31 de março de 2019

Mateus 28.18-20

A Caráter Sobrenatural do Discipulado Cristão

(Culto da Noite – IP Tatuapé – Março 2019)

Introdução
Ide fazei discípulos – Esse é o ponto central dessa passagem! Nessa passagem o discipulado cristão está no centro da atividade da Igreja. Fazer discípulos é o método para levar o Reino de Jesus Cristo a todas as nações. 
O Cristo Ressurreto em pessoa se encontra com seus discípulos e lhes envia ao mundo com essa missão. Olhando para História do Cristianismo, perceberemos a força do Discipulado Cristão. Considerando o mundo do Primeiro Século e o fato de Cristianismo, num certo sentido ser uma religiosidade marginal, uma vez que sofreu perseguições dos judeus, dos romanos e o desprezo dos sábios gregos, é um fenômeno cultural, sociológico que tenha, antes do final do Primeiro Século, se tornado presente em todo o Império Romano. 
Lembre-se, quando os Etruscos/Romanos assumiram o controle senatorial do mundo Grego, eles tinham um exército poderoso em batalhas, o mesmo se pode dizer do poderio grego de Alexandre o Grande, mas o Cristianismo se fez presente de forma invisível, aparentemente, até imperceptível.
Quando Constantino, no ano 320 oficializa o Cristianismo, ele emerge como uma força de pensamento que já estava presente em todas as províncias romanas, inclusive nas mais longínquas, do Norte da África. 
Como o Cristianismo fez isso? Por meio do seu discipulado, do seu poder de inserção social, por compartilhamento e ensino de pessoa a pessoa. Esse discipulado é uma obra realizado pelos irmãos, mas principalmente pelo PODER DE DEUS PARA A SALVAÇÃO. Precisamos voltar a empreender esse tipo de conquista por meio do DISCIPULADO. 
Esse texto nos ajuda a ver esse discipulado e seu caráter sobrenatural. Precisamos meditar sobre isso e avaliar exatamente o que estamos fazendo para que o Reino continue a se espalhar. Há um sentido em que estamos em país onde o Evangelho do Reino já chegou, agora, ele precisa penetrar as mentalidades, precisa chegar às casas, alcançar os lugares menores, atingir os relacionamentos sociais, profissionais, culturais. Ele já molhou o solo, mas precisa encharcar a terra. O PODER DO EVANGELHO é forte para isso e o MÉTODO É O DISCIPULADO CRISTÃO E ESTE É SOBRENATURAL, POR ISSO, PRECISAMOS CRER E VIVER COM ESSE FOCO. 

O Caráter Sobrenatural do Discipulado Cristão é Uma Decorrencia Necessária do Caráter Sobrenatural da Própria Autoridade de Cristo
O que primeiro percebemos no texto é que Jesus estabelece o ponto de partida na sua própria AUTORIDADE SOBRENATURAL. O DISCIPULADO CRISTÃO É UMA DECORRENCIA DESSA AUTORIDADE DE CRISTO.  
Jesus, aproximando-se, falou-lhes dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra (Mateus 28.18). 

