâmetros legais para que se torne algo justo entre as partes. 
Não obstante a necessidade de uma legislação que regule tais uniões, chamá-las de "casamento gay" é dar um uso diferente ao conceito cristão milenar da vida conjugal. Para mim, a verdade mais importante a ser é necessário que haja
 Devemos reconhecer aquele direito a divisão de propriedade de pessoas que, mesmo contrariando o ensinamento bíblico, desejam ligar-se a alguém do mesmo sexo e com essa pessoa construir patrimônio comum, portanto, deve ser de alguma forma legalizado esse direito de propriedade. Mas considerá-lo matrimônio, que é um conceito cristão fundamental, pois até mesmo aponta para a unidade entre Cristo e a Igreja, é somente mais uma consequência
Os cristãos precisam aprender a considerar o casamento não de uma forma aculturada, pois correm o risco de também se desfazerem da Palavra de Deus, procurando enxergar o matrimônio segundo a importância que o próprio Deus dá.

O TEXTO E O CONTEXTO
O escritor da Carta aos Hebreus trabalha em prol da firmeza da fé. Ele está preocupado em dar ao povo de Deus a orientação mais profunda sobre a realidade e a grandeza do Reino de Cristo, bem como o modo como os cristãos devem vencer as dificuldades da vida, os falsos ensinos e o próprio pecado que neles habita para servirem a Deus com reverência, santo temor e de modo agradável.
O capítulo 13 é a sua reflexão final. Nele, ele faz alguns resumos importantes, como a conclusão de um sermão. Por isso, esse é um capítulo muito importante da carta, pois aqui, o pregador-escritor dá as suas sugestões práticas sobre o que se espera daqueles que foram alcançados por Cristo e têm um relacionamento real com Deus.
Dentre suas sugestões práticas, encontramos a frase importante sobre o matrimônio, no verso 4 do capítulo 13 e iremos abordar o conceito nela contido, primeiramente olhando para o seu contexto literário-teológico, bem como para o que propriamente a frase estabelece sobre como viver em matrimônio e a importância do mesmo.

O CONCEITO DE HONRA DO MATRIMÔNIO
Antes de fazer as aplicações, preciso estabelecer um conceito exegético que creio será muito importante para o estudo da passagem. O ponto que quero trabalhar exegéticamente é a palavra TIMIOS – honrado ou digno de honra.
Quando essa palavra aparece no Novo Testamento, em muitas ocasiões ela aponta para um  significado de valorização e é traduzida por “precioso”, “estimado e amado pelo seu valor”, daí a idéia de “honrado”. Em 1 Coríntios 3.12, 2 Pedro 1.4, 1 Pedro 1.19, temos alguns exemplos do uso de "TIMIIOS" e seus derivados, quando a mesma é utilizada para designar: “pedras preciosas”, “precioso sangue de Cristo” e “preciosas promessas de Deus”.
Portanto, o ponto prático para o escritor aos Hebreus  é que o matrimônio seja valorizado, como algo muito precioso, de grande valor para a vida. Mas você deve ser perguntar, qual é o valor que o escritor da carta dá ao casamento? .A resposta a essa questão é o que queremos pontuar nessa mensagem.


O conceito de honra do casamento é que ele deva ser valorizado entre todos os que concebem a realidade do Reino de Deus. Mais que valorizado, deve ser considerado como uma preciosidade inestimável e esse é a visão apresentada por Deus em toda a Escritura. Você precisa descobrir esse valor do casamento para uma vida que mais agrada a Deus e seja o seu mais intenso culto de adoração a Deus. 


