29 de outubro de 2010

O Homem Reformado

Passados 493 anos daquele dia 31 de outubro de 1517, quando o monge Martinho Lutero afixou suas 95 teses na porta da Catedral de Wittenberg, ainda é pouco conhecido dos brasileiros o que realmente é o movimento reformado, que se espalhou e transformou a Europa no século XVI.
O pouco conhecimento do que foi e como se desenvolveu a Reforma Protestante do séc. XVI, faz com que os cristãos evangélicos brasileiros, até mesmos os presbiterianos, mais diretamente ligados à tradição reformada, se distanciem do que realmente é ser um reformado e esse é um conceito especial que precisamos descobrir como legado da Reforma.  
A Reforma Protestante teve repercussões fundamentais nos conceitos políticos, educacionais e filosóficos de seu tempo, mas uma das principais mudanças ocorridas nesse período, não estava ligada aos reis e suas políticas nacionais, nem às mudanças significativas na religião cristã onde ela chegou. A principal transformação que podemos considerar como influência da Reforma Protestante foi o surgimento do “homem reformado” (conforme definiu o Rev. Dr. Hermisten MP da Costa).
O “homem reformado” é aquele que se volta para a Bíblia como sendo a Palavra de Deus e a considera como a única lente, pela qual a realidade pode ser discernida sem as falhas da interpretação humana. Esse “homem reformado” é Cristão, por excelência, pois, discerne que Cristo é o Senhor da vida e se dispõe viver para Ele, por isso, se levanta em profunda ética e comprometimento com a moralidade cristã, acima de todos os outros valores.
Como princípio fundamental de vida, o “homem reformado” elegeu o “viver para a glória de Deus”. Para ele, todas as ações humanas, bem como a própria existência de todas as coisas, só encontram significado real quando relacionadas com Deus e sua glória. 
Para o "homem reformado"todos os seres humanos foram criados à imagem e semelhança de Deus, isso faz com que se esforce ao máximo para a promoção qualitativa do ser humano, evitando as mazelas da cultura destruidora. Por isso, ele discerniu com precisão a relevância dos processos educacionais, políticos, desenvolvimento da ciência e outros aspectos que fizeram e continuam a fazer parte integrante da sociedade moderna equilibrada.

21 de outubro de 2010

Onde Está Sua Verdadeira Santidade?

Durante toda a nossa vida cristã, ouvimos falar sobre santidade como um alvo e um dever de todo cristão genuíno. A Escritura é assertiva nesse sentido e contém não poucas exortações para que isso aconteça em nossa vida. Mas, depois de tanto ouvir e conhecer acerca dessa necessidade, você se considera uma pessoa que vive em santidade? Sim? Não?
Para mim, a única resposta a uma pergunta como essa é “não” e por dois motivos. Primeiro, porque muitos têm negligenciado a Palavra de Deus e, de fato não buscam a santificação. Por outro lado, a resposta “não” acontece também na vida daqueles que têm exercitado verdadeira e pura santidade. Mas, se eles têm procurado a verdadeira santidade, por que respondem “não”? Porque todos os que se santificam para Deus sabem que sempre será pouco, porque seu Pai é santíssimo.
Alguns dos homens mais santos declararam que sua busca por santidade era a tarefa mais importante de toda a sua vida. Dentre eles, destaco o maravilhoso pregador George Whitefield. Ele se notabilizou por suas pregações vigorosas ao ar-livre que trouxe à Inglaterra, Pais de Gales, Escócia e Estados Unidos um novo ardor pela vida de santidade com Deus.
Whitefield, certa feita, fez uma visita ao Casal Jonathan e Sarah Edwards. Whitefield permaneceu na casa dos Edwards por uma semana e depois, de volta à Inglaterra escreveu sobre aqueles dias, testemunhando o seguinte da vida familiar daquele casal: “O senhor Edwards é um homem maravilhoso, casado com uma verdadeira filha de Abraão. Eles vivem de maneira simples e totalmente santa. O casal mais doce que eu conheci”. Whitefield, que nesse tempo era solteiro, disse que aqueles poucos dias de convivência o transformou, a ponto de ele começar a pedir a Deus que lhe desse uma esposa que fosse uma verdadeira filha de Abraão e que fosse um marido tão santo quanto o senhor Edwards.
A verdadeira santidade de um crente é aquela que ele vive em sua casa, nos momentos em que vive com sua família. Se alguém, como Whitefield fosse passar alguns dias em sua casa, o que ele diria sobre a sua santidade familiar? A sua verdadeira santidade não é aquela que você vive no lugar onde todos podem ver, mas nas ocasiões em que ou só você ou sua família podem ver.

