13 de janeiro de 2019

João 11.41-44

A Oração Que Nos Chama Para a Vida
(Culto da Manhã – Janeiro 2019 – IP Tatuapé)
João 11.41-44

Foco da Nossa Condição Decaída
O foco desta mensagem é o resultado de uma oração, cujo o conteúdo não é conhecido, senão o modo como Jesus agradeceu o Pai por que sempre o ouvia. Essa oração, obteve como resposta o reviver de Lázaro, que esteve morto por quatro dias. Nesta mensagem, a Escritura nos propõe uma reflexão sobre as intenções de vida, que trás os filhos de Deus da sombra da morte e do túmulo para a vida. Lázaro, bem como os que ali estavam naquela ocasião, viram a vida vencer a morte e foram chamados para essa liberdade da vida, como resultado da oração de Jesus. 

Introdução
Tiago o irmão de Jesus nos propõe uma profunda reflexão sobre os conteúdos e as intenções das nossas orações. Ele nos alerta para o fato de que pedimos muito mal, porque nossas intenções são egoístas e como resultado, é que nos colocamos em uma clara oposição com as intenções de Deus, por isso, obviamente, não recebemos o que pedimos. 
Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes nos vossos prazeres (Tg 4.3). 
Irmãos, devemos considerar esse importante alerta e repensar um pouco sobre o que realmente chamamos de vida de oração, até mesmo o que conhecemos como sendo “oração de fato”. Se a oração é o “respirar da alma” como disse Calvino, o que acontece com a alma daquele que não ora como é preciso orar? 
Claro que Deus não precisa das nossas orações. Quem realmente delas precisa somos nós. A oração nos conduz a uma percepção mais madura da vida e nos equilibra. A oração é uma fonte de maturidade, quando ela nos ajuda a experimentar Deus e sua vontade perfeita. 
No texto que temos diante de nós esta manhã, o que temos é uma experiência diferente da que Tiago nos leva a refletir. Ele nos conduz à uma oração de Jesus, da qual apenas conhecemos o resultado e o resultado é restauração e vida! 

Na Sua Oração, Jesus nos Ensina Que a Vida Pode Brotar Mesmo Onde Todos os Sinais Apontam Para a Morte

Tiraram, então, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou porque me ouviste (Jo 11.41). 
O quadro todo é muito importante. A morte de Lázaro trouxe grande comoção entre os amigos de Jesus e suas irmãs. Marta é protagonista neste texto como um todo, quando Jesus pede para que a pedra seja tirada ela discorda. Ela diz que a morte já havia vencido, que o que se deveria fazer naquela hora não tinha nada a ver com a vida. Não podemos condená-la, nem os circunstantes por objetarem a Jesus. Eles estavam vivendo o vale da sombra da morte com todos os seus sinais. Um túmulo, um morto, a cena da tristeza dominando os corações, tudo o que a morte produz estava presente ali, inclusive o mal cheiro. 
Então, ordenou Jesus: Tirai a pedra. Disse-lhe Marta, a irmã do morto: Senhor, já cheira mal, porque já é de quatro dias (Jo 11.39). 
O que ela e os circunstantes não sabiam é que Jesus já havia feito uma oração em secreto. Uma oração que pressupunha a vida, mesmo naquele cenário de morte. Por isso é que Jesus lhes propõe que estejam prontos para “ver a glória de Deus”. 
Respondeu-lhe Jesus: Não te disse eu que, se creres, verás a glória de Deus?” (Jo 11.40). 
Esse é o ponto em que entra o nosso texto. Ele está entre uma oração que foi feita em secreto e uma parte final que Jesus nos revela. 
Tiraram a pedra– para experimentar a vida em meio aos sinais da morte, precisamos ter a coragem de crer no que Cristo crê. A oração de Cristo não estava limitada às realidades que se mensuram, a oração dele estava centrada em Deus e nas suas possibilidades. 
E Jesus levantando os olhos para o céu– aqui Cristo deixa ainda mais claro que o que ele esperava não estava na realidade dos poderes humanos, mas na realidade celestial. Veja que a realidade celestial não está distante ou afastada da realidade humana, era necessário que eles tirassem a pedra, mas a oração não olhou primeiro para o túmulo e para a realidade da morte ali presente, a oração de Jesus, enfrenta a realidade do túmulo fétido, olhando para o céu. 
Pai te dou graças porque sempre me ouves– Não sabemos o que ele pediu, mas a partir do resultado prático, sabemos que o Pai estava disposta a dar ao filho o que ele pediu e isto tinha a ver com a vida. Ele sabe que quando oramos olhando para a vida isto é o que Pai deseja que ocupe o nosso coração. 
Irmãos, quero voltar a um conceito que falei outro dia sobre o pecado. Quando lemos o texto de Tiago sobre oração, eu falei que pecado era que as pessoas viviam no mundo de Deus sem perceber Deus. Assim, as experiências da vida, para muitas pessoas nada mais são que as coisas naturais do dia a dia. Alguns que realmente são crentes, ainda assim, estão desconectados da vida que é experimentar Deus nas coisas. 
Ver a glória de Deus é ver que Ele está presente e é poderoso para nos trazer essa vida. Jesus orou para que todos vissem que Deus estava ali e que Ele pode nos dar vida em meio a todos os sinais da morte que nos cercam.
Irmãos precisamos aprender a orar olhando para a vida! E precisamos saber discernir o que é vida! A vida que o Senhor quer que tenhamos que tem a ver com Ele ser presente sempre em nossa realidade. A oração faz a nossa alma aprender isto!! 
  

