6 de outubro de 2010

Êxodo 3. 1 a 15 - O Chamado de Moisés

“A Santidade de Deus e o Chamado Para a Reforma Constante”

Êxodo 3.1 a 15


Quem era Moisés
Sem dúvida alguma, Moisés é uma das mais importantes personagens da História. Na Bíblia, a proeminência de Moisés é de longe vista, tanto no Velho Testamento quanto no Novo. Ele é considerado figura chave do processo de Redenção, desencadeado ainda no Jardim do Éden, quando Deus prometeu um “Descendente” para destruir a serpente e libertar o homem do cativeiro do pecado.
Ele é o autor do Pentateuco, essa é a nossa posição, que segue a escola ortodoxa de interpretação. Não iremos discutir essa questão nesse texto. Caso você não se encaixe bem nesse grupo ortodoxo, ao menos já sabe qual é o ponto de vista do qual falamos nesse trecho do capítulo 3 do livro do Êxodo.
Moisés escreve ao povo que peregrina no deserto. Ele quer esclarecer-lhes algumas coisas, entre elas, apresentar-lhes as respostas básicas sobre o porque Deus espera tirá-los do Egito e levá-los para Canaã, para que lhe sejam um povo próprio e exclusivo.
Mas, depois de falar-lhes sobre a origem abramica do povo escolhido, Moisés precisa apresentar-se, dizer a eles quem era aquele que falava e quais eram as credenciais do seu chamado para ser o libertador.
Você verá que os primeiros três capítulos de Gênesis são um salto histórico de 400 anos e que a história de Moisés é contada de uma forma muito suscinta.  Era necessário destacar algumas coisas:

· Primeiro a presença de Israel - Jacó no Egito - No primeiro capitulo de Êxodo, a ênfase era no fato de que a família de Jacó descera até o Egito e sua descendência cresceu exponencialmente.
· Em segundo lugar a luta dos filhos do Egito contra os filhos de Israel - recuperando o contexto de Gênesis sobre a importância da família como instrumento da vinda do Redentor.
· Destacamos em terceiro lugar o nascimento difícil de Moisés - No capítulo 2, dois temas são importantes, o primeiro deles é o nascimento de Moisés e o modo sobrenatural de sua sobrevivência. Isto implica na importante visão da necessidade da preservação do “descendente”, que sobrevive por causa de Yaweh.  O segundo aspecto desse capítulo é a demonstração de que Moisés identificava-se com o povo hebreu, embora não tivesse qualificações para tal, por isso, foge para o deserto de Midiã, onde será preparado por Yaweh para ser o grande libertador.
· Em seguida, já adentrando o capítulo 3, começamos a ver o nascimento de um novo Moisés - Por fim, chegamos ao nosso texto, onde veremos que o Homem Moisés será transformado para servir ao Senhor na causa do seu Reino.


Foco da Nossa Condição Decaída
Todos os crentes deveriam estar prontos para serem usados por Deus. Na verdade, todos temos recebido o chamado para agir. Entretanto, quais devem ser as implicações desse chamado? O texto nos mostra que o conceito mais profundo da Santidade de Deus é primordial para o início de uma vida de serviço ao Senhor.

PRIMEIRO ARGUMENTO
O Chamado de Deus Para Uma Reforma Constante Tem Como Ponto de Partida a Vontade do Próprio Deus

Creio que é parte integrante do intento de Moisés mostrar ao povo de Israel que o seu chamado não provocado por ele, mas por Deus. Que ele não havia planejado ser o libertador do povo de Deus, mas que Deus foi ao seu encontro para tal.
Creio que o motivo dessa diretriz do texto é mostrar que a dignidade do nosso chamado jamais está fundamentada em nós mesmos, mas naquele que nos chama.
É completamente arrogante e contrário ao modo de Deus agir, o homem arrogar qualquer direito de chamado ou auto-proclamar-se qualquer coisa no Reino de Deus.
O texto nos informa que Moisés estava longe de ser alguém, mas tudo o que havia acontecido em sua vida era resultado da ação providente de Deus. O seu chamado, especificamente, aconteceu num dia comum de sua vida, em que saíra a pastorear as ovelhas de seu sogro.
A aparição da sarça não era o foco da narrativa, ela foi usada para chamar a atenção de Moisés. Ou seja, mais uma vez, fica evidente que Deus está provocando aquele encontro necessário.
Por fim, do meio da Sarça, o Anjo do Senhor chama a Moisés. A convocação parte de Deus e não das intenções, percepções, capacitações do próprio Moisés.

SEGUNDO ARGUMENTO
O Chamado de Deus Para Uma Reforma Constante Tem Como Evidência a Percepção da Santidade de Deus

Quando Deus nos chama para um encontro com Ele, quais são os elementos que nos revelam que verdadeiramente estivemos com Deus?
Jonathan Edwards, avaliando as diversas experiências religiosas ocorridas em meio ao Primeiro Grande Despertamento na América no século XVIII.  Em sua análise dessas alegadas experiências com Deus, ele nos fala que existem sinais que apontam seriamente para um encontro com Deus verddeiro com Deus e a falsa experiência espiritual. Entre estes sinais, Jonathan Edwards diz: “Um verdadeiro encontro Deus põe em destaque a santidade de Deus”.
Entre as mais explicitas histórias sobre essa verdade, temos o relato do Comissionamento do profeta Isaías, registrado no livro do profeta no capítulo 6. 
Aqui, em nosso texto, a santidade de Deus é colocada em relevo por Moisés, mostrando que o seu encontro com Deus, quando do seu comissionamento, foi sobretudo um encontro com a santidade de Deus.
O que acontecia de impressionante no epsódio da sarça não era que ela não se consumia, mas que a Santidade de Deus se fazia presente naquele lugar.
Para mim, esta é uma das mais importantes lições sobre o nosso relacionamento com Deus. Quantas pessoas estão tão impressionadas com as possíveis maravilhas que encontram no ajuntamento cristão e não conseguem sequer perceber a santidade de Deus em nossas vidas.