19 de outubro de 2010

Números 16.20 a 40 - A Correção de Deus - A Rebelião de Coré

“Porque Deus nos Corrige?”

Números 16. 20 a 40

Introdução
Uma das mais difíceis tarefas para os estudiosos bíblicos está a definição da importância prática das narrativas contidas em livros como o de Números. Nesse relato do Capítulo 16, o fato ocorrido é tão cheio de horror que parece distanciar Deus do seu povo, a ponto de nos fazer pensar se realmente o Deus que se revelou naquele deserto de Cades é o mesmo que se revela no Novo Testamento como o Deus que amou o mundo.
Evidentemente, é o mesmo Deus, mas de que maneira uma narrativa tão cheia de horror pode nos ajudar e nos fazer amar a Deus e não nos afasta dele?
Recorrendo aos escritos do Novo Testamento, podemos nos encontrar com o Apóstolo Paulo em 1 Coríntios 10.6. Neste capitulo, o apóstolo contrasta os acontecimentos terríveis do período da caminhada no deserto e os relaciona ao amor de Deus, nos mostrando que servem aqueles episódios de ensino e alerta, quanto a importância da santidade de Deus.

Foco da Nossa Condição Decaída
O texto nos ensina os motivos de Deus para nos corrigir. As nossas cobiças podem ser a maior armadilha contra nós mesmos. Para nos proteger de nossas cobiças, Deus trabalha com sua disciplina. Portanto, devemos aprender com as disciplinas de Deus, as quais nos preparam para viver para Deus e não para nós mesmos.

Introdução
Tendemos a nos deter na grandiosidade e na ferocidade da obra inaudita de Deus descrita nesse texto. Mas, como vimos a abordagem do apóstolo Paulo sobre essas histórias do deserto, devemos atentar para as instruções que tais eventos produziram.
Não desejo minimizar a importância do acontecimento em si, portanto, desejo apenas dizer sobre o evento e a dureza com que Deus tratou a Coré, Datã e Abirão.
Não se esqueçam de que, com igual rigor Deus fulminou os filhos de Arão, quando estes levaram fogo estranho ao altar do Senhor. A congregação de Israel deveria compreender que o Caminho Redencional foi traçado por Deus. Este tem sido uma temática acompanhada em nossos estudos do Pentateuco, ou seja, que desde Gênesis 3.15, um dos aspectos a ser discutido é que o Descendente da mulher que subjgaria a serpente e se tornaria o Redentor de Israel seria levantado pelo próprio Senhor.
Vimos as histórias de Caim, do seu filho, dos filhos de Deus no dilúvio, de Ninrode em Babel, da escolha de Isaque, da luta de Jacó e Esaú, na história de José, o escolhido para ser príncipe entre os seus irmãos até a escolha de Moisés como o “Tipo” do Redentor no tempo da libertação dos israelitas do Egito.
Irmãos, a santidade de Deus não virá a nós pelas nossas próprias forças e pelos nossos métodos de auto-santificação. Não é a nossa vontade que produz a santidade em nossos atos. Deus está nos ensinando que o método de Deus para nos santificar é o único possível.