DESCUBRA QUE O CASAMENTO É PRECIOSO PORQUE É UM MODO DE VIDA PARA QUEM DESEJA SERVIR A DEUS DE MODO AGRADÁVEL COM REVERÊNCIA E SANTO TEMOR
Olhemos um pouco para o contexto anterior. No capítulo 12, temos uma grandiosa exortação a considerar nossa posição como filhos de Deus em aliança com Cristo Jesus. O autor faz uma comparação com os crentes do velho testamento e nos mostra nossa grande responsabilidade em relação ao que já sabemos do pacto que temos com Deus.
Por fim, ele nos diz que nos versos 28 e seguintes que devemos considerar a graça que nos foi outorgada em Cristo e viver adequadamente para Deus, pois recebemos um reino inabalável. Assim devemos viver servindo a Deus de modo agradável com reverência e santo temor e o motivo fundamental é que Deus é fogo consumidor.
Em seguida, no capítulo 12, ele nos dá sugestões práticas sobre como viver e você perceberá o seguinte:
Viver em amor fraternal – verso 1 – amar a classe de pessoas que formam o nosso rol mais próximo de irmãos em Cristo
Viver de forma acolhedora – verso 2 – amar aquelas pessoas que não conhecemos, mas que se precisam de alguma maneira pontual de nossa hospitalidade e amor.
Viver de maneira a socorrer o necessitado – verso 3 – amar pessoas que vivem em prisões, talvez pessoas maltratadas pela própria vida, que carecem de mais que uma hospitalidade, mas de um cuidado ainda maior de nossa parte.
Viver o matrimônio de forma imaculada – verso 4 – amar de forma profunda, íntima e imaculada a pessoa que Deus colocou ao nosso lado para nos completar
Viver sem avareza – verso 5 – tudo isso é uma maneira de mostrar que temos o Reino em primeiro lugar e estimamos ao próprio Deus e esperamos nEle as recompensas de nossa vida.

Não desejo entrar em detalhes sobre cada uma dessas maneiras de viver de forma agradável, com reverência e santo temor a Deus. Apenas destacar que o casamento é mais que um status social, um contrato entre um homem e uma mulher, um acordo de comunhão de bens, desejos e ideais humanos. O CASAMENTO É UM ESTILO DE VIDA, O CASAMENTO É UM ATO DE OBEDIÊNCIA E REVERÊNCIA A DEUS, DEVE SER ENCARADO COMO UMA DAS MAIS SOLENES MANEIRAS DE SE VIVER PARA DEUS.
Não é sem propósito que a Bíblia compara o casamento com o relacionamento entre Deus e a sua Igreja, e o próprio apóstolo Paulo chama o casamento de um mistério que fora revelado em Cristo Jesus. VIVER CASADO É VIVER PARA DEUS, ISSO É MUITO IMPORTANTE.
Infelizmente, a quem pense diferente, a quem negligencie essa verdade e, por isso mesmo, nãos sabem o que é viver matrimonialmente.