TERCEIRO ARGUMENTO
O Chamado de Deus Para Uma Reforma Constante Nasce de Uma Necessidade Concreta Para Uma Realidade Concreta

Temos tratado em alguns textos de Moisés o tema da instrumentalidade dos servos de Deus. Neste texto, perceberemos que Moisés está sendo convocado para ser um instrumento de Deus para a libertação do povo de Deus.
Mas o que motiva Deus em fazer esse chamado? Será o grande prazer de mostrar a todos o quão é capaz de usar os homens?
Bem, podemos dizer que, de alguma maneira isso é verdadeiro. Pois Deus mostra o seu poder ao escolher homens frágeis e agir na história através de suas vidas, mostrando assim como Ele é grande. Mas, não podemos negar que Deus também tem situações concretas que quer transformar usando homens.
No caso, você vê a situação de Israel e Deus atentando para a sua condição. Deus chama Moisés e revela ao seu escolhido qual é o seu propósito naquele chamado.
Creio que boa parte da nossa falta de dedicação no Reino e de entrega à obra, tenha a ver com o fato de que não compreendemos as necessidades concretas do nosso chamado. Muitas vezes, não conseguimos visualizar as realidades que precisam ser transformadas ao nosso redor e exercemos nossos chamados sem vigor, sem interagir com a realidade e sem meditar nos desejos de Deus para a realidade concreta ao nosso redor.

QUARTO ARGUMENTO
O Chamado de Deus Para Uma Reforma Constante Tem Como A Maior Certeza de Vitória na Convicção da Presença Poderosa de Deus

Tenho me perguntado porque é tão comum haver desânimo em tantos ministérios da igreja. Temos visto que nossas expectativas de sucesso nos ministérios estão concentradas na capacidade inovadora dos líderes que afirmam-se como homens capazes de sempre motivar seus liderados, propondo coisas novas, que fujam às rotinas já acostumadas do povo.
A motivação de Deus para Moisés não é baseada em nenhuma estratégia nova. Deus apenas diz a Moisés: Eu serei contigo.
Quando Moisés questiona ainda sobre esse projeto redencional de Deus, ele diz: ... Eu não conseguirei convencer o povo apenas dizendo que o Senhor está comigo. Quem é o Senhor que irá comigo?
O texto aponta para a grandiosidade de Deus com as afirmações: EU SOU...
Sobre esse nome, que aponta para a eternidade de Deus, tem como propósito mostrar que o Deus Criador, o mesmo do Gênesis... O mesmo de Abrão, Isaque e Jacó... O mesmo das eternas eternidades... Esse é o fator decisivo para que o nosso chamado para a Reforma Constante nos dê total confiança.

CONCLUSÃO
Estamos em um tempo muito importante para a nossa igreja. Um momento de definições importantes, pois estamos prestes a eleger e nomear as diversas lideranças da igreja para o próximo ano, e, em especial, para o início de mais um período do meu ministério nesta igreja.
Meus amados irmãos, desejo convocar-lhes a pensar sobre a realidade de nossa igreja. A realidade é que temos um papel fundamental na propagação do evangelho puro, ético e centrado na palavra em nossa região, mas não temos exercido esse papel.
Devemos pensar em nossas novas lideranças com uma perspectiva não fechada em nossas próprias paredes, mas objetivando compromissos com a vontade de Deus em termos mais gerais, alcançando vidas fora da Igreja.
O que precisamos para esse desafio é aquilo que resumidamente colhemos neste texto, ou seja:
Compreeder que o nosso chamado é um chamado de Deus
Compreender que o melhor no nosso chamado é a experiência com a Santidade de Deus
Compreender que existem realidades ao nosso redor que Deus nos chama para transformar
Compreender que o que nos garante qualquer tipo de vitória é a presença poderosa de Deus.

APLICAÇÃO
No próximo ano na IPBVF, muitas lideranças irão assumir responsabilidades em um projeto ministerial que prevê um trabalho para, no mínimo, três anos, sendo renovado anualmente a cada final de ano.
Gostaria que todos os membros da IPBVF estivessem disponíveis para esse grande empreendimento e que se sentissem não chamados por mim, ou pelo conselho, mas pelo próprio Deus.

Oração
Senhor Deus!
Tu és Santo e tua fidelidade se eleva para além das nuvens.
Clamamos que tenhas misericórdia dos teus filhos, que reconhecem que têm sido negligentes quanto ao chamado do Senhor.
Reconhecemos que se fomos chamados, foi o Senhor quem nos chamou. Também declaramos que Tua Santidade nos causa grande constrangimento, pois ela nos faz ver nossa pecaminosidade e deslealdade a Ti.
Pai, dá-nos visão clara sobre a realidade ao nosso redor, permita-nos ver  o que queres realizar por nosso intermédio e quais as realidades que desejas transformar.
Levantaremo-nos para seguir o nosso chamado e clamamos apenas uma coisa: Que Tu vá conosco!

Em nome de Jesus

Amém!

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