1º Argumento
Quando Deus nos corrige está nos mostrando e ensinando o caminho da sua misericórdia
Na revolta de Coré, mais uma vez, a escolha de Deus para trazer santidade ao seu povo está cedendo lugar à insatisfação dos homens, que são movidos por cobiça pessoal.
No capítulo 16, verso 1 a 3, eles reclamam que toda a congregação é santa e que todos deveriam ser considerados dignos de servirem na mediação da relação com Deus.
Mas eles não estão errados em dizer que Deus havia santificado aquelas pessoas de Israel para fazer deles um povo particular. Entretanto, o modo como aquela santidade haveria de se manifestar tinha um caminho próprio e, Moisés e Arão foram escolhidos como os instrumentos para essa mediação profética e sacerdotal.
A correção de Deus sobre a casa dos rebeldes nos mostra que Deus está vindicando sua santidade em seu povo. Ele está dizendo aos seus filhos que eles não deveriam se esquecer que a santidade da casa de Israel é derivada do processo de libertação que Ele, Deus, como o Verdadeiro Redentor de Israel, haveria de conduzir, no caso, através dos seus servos Arão e Moisés.
Deus não está rejeitando a casa de Israel, mas mostrando o quanto é importante que eles reconheçam adequadamente aqueles que Deus levantou para seguirem à frente da casa de Israel. Por isso, os capítulos que se seguem nos mostrarão a intercessão de Arão em favor do povo e a graça de Deus de lhes conceder misericórdia.



2º Argumento
Quando Deus nos corrige quer que percebamos que as nossas cobiças são uma grave armadilha contra nós mesmos

Coré era da família dos levitas, mais precisamente do grupo dos Coatitas. Eles eram responsáveis, principalmente, pelo transporte dos utensílios do tabernáculo, conhecidos como “coisas santíssimas”. Entretanto, eles não tinham autorização para sequer olhar para estes utensílios, que eram cobertos pelos filhos de Arão, consagrados para o sacerdócio sacrificial.
Coré, entretanto, junto com outros líderes tribais Datã e Abirão, líderes da tribo de Ruben, não acharam que suas condições como líderes em aspectos “menores” (como julgavam) não seria justa, pois se sentiam em condição igual à de Moisés.
No fundo, o que Deus identificou na atitude de Coré e seus amigos é que eles desejavam uma autoridade que Deus não lhes dera. Eles cobiçaram o cargo de Moisés e Arão e desejaram aquilo que Deus não lhes dera, isso significa que sua cobiça ultrapassou a medida e os levou a agir contra a vontade de Deus. Por isso, diz o texto que a ira do Senhor se ascendeu contra eles.
A maneira como o texto descreve os intentos do coração daqueles homens nos revela o que Deus pensava deles: verso 26: desviai-vos desses homens perversos; verso 38: aqueles que pecaram contra sua própria vida.
Que essas advertências nos sirvam de auxílio a nós que amamos ao Senhor. Para que nossas cobiças não nos levem a condiçãod e homens perversos, nem tampouco conspirem contra nossa própria vida. 

3º Argumento
Quando Deus nos corrige pretende que não nos esqueçamos jamais de que Ele é Deus

Notadamente, um dos problemas que o texto apresenta é a ligação de Datã e Abirão com a revolta de Coré. Eles, pelo que o texto sugere, seguiram a Coré e participaram de sua perversidade e cobiça. Entretanto, preferiram seguir o seu pequeno líder humano a continuar se submetendo à liderança de Deus por meio do seu escolhido, Moisés. Talvez, pensaram em adquirir algum poder em meio aos filhos de Israel ou alguma supremacia em relação ao povo que se deslocava no deserto.
Por incrível que pareça, um dos nossos maus hábitos em relação a Deus é achar que podemos realmente construir nossa realidade sem Deus ou longe dos seus métodos para nós.
A Escritura é muito clara sobre a mediação de Jesus e a nossa aproximação dele por meio da Palavra, mas teimamos em nos deixar levar para longe do Senhor, seguindo outros conceitos, outras estratégias, como se apenas vivêssemos para nós mesmos.

Continua... 