Na Sua Oração, Jesus nos Ensina Que Devemos Buscar a Vida Pensando Nos Outros Mais Que em Nós Mesmos

Alias, eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa da multidão presente, para que creiam que tu me enviaste (Jo 11.42). 
Neste texto há uma expressão muito conhecida, aquela que aprendíamos muito cedo nas Escolas Dominicais, naquele tempo que se fazia chamada e nós respondíamos com um versículo. Quase sempre, meninos espertinhos respondiam: 
Jesus chorou! (Jo 11.35). 
Mas porque Jesus chorou? Essa é uma pergunta importante. No contexto da sua oração, estava um profundo sentimento com a realidade ao seu redor que levou o Salvador a chorar. 
O verso 33, nos diz que Jesus se comoveu ao ver o que a morte havia produzido, um inconformado sentimento de tristeza, que tenta negar e fugir de uma realidade. A palavra grega usada para definir o choro de Maria e os judeus era diferente daquele que o autor usou para falar do choro de Jesus. 
A primeira, fala de um choro desesperado, angustiado e lamentoso. A segunda, fala de lágrimas que nascem de um profundo sentimento de incomodo com a situação que o cerca, uma comoção com a tristeza alheia. 
Eu sabia que sempre me ouves– Jesus não tinha dificuldade alguma em lidar com a situação daquela morte. Desde o verso 4, ele sabia que Deus estava lhe dando uma oportunidade de glorificar o seu nome. Jesus não chora por sua causa, mas porque sente a nossa dor, a dor de Maria e de todos ali. Ele não tinha dificuldade nenhuma com aquela situação, mas a sua oração não tem foco nele mesmo, como condenou Tiago mais tarde, mas o foco da sua oração é a vida que pode mudar a vida das outras pessoas. 
Falei por causa da multidão presente– irmãos aqui temos uma profunda lição sobre o papel da oração, especialmente quando ela é intercessória. Quando estivermos amadurecendo na fé a nossa ênfase não será os nossos interesses, mas a vida que desejamos que os outros desfrutem. Vejam irmãos a importância de pensarmos nos outros e de sabermos nos ligar a pessoas. Em um mundo super individualista, ligar-se ao outro é uma forma de crescer e amadurecer. A vida que os outros precisam experimentar a prioridade da verdadeira oração. 
Para que creiam que tu me enviaste– olhando para Cristo e para sua comunhão com o Pai, os outros haveriam de saber algo mais sobre a vida. Crer em Cristo que realmente havia uma ligação maior com Deus entre Ele e o Pai, que é possível Deus ouvir a voz de um homem. 
Irmãos, boa parte das pessoas que preferem a morte, possivelmente seriam mais crentes e estariam vivendo olhando mais para a vida, se vissem em nós, os filhos de Deus, que nós lidamos com a realidade objetivando a vida. É muito comum que permitamos que a morte seja mais marcante no nosso modo de viver e é isso que está impedindo pessoas de entenderem o que é a vida. Pois, nós somos os filhos da luz, os que deveriam desfrutar da comunhão com a realidade de Deus, mas em nome, sei lá do quê, preferimos que a morte controle nossas emoções, nossas palavras, escolhas, preferências e atitudes. Isso é um profundo mal da vida cristã de muitas pessoas. 
Cristo sabe que aqueles homens, olhando para a vida do Pai nele e como o Pai o usa para trazer vida, haveriam de crer. Ele pede que Deus restaure a vida das pessoas! Esse é ponto, ele não ressuscita somente Lázaro, mas todos os demais ali. 

