13 de janeiro de 2019

Mateus 3.11-17

O Batismo de Jesus Como Modelo de Vida Cristã
(Culto da Noite – Janeiro 2019 – IPT)
Mateus 3.13-17

Foco da Nossa Condição Decaída
O Batismo de Jesus, como o próprio texto indica, não ocorreu pelos mesmos motivos que os outros homens procuravam João para serem batizados. Jesus não tinha pecados e nada do que se arrepender diante de Deus, na verdade, seu batismo é o início de seu ministério consagrado. Porém, ao registrá-lo para seus leitores, além de buscar deles que cressem em Jesus como o Messias e Rei, Mateus nos dá uma clara lição dos elementos que devemos nos levar a olhar para Jesus e a ouvi-lo e imitá-lo. Nesta mensagem, vamos pensar no batismo como um modelo de vida cristã para todos os que desejam viver e servir a Deus, atentemos para estes ensinos do Evangelho. 

Introdução
Sem dúvida alguma, João tinha com clareza de que Jesus era aquele, a quem ele próprio esperava, alguém que não seria batizado com água para arrependimento, mas um batizador, que levaria seu povo à consagração por meio da obra do Espírito Santo e da purificação de um juízo.
Eu vos batizo com água, para arrependimento; mas aquele que vem depois de mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo (Mt 3.11). 
Os primeiros versos da nossa perícope de hoje, nos mostra que isto estava claro para João naquele momento. Jesus era o batizador que vinha no poder do Espírito Santo para trazer juízo e realmente purificar o seu povo. Por isso, este diálogo inicial, que mostra a perplexidade de João: 
Por esse tempo, dirigiu-se Jesus da Galiléia par ao Jordão, a fim de que João o batizasse. Ele, porém, o dissuadia, dizendo: Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vem a mim? Mas Jesus lhe respondeu: Deixa por enquanto, porque, assim, nos convém cumprir toda a justiça. Então, ele o admitiu (Mt 3.13-15). 
Este diálogo tem como desfecho uma palavra de Jesus que diz que era necessário que eles cumprissem a justiça. Isto é, Jesus também tinha consciência de que não precisava se batizar pelos mesmo motivos dos homens, mas Jesus se dispunha a fazê-lo para que a justiça, o modo certo de agir, fosse cumprido, o que significa que este batismo tinha como objetivo servir de modelo para outros, de lição e aprendizado para outros. 
Uma frase reforça esse entendimento, que é a própria frase dita pelo Pai, que apresentava Jesus como o seu filho amado, em que o Pai tinha prazer. Afinal, dito desta forma, Deus estabelece Jesus como o seu padrão de retidão, seu padrão de vida. Foi para isto que Ele foi batizado, para ser o nosso padrão de vida cristã. O Batismo é a retomada de uma vida de retidão, por isso que João o definia como batismo para o arrependimento. Jesus, não precisa retomar a vida de retidão, mas ele é batizado como um ato de declaração da sua retidão perfeita, como modelo para todos que desejam agradar ao Pai. 
O Batismo de Jesus Nos Ensina a Retidão Quando Nos Ensina que os Retos Devem Procurar se Firmar nos Atos de Justiça