7 de outubro de 2010

Levítico 16.29 a 34


“A Santidade de Deus Exige Uma Reforma Espiritual”

Levítico 16. 29 a 34

Introdução
O movimento reformador do século XVI teve evidente repercussão na vida das pessoas e dos Estados Nacionais que o abrigaram. Não somente naqueles casos em que os Estados Nacionais aderiram ou foram tolerantes com o movimento de reforma, mas também naquelas nações que rejeitaram completamente as idéias reformadas e a rechaçaram com força, tais como Espanha e Portugal, os tempos mostrarão que a influencia da Reforma Protestante, alcançou fortemente essas sociedades, mudando hábitos religiosos, bem como o comportamento dos homens em relação à economia. Um estudioso da Universidade de Cambridge, Dr. Quentin Skinner, escreveu uma obra excelente que analisa a influência da Reforma Protestante na formação do pensamento político moderno. Para quem deseja ler esse material, sei que existe uma tradução para o português, mas o seu título em inglês é: The Foundations of Modern Political Thought - 1978. 
Normalmente, as pessoas pensam que os Reformadores queriam apenas transformar a igreja, pois não concordavam com os sistemas religiosos da época ou com os erros doutrinários da Igreja. De fato, essa foi a pedra de toque para que o movimento saísse as paredes dos conventos católicos e das sua grandes catedrais, mas um estudo um pouco mais detido sobre as biografias das personagens principais da Reforma, encontraremos uma necessidade mais prioritária que os motivou à sua luta religiosa, eram homens desejosos de uma vida mais santa, eles buscaram primeiramente uma REFORMA ESPIRITUAL e PESSOAL.
Os grandes líderes da Reforma do Século XVI, bem como grandes nomes do Cristianismo, até mesmo dentro do Catolicismo pós Reforma, foram tomados por uma necessidade concreta da busca da Santidade, pois as Implicações mais importantes da vida com Deus, estavam assentadas sobre as implicações de como alguém pecador pode servir e agradar a um Deus Santo.
Foco da Nossa Condição Decaída

O texto nos faz refletir sobre o que Deus esperava ensinar a Israel exigindo o compromisso constante do sacrifício e em particular com o dia da Expiação, como se fosse um dia da Confissão Nacional de Pecados. Isso nos leva ao sentimento de que Deus deseja que o seu povo saiba que vive debaixo do governo de um Deus santo e que sua vida deve sofrer as implicações da santidade de Deus.


Primeiro Argumento
Quem Serve a Um Deus Santo Deve Sofrer o Impacto de Sua Santidade em

Um Constante Reconhecimento do Seu Pecado

O cristianismo dos nossos dias tornou-se pragmático, extremamente materialista e deformante, pois nos leva a pensar que ser um cristão significa apenas que declaramos uma fé histórica em Cristo e que isso resolve todas as nossas pendências espirituais e pronto. Por outro lado, temos o crescimento do movimento neopentecostal, com a teologia da prosperidade que afirma com todas as letras que você deve ser um cristão para que Deus te recompense materialmente.

Acredito que esse é um estado sempre possível em tempos e lugares onde as coisas estão de fato resolvidas em muitos sentidos. Pois, ao contrário do que vemos nos lugares onde os cristãos sofrem perseguições e restrições para servirem a Deus. Nestes lugares, as prioridades dos cristãos não são o acúmulo de bens materiais e as implicações de um Deus Vivo, presente e santo são mais claras e necessárias para se enfrentar o dia-a-dia.

O que estava acontecendo no deserto é que o povo caminhava par a uma terra que mana leite e mel. As promessas de descanso, feitas por Yaweh poderiam levar o povo a uma grande felicidade, baseada nas promessas do Senhor, entretanto, eles não deveriam se esquecer de que uma coisa ainda não estava boa para eles: ELES CONTINUAVAM SOB OS EFEITOS MALIGNOS DO PECADO.

O texto nos mostra que eles deveriam dar absoluta atenção ao DIA DA EXPIAÇÃO. Eles já faziam seus sacrifícios pelos pecados, mas um DIA de CONFISSÃO NACIONAL deveria fazer parte do seu calendário para que ninguém jamais se esquecesse de que precisam ser transformados e purificados.

Três coisas importantes aprendemos nos versos 29 e 30 sobre a pecaminosidade humana e o seu reconhecimento como implicação da santidade de Deus: primeiro - a realidade do pecado viceralmente ligado à nossa natureza; segundo - a importância desse conceito na vida de relacionamento com Deus; terceiro - a consideração na alma sobre os efeitos do pecado.

