7 de outubro de 2010

Levítico 16.29 a 34


“A Santidade de Deus Exige Uma Reforma Espiritual”

Levítico 16. 29 a 34

Introdução
O movimento reformador do século XVI teve evidente repercussão na vida das pessoas e dos Estados Nacionais que o abrigaram. Não somente naqueles casos em que os Estados Nacionais aderiram ou foram tolerantes com o movimento de reforma, mas também naquelas nações que rejeitaram completamente as idéias reformadas e a rechaçaram com força, tais como Espanha e Portugal, os tempos mostrarão que a influencia da Reforma Protestante, alcançou fortemente essas sociedades, mudando hábitos religiosos, bem como o comportamento dos homens em relação à economia. Um estudioso da Universidade de Cambridge, Dr. Quentin Skinner, escreveu uma obra excelente que analisa a influência da Reforma Protestante na formação do pensamento político moderno. Para quem deseja ler esse material, sei que existe uma tradução para o português, mas o seu título em inglês é: The Foundations of Modern Political Thought - 1978. 
Normalmente, as pessoas pensam que os Reformadores queriam apenas transformar a igreja, pois não concordavam com os sistemas religiosos da época ou com os erros doutrinários da Igreja. De fato, essa foi a pedra de toque para que o movimento saísse as paredes dos conventos católicos e das sua grandes catedrais, mas um estudo um pouco mais detido sobre as biografias das personagens principais da Reforma, encontraremos uma necessidade mais prioritária que os motivou à sua luta religiosa, eram homens desejosos de uma vida mais santa, eles buscaram primeiramente uma REFORMA ESPIRITUAL e PESSOAL.
Os grandes líderes da Reforma do Século XVI, bem como grandes nomes do Cristianismo, até mesmo dentro do Catolicismo pós Reforma, foram tomados por uma necessidade concreta da busca da Santidade, pois as Implicações mais importantes da vida com Deus, estavam assentadas sobre as implicações de como alguém pecador pode servir e agradar a um Deus Santo.
Foco da Nossa Condição Decaída

O texto nos faz refletir sobre o que Deus esperava ensinar a Israel exigindo o compromisso constante do sacrifício e em particular com o dia da Expiação, como se fosse um dia da Confissão Nacional de Pecados. Isso nos leva ao sentimento de que Deus deseja que o seu povo saiba que vive debaixo do governo de um Deus santo e que sua vida deve sofrer as implicações da santidade de Deus.


Primeiro Argumento
Quem Serve a Um Deus Santo Deve Sofrer o Impacto de Sua Santidade em

Um Constante Reconhecimento do Seu Pecado

O cristianismo dos nossos dias tornou-se pragmático, extremamente materialista e deformante, pois nos leva a pensar que ser um cristão significa apenas que declaramos uma fé histórica em Cristo e que isso resolve todas as nossas pendências espirituais e pronto. Por outro lado, temos o crescimento do movimento neopentecostal, com a teologia da prosperidade que afirma com todas as letras que você deve ser um cristão para que Deus te recompense materialmente.

Acredito que esse é um estado sempre possível em tempos e lugares onde as coisas estão de fato resolvidas em muitos sentidos. Pois, ao contrário do que vemos nos lugares onde os cristãos sofrem perseguições e restrições para servirem a Deus. Nestes lugares, as prioridades dos cristãos não são o acúmulo de bens materiais e as implicações de um Deus Vivo, presente e santo são mais claras e necessárias para se enfrentar o dia-a-dia.

O que estava acontecendo no deserto é que o povo caminhava par a uma terra que mana leite e mel. As promessas de descanso, feitas por Yaweh poderiam levar o povo a uma grande felicidade, baseada nas promessas do Senhor, entretanto, eles não deveriam se esquecer de que uma coisa ainda não estava boa para eles: ELES CONTINUAVAM SOB OS EFEITOS MALIGNOS DO PECADO.

O texto nos mostra que eles deveriam dar absoluta atenção ao DIA DA EXPIAÇÃO. Eles já faziam seus sacrifícios pelos pecados, mas um DIA de CONFISSÃO NACIONAL deveria fazer parte do seu calendário para que ninguém jamais se esquecesse de que precisam ser transformados e purificados.

Três coisas importantes aprendemos nos versos 29 e 30 sobre a pecaminosidade humana e o seu reconhecimento como implicação da santidade de Deus: primeiro - a realidade do pecado viceralmente ligado à nossa natureza; segundo - a importância desse conceito na vida de relacionamento com Deus; terceiro - a consideração na alma sobre os efeitos do pecado.

Segundo Argumento
Quem Serve a Um Deus Santo Deve Sofrer o Impacto de Sua Santidade em

Um Constante Reconhecimento de Que Deus Tem o Seu Método Para Resolver o Problema do Nosso Pecado

O contexto mais remoto desse texto nos mostra que os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, acharam que era possível tratar com a questão do pecado utilizando metodologias humanas. Mas, a manifestação da ira de Deus contra os dois, deixou claro que as coisas não podem ser do jeito do homem, mas segundo a metodologia de Deus.