Sei que uma afirmação como esta pode parecer estranhamente redundante e desnecessária. Afinal, a retidão não pressupõe pessoas que estão firmadas em atos de justiça? Bem, gostaria de responder sim, mas precisamos considerar teologicamente este ponto. 
NO caso de pecadores, considerados justos por um ato “extra” e “expiatório”, a retidão não é parte natural da nossa inclinação. A nossa retidão virá por uma consciência da nossa pecaminosidade e uma luta bravia contra nossa velha natureza corrompida pelo pecado. Em outras palavras, nossa conversão a Cristo, que nos faz justos pela fé, não nos dá automaticamente uma libertação da influência do pecado, infelizmente. 
Portanto, devemos considerar que homens retos, muitas vezes, possuem e são guiados por inclinações da carne pecaminosa, que o faz preferir, escolher, amar coisas caídas. Irmãos isto é muito sério! A fraqueza da nossa carne é imensa e com ela não podemos brincar. Nos viciamos com o mal de muitas formas, desde a linguagem imprópria que permitimos invadir o nosso vocabulário, até prazeres mentais que nos cativam com coisas caídas e nos parecem ser mais aprazíveis. Brincar com nossa natureza pecaminosa é ter uma serpente venenosa como animal de estimação. 
Por este tempo– Num determinado momento, próximo dos seus trinta anos, no momento em que um rabino começava a sua jornada rabínica, Jesus sabia que era chegada a hora de iniciar o seu ministério. Ele estava se libertando de sua submissão à José e Maria (não sabemos se José era vivo neste momento), mas Jesus estava deixando aquela submissão exigida aos pais, pela Lei de Moisés, e se apegando à submissão ao Pai Celestial, do que ele tinha plena convicção. Devemos lembrar aquela história dele com os doutores da Lei, quando ele afirma claramente que desejava estar na casa do seu pai, embora depois tenha seguido com Maria e José. 
A fim de que João o Batizasse– Ele desce da cidade de Nazaré na Galiléia, onde ele era o filho do carpinteiro, o Nazareno, e começará a ser conhecido como o Filho de Deus. João era um representante da Lei de Moisés, uma vez que era o último dos profetas, segundo os padrões do Velho Testamento, uma vez que era a voz que precedia a chegada do Messias, cumprindo a palavra de Isaías 40. 
Deixa por enquanto – convém cumprir toda a justiça– A negativa correta de João, que estava olhando as coisas do ponto de vista da natureza do homem, isto é, ele, João, era por natureza um pecador e Jesus, era por natureza, um homem santo. Contudo, o ponto de Jesus aqui não era ele ser purificado, mas ele se tornar um modelo de pureza. Por isso, sua resposta, tem esta cláusula temporal: por enquanto, que indica que aquele momento era diferenciado e esta cláusula explicativa: convém cumprir toda a justiça. Jesus desejava seguir todas as prescrições levíticas para que todos olhassem para ele e soubessem a importância do andar reto. 
Este é o ponto: O BATISMO DE JESUS VISA O ENSINO DE QUE AQUELE QUE DEUS ESCOLHE PARA VIVER DE FORMA RETA, PRECISA TRAZER A RETIDÃO PARA A SUA PRÁTICA DIÁRIA. 
Meus caros irmãos, devemos ter apreço pela justiça que Deus exige. Porque a nossa salvação não depende de nossa justiça, porque o preço, afinal, foi pago por Jesus, mas o nosso apreço pela retidão é o modo como realmente descobrimos se nossa convicção de fé é verdadeira. 
Pedro, escrevendo à Igreja, fala sobre isto. Diz que as virtudes da retidão precisam estar presentes para aumentar a nossa convicção de chamado e separação para Deus: 
Pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento (1Pe 1.15).
Por isso, irmãos, procurai, com diligência cada vez maior, confirmar a vossa vocação e eleição, porquanto, procedendo assim, não tropeçareis em tempo algum (2Pe 1.10).  
Jesus está nos ensinando a ter apreço pela prática da justiça, por fazer do andar reto e da escolha da prática do recomendado por Deus um caminho de vida. Por isso, precisamos nos afastar de tudo o que se parece com o mal, tudo o que nos afasta de um viver exemplar e tudo que nos impede servir de modelos para outros. 

O Batismo de Jesus Nos Ensina Que a Nossa Retidão Só Acontece no Contexto da Comunhão Com o Espírito Santo