Segundo Argumento
Quem Serve a Um Deus Santo Deve Sofrer o Impacto de Sua Santidade em

Um Constante Reconhecimento de Que Deus Tem o Seu Método Para Resolver o Problema do Nosso Pecado

O contexto mais remoto desse texto nos mostra que os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, acharam que era possível tratar com a questão do pecado utilizando metodologias humanas. Mas, a manifestação da ira de Deus contra os dois, deixou claro que as coisas não podem ser do jeito do homem, mas segundo a metodologia de Deus.

Infelizmente, esta ainda é um dos problemas do cristianismo em diversos segmentos. Quero lembrar que nos dias de Lutero foi essa a grande questão, pois a Igreja tentava lidar com o pecado humano com idéias extra-biblicas como o purgatório e as indulgências, por meio das quais se poderiam adquirir a santidade dos santos em favor dos vivos e até dos mortos.

O modo de Deus para lidar com o pecado do homem aponta diretamente para Jesus Cristo, por isso a figura sacerdotal e os requisitos  do uso das vestes e aparatos sacerdotais eram necessários e deveriam ser seguidos à risca.

Entre as coisas que aprendemos no verso 32 sobre a metodologia d e Deus para lidar com o pecado está a representatividade, isto é, o sacerdote deve exercer o papel de representante, esta é a principal característica da roupa sacerdotal.

Terceiro Argumento
Quem Serve a Um Deus Santo Deve Sofrer o Impacto de Sua Santidade em
Um Reconhecimento do Globalidade do Pecado

Não resta dúvida de que o orgulho espiritual é um dos males da religião. O orgulho espiritual faz com que nos deixemos impressionar com nossa condição a ponto de acharmos que não existem pessoas tão perfeitas quanto nós, que nossa teologia ou que plástica do nosso culto nos faz pessoas mais aceitáveis que as demais.

O orgulho espiritual foi o que fez com que Caim se distanciasse de Deus, foi o que provocou a ira Deus na Torre de Babel, foi o que levou os filhos de Arão à condenação da ira de Deus, foi o que tornou Israel tão insensível à presença de Deus, o que o levou ao exílio, foi o grande erro dos fariseus, o orgulho espiritual levou a Igreja Católica a criar várias doutrinas extra-biblicas durante o percurso da Idade Média... O orgulho espiritual está dominando a igreja evangélica nos dias atuais...

Devemos aprender com o que Deus ensina sobre o orgulho espiritual neste texto. O sacerdote, mesmo o sumo sacerdote deve reconhecer que está em pecado e que precisa ser purificado. A prioridade do povo de Israel no deserto e na Terra Prometida deveria lembrar-se de que o seu pecado precisa de ser tratado segundo o método da aflição da alma e da busca de Deus, que é santo.

Conclusão
Nenhuma outra necessidade é maior que a admissão de nossa própria pecaminosidade. Por mais que desejemos viver os louros da vitória que temos em Cristo, devemos nos lembrar que ainda existe o problema de que em nós ainda permanecem os efeitos do pecado.
Nós precisamos, mais que todos os outros homens, trazer a Cruz de Cristo para nossa experiência diária. Isto implica em uma contínua busca da santidade em nossa vida pessoal. A Reforma da Igreja, dos dias atuais caminhará na direção de uma nova busca por santidade. Gostaria de ver em nossa geração um mover de Deus, por meio do qual, Ele nos leve para experiências com as maiores profundidades do relacionamento com Ele. Isso não acontecerá sem que busquemos a santificação. 