Infelizmente, esta ainda é um dos problemas do cristianismo em diversos segmentos. Quero lembrar que nos dias de Lutero foi essa a grande questão, pois a Igreja tentava lidar com o pecado humano com idéias extra-biblicas como o purgatório e as indulgências, por meio das quais se poderiam adquirir a santidade dos santos em favor dos vivos e até dos mortos.

O modo de Deus para lidar com o pecado do homem aponta diretamente para Jesus Cristo, por isso a figura sacerdotal e os requisitos  do uso das vestes e aparatos sacerdotais eram necessários e deveriam ser seguidos à risca.

Entre as coisas que aprendemos no verso 32 sobre a metodologia d e Deus para lidar com o pecado está a representatividade, isto é, o sacerdote deve exercer o papel de representante, esta é a principal característica da roupa sacerdotal.

Terceiro Argumento
Quem Serve a Um Deus Santo Deve Sofrer o Impacto de Sua Santidade em
Um Reconhecimento do Globalidade do Pecado

Não resta dúvida de que o orgulho espiritual é um dos males da religião. O orgulho espiritual faz com que nos deixemos impressionar com nossa condição a ponto de acharmos que não existem pessoas tão perfeitas quanto nós, que nossa teologia ou que plástica do nosso culto nos faz pessoas mais aceitáveis que as demais.

O orgulho espiritual foi o que fez com que Caim se distanciasse de Deus, foi o que provocou a ira Deus na Torre de Babel, foi o que levou os filhos de Arão à condenação da ira de Deus, foi o que tornou Israel tão insensível à presença de Deus, o que o levou ao exílio, foi o grande erro dos fariseus, o orgulho espiritual levou a Igreja Católica a criar várias doutrinas extra-biblicas durante o percurso da Idade Média... O orgulho espiritual está dominando a igreja evangélica nos dias atuais...

Devemos aprender com o que Deus ensina sobre o orgulho espiritual neste texto. O sacerdote, mesmo o sumo sacerdote deve reconhecer que está em pecado e que precisa ser purificado. A prioridade do povo de Israel no deserto e na Terra Prometida deveria lembrar-se de que o seu pecado precisa de ser tratado segundo o método da aflição da alma e da busca de Deus, que é santo.

Conclusão
Nenhuma outra necessidade é maior que a admissão de nossa própria pecaminosidade. Por mais que desejemos viver os louros da vitória que temos em Cristo, devemos nos lembrar que ainda existe o problema de que em nós ainda permanecem os efeitos do pecado.
Nós precisamos, mais que todos os outros homens, trazer a Cruz de Cristo para nossa experiência diária. Isto implica em uma contínua busca da santidade em nossa vida pessoal. A Reforma da Igreja, dos dias atuais caminhará na direção de uma nova busca por santidade. Gostaria de ver em nossa geração um mover de Deus, por meio do qual, Ele nos leve para experiências com as maiores profundidades do relacionamento com Ele. Isso não acontecerá sem que busquemos a santificação. 

Aplicação
Caros irmãos, bem poucas coisas nos são necessárias enfatizar em nossa vida prática com Deus. Na realidade, como igreja precisamos nos conscientizar de que temos enfatizado demais o pragmatismo consumista e  materialista, enfocando drasticamente a nossa vida na busca da construção de um Reino Material. 
Gosto de lhes dizer que não sou absolutamente contra a busca de melhorias nas condições materiais das famílias, mas estou grandemente preocupado com o fato de que estamos tão focados nisso, que estamos nos separando da comunhão com Deus. 
Estamos ocorrendo no grande erro do povo Israel. O desvio de que foram grandemente prevenidos por Deus, quer por meio dos preceitos diretos do SEnhor, de seus conselhos e mesmo de seu modelo sacrificial estabelecido, o qual era altamente didático como vimos nesse caso do Dia da Expiação. 
Dois aspectos quero destacar como sendo algo prático que podemos fazer como igreja. Primeiro, para que jamais nos esqueçamos de que somos pecadores e que precisamos de que Deus nos venha socorrer, creio que devemos planejar um Dia de Confissão Eclesiástica. Não será um Dia de Expiação, pois a nossa Expiação foi realizada na Cruz, o sangue foi aspergido sobre o Tabernáculo Eterno, mas podemos e devemos CONFESSAR nosso pecado, como comunidade cristã. 
Em segundo lugar, gostaria de citar a necessidade de que os lares desenvolvam o hábito de CONFESSAR os seus pecados. Os chefes de família devem reunir os seus e com eles orar ao Senhor, confessar seus pecados uns aos outros, para que Deus lhes seja favorável como família. 
Para encerrar, conclamo-vos a orarem por essas causas. Nenhuma capacitação do céu descerá sobre nós se nos mantermos calados e de coração endurecidos. Mas, a palavra nos diz que podemos pedir, pedir e ele nos dará. Deus nos dê essa bênção. Amém.   







Nenhum comentário:

Postar um comentário

Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!