João, quando deu testemunho de Jesus, apontou para si mesmo como alguém que não tinha condições de se quer carregar as sandálias de Jesus, que viria pós ele e batizaria o povo com a santidade do Espírito Santo. OU seja, o arrependimento de que João falava no contexto do seu batismo, ele sabia que era imperfeito, porque o verdadeiro arrependimento não é uma atitude meramente humana, era uma obra do Espírito Santo, quando este é derramado sobre nós e nos lava regenerando. 
Abriram-se os céus– a imagem era clara para todos, tanto que haveria de marcar profundamente os discípulos que viram este acontecimento. Os céus se abriram, sito é, se pode ver algo, talvez luz imarcessível, que deixasse claro que a visão que todos desfrutavam era do interior do próprio céu. Isto indica a natureza do acontecimento, da dimensão superior da vida cristã e de onde ela realmente vem. 
E viu o Espírito Santo de Deus descendo como pomba– O que se viu foi uma forma corpórea de pomba, uma maneira visível, o que chamamos de teofania, Deus aparecendo aos homens, por meio de formas concretas. Toda a construção da frase chama a atenção para a natureza celestial do que estava acontecendo: O Espírito Santo– a natureza de perfeição; de Deus– aquela não era uma mera perfeição como a dos anjos, era uma perfeição absoluta, porque era o Espírito de Deus; descendo– vinha do alto para o baixo, do céu para a terra. Aqui é importante que se diga que estava clara a comunhão entre o céu e a terra, entre a realidade sobrenatural, sobrepondo a natural. 
Ele viu o Espírito Santo- Aqui é importante que se note que a retidão da vida cristã é uma forma de fazer com que o céu tenha comunhão com a terra e seja visto entre os homens. Para isto, é necessário que haja enchimento do Espírito Santo, como Paulo ensinou, para que não compactuemos com as obras das trevas (Ef 5.3-18). 
 Meus amados irmãos, o Batismo de Jesus nos mostra que essa presença do Espírito Santo nas coisas naturais da nossa vida é imprescindível para que vivamos debaixo da guarda da retidão, vivendo para Deus. Isto implica em uma reorganização da nossa vida mental, na qual, muitas vezes, esquecemos de unir vida cristã e vida natural como uma única vida para Deus. Isso é, no ensino de Paulo, o que se denomina: remir o tempo.  
 A visão concreta do Espírito é também o que precisamos ver, quando olhamos para a vida do crente. A presença do Espírito no seu modo de negociar, de falar, de se vestir, agir, sentir, como você escolhe, como se diverte, como toma decisões. Infelizmente, o que temos é uma grande parte de crentes que escondem o Espírito (apagam o Espírito) quando estão vivendo na concretude do dia a dia e, por isso, não conseguem viver na luz, mas reproduzem as trevas, como se ainda estivessem presos na morte, como Lázaro, antes de ser desenfaixado e trazido para fora. 

O Batismo de Jesus Nos Ensina Que a Retidão e a Comunhão Com o Espírito é a Fórmula Básica Para Uma Cristã Que Agrada a Deus