Aplicação
Caros irmãos, bem poucas coisas nos são necessárias enfatizar em nossa vida prática com Deus. Na realidade, como igreja precisamos nos conscientizar de que temos enfatizado demais o pragmatismo consumista e  materialista, enfocando drasticamente a nossa vida na busca da construção de um Reino Material. 
Gosto de lhes dizer que não sou absolutamente contra a busca de melhorias nas condições materiais das famílias, mas estou grandemente preocupado com o fato de que estamos tão focados nisso, que estamos nos separando da comunhão com Deus. 
Estamos ocorrendo no grande erro do povo Israel. O desvio de que foram grandemente prevenidos por Deus, quer por meio dos preceitos diretos do SEnhor, de seus conselhos e mesmo de seu modelo sacrificial estabelecido, o qual era altamente didático como vimos nesse caso do Dia da Expiação. 
Dois aspectos quero destacar como sendo algo prático que podemos fazer como igreja. Primeiro, para que jamais nos esqueçamos de que somos pecadores e que precisamos de que Deus nos venha socorrer, creio que devemos planejar um Dia de Confissão Eclesiástica. Não será um Dia de Expiação, pois a nossa Expiação foi realizada na Cruz, o sangue foi aspergido sobre o Tabernáculo Eterno, mas podemos e devemos CONFESSAR nosso pecado, como comunidade cristã. 
Em segundo lugar, gostaria de citar a necessidade de que os lares desenvolvam o hábito de CONFESSAR os seus pecados. Os chefes de família devem reunir os seus e com eles orar ao Senhor, confessar seus pecados uns aos outros, para que Deus lhes seja favorável como família. 
Para encerrar, conclamo-vos a orarem por essas causas. Nenhuma capacitação do céu descerá sobre nós se nos mantermos calados e de coração endurecidos. Mas, a palavra nos diz que podemos pedir, pedir e ele nos dará. Deus nos dê essa bênção. Amém.   







6 de outubro de 2010

Êxodo 3. 1 a 15 - O Chamado de Moisés

“A Santidade de Deus e o Chamado Para a Reforma Constante”

Êxodo 3.1 a 15


Quem era Moisés
Sem dúvida alguma, Moisés é uma das mais importantes personagens da História. Na Bíblia, a proeminência de Moisés é de longe vista, tanto no Velho Testamento quanto no Novo. Ele é considerado figura chave do processo de Redenção, desencadeado ainda no Jardim do Éden, quando Deus prometeu um “Descendente” para destruir a serpente e libertar o homem do cativeiro do pecado.
Ele é o autor do Pentateuco, essa é a nossa posição, que segue a escola ortodoxa de interpretação. Não iremos discutir essa questão nesse texto. Caso você não se encaixe bem nesse grupo ortodoxo, ao menos já sabe qual é o ponto de vista do qual falamos nesse trecho do capítulo 3 do livro do Êxodo.
Moisés escreve ao povo que peregrina no deserto. Ele quer esclarecer-lhes algumas coisas, entre elas, apresentar-lhes as respostas básicas sobre o porque Deus espera tirá-los do Egito e levá-los para Canaã, para que lhe sejam um povo próprio e exclusivo.
Mas, depois de falar-lhes sobre a origem abramica do povo escolhido, Moisés precisa apresentar-se, dizer a eles quem era aquele que falava e quais eram as credenciais do seu chamado para ser o libertador.
Você verá que os primeiros três capítulos de Gênesis são um salto histórico de 400 anos e que a história de Moisés é contada de uma forma muito suscinta.  Era necessário destacar algumas coisas:

· Primeiro a presença de Israel - Jacó no Egito - No primeiro capitulo de Êxodo, a ênfase era no fato de que a família de Jacó descera até o Egito e sua descendência cresceu exponencialmente.
· Em segundo lugar a luta dos filhos do Egito contra os filhos de Israel - recuperando o contexto de Gênesis sobre a importância da família como instrumento da vinda do Redentor.
· Destacamos em terceiro lugar o nascimento difícil de Moisés - No capítulo 2, dois temas são importantes, o primeiro deles é o nascimento de Moisés e o modo sobrenatural de sua sobrevivência. Isto implica na importante visão da necessidade da preservação do “descendente”, que sobrevive por causa de Yaweh.  O segundo aspecto desse capítulo é a demonstração de que Moisés identificava-se com o povo hebreu, embora não tivesse qualificações para tal, por isso, foge para o deserto de Midiã, onde será preparado por Yaweh para ser o grande libertador.
· Em seguida, já adentrando o capítulo 3, começamos a ver o nascimento de um novo Moisés - Por fim, chegamos ao nosso texto, onde veremos que o Homem Moisés será transformado para servir ao Senhor na causa do seu Reino.