DESCUBRA QUE O CASAMENTO É PRECIOSO PORQUE NOS TORNA MAIS COMPLETOS E ADEQUADOS PARA SERVIR A DEUS DE MODO AGRADÁVEL, COM REVERÊNCIA E SANTO TEMOR
Quando Deus instituiu o matrimônio, isto é a união íntima do homem e da mulher, ele o fez no Jardim do Éden. Ali, antes mesmo de criar a mulher, Deus disse: Não é bom que o homem esteja só. Essa é uma frase muitíssimo significativa, pois tudo que Deus havia criado era bom, mas o homem sozinho era algo não imperfeito, mas incompleto. Na verdade, Deus não estava tendo um plano b, para melhorar o projeto inicial, mas declarando o motivo porque criaria a mulher.
Quando Deus declara o motivo porque criaria a mulher ele define o que a mulher é para o homem: far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea. Essa expressão tem uma tradução difícil, ela não aponta para uma ajudante, mas um socorro para o homem.
A idéia é bem simples: não é bom o homem esteja só, preciso socorrê-lo, far-lhe-ei uma socorrista idônea.
O segundo conceito interessante é justamente o significado da palavra traduzida por idônea. Algumas mulheres preferem ler: “e dona”, mas isso não é correto. O teor da palavra “Negad” raiz de “kinegidoh” no texto conduz-nos ao entendimento de que Deus havia feito alguém para estar diante de Adão, parecido com ele, mas o contrário dele, como se Adão estivesse olhando num espelho. Pois quando olhamos num espelho, vemos uma imagem igual à nossa, mas ao contrário.
Em seguida,quando Deus apresenta a mulher para o homem, o próprio homem  a define como sendo “ossos dos meus ossos e carne da minha carne”. Daí a idéia de intimidade e completude, que se torna ainda mais claro na expressão do próprio Deus: “serão ambos uma só carne”.
Fiz essa digressão para que possamos compreender melhor o sentido das palavras do texto de Hebreus que não estão fora da realidade do matrimônio conforme seu estabelecimento em Gênesis.
As palavras que em Hebreus definem o matrimônio são: gamos (matrimônio) e koithos (leito). Essas palavras definem bem a idéia geral do que é o casamento: UNIDADE e INTIMIDADE.
Na palavra GAMOS, delineia-se a idéia de unidade de ligação afetiva e permanência junto para o homem e mulher. A palavra e seus derivados aparecem por 16 vezes no novo testamento, significando inclusive o próprio recinto íntimo dos cônjuges, ela destaca a UNIDADE DO CASAL, o que se vê principalmente em sua unidade de pensamentos, desejos, objetivos e trabalhos.
Homem e mulher servem a Deus de modo agradável e demonstram reverência e santo temor quanto mais desenvolvem essa UNIDADE.
Já o termo KOITHOS aponta para a idéia de LIGAÇÃO ÍNTIMA, a cópula do casal, que deve ser realizada de forma exclusiva e limpa entre um homem e uma mulher. Koithos completa a UNIDADE GÂMICA e torna a UNIDADE aprofundada em termos físicos e não apenas afetivo e emocional.
A limpeza do leito matrimonial é, no texto, apontada como a maneira mais direta de se mostrar a VALORIZAÇÃO do matrimônio. Ela também aponta para a mais rigorosa obediência à Deus, pois o adultério e a fornicação (pornéia) é considerada na Bíblia como o mais grotesco ato de desamor a Deus. Em muitas ocasiões a idolatria é chamada também de ADULTÉRIO.
A INTIMIDADE limpa do casal é a mais absoluta demonstração de temor a Deus.
O mais absoluto conceito de felicidade é esse: agradar a Deus e viver em temor. A mais absoluta felicidade é aquela que vem do fato de nos sentirmos completos e somos completos em Deus, nosso cônjuge é aquela pessoa escolhida por Deus para possibilitar que vivamos e temamos a Deus.

DESCUBRA QUE O CASAMENTO É PRECIOSO PORQUE DEUS REPROVA AQUELES QUE REPROVAM O CASAMENTO, BEM COMO A SUA PUREZA
As pessoas, quando buscam o divórcio, quase sempre o fazem dizendo: EU DESEJO SER FELIZ. Há certas afirmações que servem apenas para amenizar a culpa e como justificativa para os fracassos, essa é uma delas.
Certamente há matrimônios que estão tão afundados em erros que em lugar de tornarem as pessoas felizes e completas, acabam sendo uma prisão que destrói e compromete emocionalmente as pessoas. Não obstante, todos os que se casam deveriam aprender e evitar as situações de invasão da sujeira no casamento.
O verso nos dá uma informação muito importante no final: porque Deus julgará os impuros e adúlteros. O verbo “krineo” (julgar) é usado aqui para fazer referência ao fato de que Deus não tem prazer naqueles que cometem pecados contra o matrimônio.
Os pecados condenados são definidos em duas palavras: pornous e moikous. A primeira define o conceito das coisas mais sujas e a segunda, a falta de fidelidade.
Pornous – quem são estes “impuros” no casamento. São aqueles que permitem com que elementos estranhos à vida de serviço e temor a Deus permeie a sua vida matrimonial.


(Continua...)

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