Espírito Santo – implica em retidão – que resulta em agradar o Pai– A fala do Pai é um designativo da vontade de Deus, ela dá conta de que Jesus vivia segundo a vontade de Deus. Paulo, diz que devemos conhecer a vontade de Deus e para tanto, devemos nos encher do Espírito e não compactuar com as obras das trevas. Estamos falando das mesmas verdades aqui! 
Uma voz– ouve-se um som, que se percebe ser uma voz, vocalizando palavras compreensíveis aos presentes. Mas não se vê nada concreto, não foi a pomba que falou, nenhum outro elemento visível. Isto é uma forma de ficar claro que de o próprio trono estava em contato com a terra e o Pai falou. Sabemos que é o Pai e não um anjo portavoz, porque a vocalização usa a expressão: É MEU FILHO... 
Estamos falando aqui da figura do próprio Deus Pai, isto é muito importante. Este é um dos pontos altos deste momento, quando o próprio Todo Poderoso está testemunhando do seu prazer no seu filho. 
Voz do céu  esse, como já mencionamos anteriormente, é sempre um modo de falar da natureza do acontecimento e da sua elevada procedência. Aquela voz era de origem perfeita, das alturas dos céus. Aquele era mais um momento de sublime unidade entre o céu e a terra, como na oração do Senhor, em que se pede que a vontade de Deus seja cumprida na terra como ela já o é perfeitamente no céu. Como  se estivéssemos desejando e buscando um reino onde a retidão perfeita dos seres celestiais pudesse ser vista também nos seres humanos terrenos. 
Este é o meu Filho Amado– aqui o testemunho do Pai é de amor ao filho. Um filho perfeito é amado pelo Pai, ele é alvo do mais puro amor celestial. Este é amor é difícil de explicar, de abranger em palavras, mas estamos falando de como Deus ama a retidão do seu filho. No salmo 11, temos uma preciosa descrição desta relação entre o Deus santo nos céus e os retos. 
O Senhor está no seu santo templo, nos céus tem o Senhor o seu trono, os seus olhos estão atentos, as suas pálpebras sondam os filhos dos homens... Porque o Senhor é justo, ele ama a justiça, os retos lhe contemplarão a face (Sl 11.4 e 7). 
Em quem tenho prazer– Louvado Seja Deus! Nossa cultura compreende o prazer como um ato primordialmente dos sentimentos, das emoções. Mas a palavra grega que é traduzida por prazer (eudokia) trata de uma forma de prazer que é racional. Uma precisa compreensão deste prazer seria explicada da seguinte forma: este é meu filho amado, de quem eu só consigo pensar e conceber coisas boas, quando olho para sua retidão. 
A vida reta é aquela que busca dar motivos para Deus pensar o bem a nosso respeito. Esse não é apenas um filho que o Pai ama, mas o pai o ama especialmente porque este filho age de forma tão reta que o Pai só consegue pensar coisas boas dele. Meu pai me ama, tenho certeza que sim, mas de vez em quando, mesmo me amando, sem deixar de me amar, meu pai tem opiniões negativas a meu respeito, eu imagino. Eu teria se fosse ele. No caso de Jesus, o amor do Pai é correspondido completamente por sua vida reta.  
Isso é algo que precisamos tornar especialmente precioso para nós também. Precisamos rever essa forma relapsa com que tratamos Deus e os seus olhos, aos quais ofendemos com nossas mais grotescas cenas de desprestígio à retidão. 


Conclusão

Você deve estar pensando agora num jeito de fazer essa mensagem menos pertinente para você, afim de se desculpar de algumas das suas piores escolhas. Em geral a nossa desculpa é: MAS JESUS É PERFEITO e nós jamais seremos como ele é. Você tem razão, jamais seremos como ele é, ao menos nesta vida, uma vez que nosso velho homem é muito presente em nós ainda. Mas, devemos nos lembrar que podemos sempre ser melhor que já fomos e precisamos lembrar que Cristo é o modelo e devemos imitá-lo. Este é o ponto, o nosso problema é que a santidade de Cristo não deveria ser uma desculpa para a nossa pecaminosidade, isto é uma manobra do nosso coração pecaminoso, a santidade de Cristo deve ser um estímulo à nossa vida cristã em retidão. 
Comece ainda hoje a rever o que você está escolhendo como caminho para a sua vida com Deus e para forma como o céus chegarão à terra por seu intermédio. 
1)    Valorize a retidão como um alvo a ser alcançado todos os dias, deseje a retidão e busque fazer da sua vida, um traçado reto na direção de Deus;
2)    Não se esqueça de que a retidão depende de uma profunda comunhão com o Espírito Santo, você precisa de maturidade cristã, o que só acontece com comunhão, com contato com o Espírito Santo e jamais procedendo de forma que o entristeça. Não sei porque, quando o assunto é servir no Corpo de Cristo, quem controla a escolha do crente não é a sua comunhão com o Espírito, mas o seu egoísmo, isso precisa acabar, irmãos!; 
3)    Lembre-se de que através da sua retidão o céu chega à terra e a vontade de Deus é conhecida e reconhecida entre os homens, mas que o contrário é verdadeiro, se o homem que precisa brilhar como luz do mundo, viver em trevas, ele impede outros de saberem o que é luz e o que é o céu e o reino santo; 
4)   Por fim, vou dizer pouco, apenas dizer: faça do agradar a Deus um alvo da sua vida cristã e não deixe nada da sua vida fugir deste projeto. Eu sei que você entende o que isso significa. E eu sei que você sabe que isso é importante para todos nós e não somente para você. Lázaro, venha para fora do túmulo, porque você está vivo e não morto.  

Oração

Dá-nos vida cristã que te agrade, meu Pai e não nos deixes cair em nossas tentações, mas livra-nos de um viver mal! 

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