Foco da Nossa Condição Decaída
Todos os crentes deveriam estar prontos para serem usados por Deus. Na verdade, todos temos recebido o chamado para agir. Entretanto, quais devem ser as implicações desse chamado? O texto nos mostra que o conceito mais profundo da Santidade de Deus é primordial para o início de uma vida de serviço ao Senhor.

PRIMEIRO ARGUMENTO
O Chamado de Deus Para Uma Reforma Constante Tem Como Ponto de Partida a Vontade do Próprio Deus

Creio que é parte integrante do intento de Moisés mostrar ao povo de Israel que o seu chamado não provocado por ele, mas por Deus. Que ele não havia planejado ser o libertador do povo de Deus, mas que Deus foi ao seu encontro para tal.
Creio que o motivo dessa diretriz do texto é mostrar que a dignidade do nosso chamado jamais está fundamentada em nós mesmos, mas naquele que nos chama.
É completamente arrogante e contrário ao modo de Deus agir, o homem arrogar qualquer direito de chamado ou auto-proclamar-se qualquer coisa no Reino de Deus.
O texto nos informa que Moisés estava longe de ser alguém, mas tudo o que havia acontecido em sua vida era resultado da ação providente de Deus. O seu chamado, especificamente, aconteceu num dia comum de sua vida, em que saíra a pastorear as ovelhas de seu sogro.
A aparição da sarça não era o foco da narrativa, ela foi usada para chamar a atenção de Moisés. Ou seja, mais uma vez, fica evidente que Deus está provocando aquele encontro necessário.
Por fim, do meio da Sarça, o Anjo do Senhor chama a Moisés. A convocação parte de Deus e não das intenções, percepções, capacitações do próprio Moisés.

SEGUNDO ARGUMENTO
O Chamado de Deus Para Uma Reforma Constante Tem Como Evidência a Percepção da Santidade de Deus

Quando Deus nos chama para um encontro com Ele, quais são os elementos que nos revelam que verdadeiramente estivemos com Deus?
Jonathan Edwards, avaliando as diversas experiências religiosas ocorridas em meio ao Primeiro Grande Despertamento na América no século XVIII.  Em sua análise dessas alegadas experiências com Deus, ele nos fala que existem sinais que apontam seriamente para um encontro com Deus verddeiro com Deus e a falsa experiência espiritual. Entre estes sinais, Jonathan Edwards diz: “Um verdadeiro encontro Deus põe em destaque a santidade de Deus”.
Entre as mais explicitas histórias sobre essa verdade, temos o relato do Comissionamento do profeta Isaías, registrado no livro do profeta no capítulo 6. 
Aqui, em nosso texto, a santidade de Deus é colocada em relevo por Moisés, mostrando que o seu encontro com Deus, quando do seu comissionamento, foi sobretudo um encontro com a santidade de Deus.
O que acontecia de impressionante no epsódio da sarça não era que ela não se consumia, mas que a Santidade de Deus se fazia presente naquele lugar.
Para mim, esta é uma das mais importantes lições sobre o nosso relacionamento com Deus. Quantas pessoas estão tão impressionadas com as possíveis maravilhas que encontram no ajuntamento cristão e não conseguem sequer perceber a santidade de Deus em nossas vidas.

TERCEIRO ARGUMENTO
O Chamado de Deus Para Uma Reforma Constante Nasce de Uma Necessidade Concreta Para Uma Realidade Concreta

Temos tratado em alguns textos de Moisés o tema da instrumentalidade dos servos de Deus. Neste texto, perceberemos que Moisés está sendo convocado para ser um instrumento de Deus para a libertação do povo de Deus.
Mas o que motiva Deus em fazer esse chamado? Será o grande prazer de mostrar a todos o quão é capaz de usar os homens?
Bem, podemos dizer que, de alguma maneira isso é verdadeiro. Pois Deus mostra o seu poder ao escolher homens frágeis e agir na história através de suas vidas, mostrando assim como Ele é grande. Mas, não podemos negar que Deus também tem situações concretas que quer transformar usando homens.
No caso, você vê a situação de Israel e Deus atentando para a sua condição. Deus chama Moisés e revela ao seu escolhido qual é o seu propósito naquele chamado.
Creio que boa parte da nossa falta de dedicação no Reino e de entrega à obra, tenha a ver com o fato de que não compreendemos as necessidades concretas do nosso chamado. Muitas vezes, não conseguimos visualizar as realidades que precisam ser transformadas ao nosso redor e exercemos nossos chamados sem vigor, sem interagir com a realidade e sem meditar nos desejos de Deus para a realidade concreta ao nosso redor.