Na Sua Oração, Jesus nos Ensina Que os Resultados da Nossa Fé Deve Produzir Mudanças de Atitude ao Nosso Redor

E, tendo dito isto, clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora! Saiu aquele que estivera morto, tendo os pés e mãos ligados com ataduras e o rosto envolto num lenço. Então, lhe ordenou Jesus: Desatai-o e deixai-o ir (Jo 11.43-44). 
O foco destes versos, é o resultado prático da oração oculta de Jesus, que visava a fé dos seus circunstantes e a glória de Deus, a vida dos homens. Este resultado prático é que os homens poderiam ver a glória de Deus e a vida operando na realidade humana. 
Como disse antes: o céus não estão distantes da vida cotidiana, apenas a realidade sobrenatural de Deus é sobreposta à realidade natural da morte. A vida está aqui, o que precisamos ver é Deus. Ao ressuscitar, Lázaro é um homem ressurreto, que ainda está amarrado, os sinais da prisão da morte ainda estão agarrando-o é preciso fazer algo. 
Lázaro vem para fora– Lázaro está vivo, mas ainda está dentro do túmulo e ele precisa sair. Ele não precisa viver dentro do túmulo porque um dia foi um homem morto. A razão para sair é que ele está vivo. Este é um ponto que fala muito diretamente ao modo como alguns vivem, deixando-se controlar pelos sinais da morte, estando vivos. 
Então, lhes ordenou: desatai-o e deixai-o ir– o verso 44 nos diz que ao sair do túmulo aquele homem ainda precisava de ajuda e a ajuda viria dos circunstantes. Ele estava vivo, mas parte da sua experiência com a vida precisava da ajuda dos demais, eles precisavam participar da liberdade de Lázaro e precisavam ir desatá-lo. Num certo sentido podemos compreender por analogia que esse é um papel que Deus espera de nós como corpo.
Em uma outra oração, a oração sacerdotal, Jesus trabalhou este tema no capítulo 17: 
Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados a unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim (Jo 17.22-23). 
Não tem como exagerar a importância da nossa união e da necessidade de vivermos a fé coletivamente e nos apoiarmos. Irmãos, pensem seriamente sobre o que é realmente o propósito de orar, senão que todos tenhamos e experimentemos a vida. SE a igreja não vive em comunhão e se você não vive nessa comunhão, você talvez não saiba, não percebeu, mas sua vida de oração não está realmente centrada no que precisa ser focado: DEUS E A VIDA DELE EM NÓS. 


Conclusão

Pedis e não recebeis porque pedis mal, para esbanjardes nos vossos prazeres... Infiéis (Tg 4.3-4ª).  
Por acaso isto não te incomoda? Você não se preocupa com esse fato? Acredito que todo aquele que realmente vive para Deus, está nesta hora, pensando seriamente sobre o que é orar e sobre o que tem feito com a sua vida de oração. 
Quando começarmos a enxergar a vida que Deus quer que tenhamos e quando houver em nós sensibilidade para os sinais da morte sobre a vida dos outros, estaremos prontos para começar a orar verdadeiramente.
1)    Embora você olhe em redor e veja sinais de morte, ore, porque Deus é mais poderoso que a morte; 
2)    Quando estiver orando pela vida, não esqueça que o importante é que a vida que Deus quer que você viva, deve atingir as outras pessoas; 
3)    Participe da vida das outras pessoas, lutando para que ninguém viva na morte, podendo ser livre.
Pense nos seus filhos, nos seus amados, na sua igreja e na nossa sociedade tão afundada em morte.

Oração

Nos ajude a ser um Igreja de oração verdadeira, onde a vida do outro seja a nossa maior preocupação. Amém

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