QUARTO ARGUMENTO
O Chamado de Deus Para Uma Reforma Constante Tem Como A Maior Certeza de Vitória na Convicção da Presença Poderosa de Deus

Tenho me perguntado porque é tão comum haver desânimo em tantos ministérios da igreja. Temos visto que nossas expectativas de sucesso nos ministérios estão concentradas na capacidade inovadora dos líderes que afirmam-se como homens capazes de sempre motivar seus liderados, propondo coisas novas, que fujam às rotinas já acostumadas do povo.
A motivação de Deus para Moisés não é baseada em nenhuma estratégia nova. Deus apenas diz a Moisés: Eu serei contigo.
Quando Moisés questiona ainda sobre esse projeto redencional de Deus, ele diz: ... Eu não conseguirei convencer o povo apenas dizendo que o Senhor está comigo. Quem é o Senhor que irá comigo?
O texto aponta para a grandiosidade de Deus com as afirmações: EU SOU...
Sobre esse nome, que aponta para a eternidade de Deus, tem como propósito mostrar que o Deus Criador, o mesmo do Gênesis... O mesmo de Abrão, Isaque e Jacó... O mesmo das eternas eternidades... Esse é o fator decisivo para que o nosso chamado para a Reforma Constante nos dê total confiança.

CONCLUSÃO
Estamos em um tempo muito importante para a nossa igreja. Um momento de definições importantes, pois estamos prestes a eleger e nomear as diversas lideranças da igreja para o próximo ano, e, em especial, para o início de mais um período do meu ministério nesta igreja.
Meus amados irmãos, desejo convocar-lhes a pensar sobre a realidade de nossa igreja. A realidade é que temos um papel fundamental na propagação do evangelho puro, ético e centrado na palavra em nossa região, mas não temos exercido esse papel.
Devemos pensar em nossas novas lideranças com uma perspectiva não fechada em nossas próprias paredes, mas objetivando compromissos com a vontade de Deus em termos mais gerais, alcançando vidas fora da Igreja.
O que precisamos para esse desafio é aquilo que resumidamente colhemos neste texto, ou seja:
Compreeder que o nosso chamado é um chamado de Deus
Compreender que o melhor no nosso chamado é a experiência com a Santidade de Deus
Compreender que existem realidades ao nosso redor que Deus nos chama para transformar
Compreender que o que nos garante qualquer tipo de vitória é a presença poderosa de Deus.

APLICAÇÃO
No próximo ano na IPBVF, muitas lideranças irão assumir responsabilidades em um projeto ministerial que prevê um trabalho para, no mínimo, três anos, sendo renovado anualmente a cada final de ano.
Gostaria que todos os membros da IPBVF estivessem disponíveis para esse grande empreendimento e que se sentissem não chamados por mim, ou pelo conselho, mas pelo próprio Deus.

Oração
Senhor Deus!
Tu és Santo e tua fidelidade se eleva para além das nuvens.
Clamamos que tenhas misericórdia dos teus filhos, que reconhecem que têm sido negligentes quanto ao chamado do Senhor.
Reconhecemos que se fomos chamados, foi o Senhor quem nos chamou. Também declaramos que Tua Santidade nos causa grande constrangimento, pois ela nos faz ver nossa pecaminosidade e deslealdade a Ti.
Pai, dá-nos visão clara sobre a realidade ao nosso redor, permita-nos ver  o que queres realizar por nosso intermédio e quais as realidades que desejas transformar.
Levantaremo-nos para seguir o nosso chamado e clamamos apenas uma coisa: Que Tu vá conosco!

Em nome de Jesus

Amém!