Comecemos percebendo que o texto se inicia com a afirmação de que Jesus, aproximando-se, falou aos discípulos. 
Mateus, por algumas vezes, nos momentos em que relatou que Jesus explicava as parábolas em particular para os seus discípulos, usou este recurso. O mesmo aconteceu no Sermão da Montanha quando disse que assentou-se e falou aos seus discípulos. 
Precisamos recuperar a noção clara da ligação vital e única entre Cristo e a Igreja. Nenhum outro corpo doutrinário, nenhuma outra instituição na face da terra tem esta unidade, esta ligação com Cristo. SOMENTE A IGREJA PODE DIZER-SE: VIVEMOS SOB A AUTORIDADE DO REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES.
Aproximando-se – A palavra que Mateus propõe como forma de observar esta relação, tem origem no verbo “proserchomai”. Se voltarmos ao verso anterior, veremos que os discípulos estavam cheios de dúvidas, ainda que o estivessem dispostos a vencê-las adorando-o. 
Mateus nos revela que a autoridade de Jesus não é algo distante apenas para ser admirada ao longe, mas é algo que ele compartilha intimamente com a sua Igreja. É algo que a Igreja deve sentir no profundo do seu coração. 
Toda autoridade me foi dada-  “Exousia” (autoridade) é a palavra usada por Jesus para definir o seu novo status pós ressurreto. O tema da autoridade é recorrente no Evangelho de Mateus. Logo ao final do Sermão da Montanha, Mateus registra: 
Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas (Mateus 7.28 e 29). 
Pois também sou homem sujeito à autoridade, tenho soldados às minhas ordens e digo a este: vai, e ele vai; e a outro: vem, e ele vem; e ao meu servo: faze isto, e ele o faz (Mateus 8.9). 
Com que autoridade fazes estas coisas? E quem te deu essa autoridade? (Mateus 21.23). E Jesus lhes respondeu: eu também vos farei uma pergunta; se me responderdes, também vos direi com que autoridade faço estas coisas. Donde era o batismo de João, do céu ou dos homens? E discorriam entre si: se dissermos do céu, ele nos dirá: Então por que não acreditastes nele? Se dissermos dos homens, é para temer o povo, porque todos consideram João como profeta. Então responderam a Jesus: Não sabemos. E ele, por sua vez: nem eu vos direi com que autoridade faço estas coisas (Mateus 21.23 a 27). 
Esta é uma questão que importava para Mateus pois a Igreja estava sendo convocada por Jesus para espalhar o Reino. Nos dias de Mateus, a Igreja estava receosa. Cristo havia morrido e subido aos céus e eles estavam na terra enfrentando muitas dificuldades, perseguições. 
Muitas perguntas estavam confundindo a Igreja. Especialmente, o fato de que as lideranças judaicas trabalhavam para incriminar, difamar e acabar com a fé cristã inicial. 
Mateus escreve o seu evangelho fortalecendo a fé da Igreja que precisa compreender exatamente qual era o momento da história da redenção que estavam vivendo e sob qual autoridade deveriam caminhar. 
Meus caros irmãos, todas as vezes que a Igreja de Cristo perde a ousadia de agir neste mundo como a mensageira do Reino, como a propagadora das boas novas de salvação, anunciando o Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, ela precisa novamente olhar para o alto e perceber o que está acontecendo e rever o princípio fundamental da sua ação neste mundo. 
Creio que a autoridade de Cristo é o motivo central da missão da Igreja, pois é baseado nesta autoridade que agimos como mensageiros da verdade e baseados nela é que nos estimulamos a viver para a glória de Deus. A AUTORIDADE DE CRISTO NÃO FOI USURPADA, COMO OS DITADORES, NÃO FOI IMPOSTA COMO OS IMPERADORES, ELE A RECEBEU DO PRÓPRIO CRIADOR. ME FOI DADA. Portanto, os cristãos deveriam saber que era um direito legítimo de Cristo e foi isso que moveu os primeiros discípulos no seu impulso de espalhar a mensagem. 
No céu e na terra – Jesus Cristo é Rei dos reis e Senhor dos senhores. Seu reino é celestial e terreal. Sob as incontáveis hostes celestiais e sobre todos os homens, sobre todo o mundo. É um reino das coisas invisíveis e das visíveis. Os mais poderosos seres celestiais se inclinam ante sua face e, assim como todas as criaturas, das mais pequenas criadas no mundo material obedecem a sua voz. 
A Igreja de Cristo precisa lembrar que sua missão é anunciar que Cristo Reina sobre todas as esferas da existência humana. Ele tem esta autoridade legítima. Ele é o Senhor do casamento, Ele é o senhor do comércio, Ele é o Senhor do meio ambiente, Ele é Senhor da IGREJA, isto precisa ficar muito claro para todos nós. 
Todas as esferas da nossa vida devem ser reguladas pela vontade de Cristo. Não se submeter a este governo, nas menores coisas que seja, é uma atitude temerária e insensata. 
Ouranos e aion – Com estas palavras, Mateus deixa claro que o seu domínio da autoridade de Cristo é sobre todos os valores ligados às coisas invisíveis e visíveis da forma mais ampla que existe para dizer isto. Os discípulos estavam compreendo muito bem que Cristo tem poder sobre tudo.
Isso sem dúvida moveu os discípulos na sua tarefa de comunicar a fé. 

s interesses do Reino Celestial entre os homens. 

O Caráter Sobrenatural do Discipulado Cristão Deve Ser Uma Continuidade do Próprio Trabalho de Cristo 
O que a Igreja faz sob a autoridade de Cristo? Esta é uma pergunta crucial. Muitos crentes parecem que creem que a atividade da Igreja é a da espera. Eles estão certos, a Igreja é uma comunidade que aguarda com expectativa a volta de Jesus. Contudo, a Igreja não existe para uma expectação passiva e inerte. 
Mateus propõe que a Igreja do seu templo reflita sobre a melhor resposta a autoridade que compartilha de Jesus. Ele conclui que a melhor resposta à esta autoridade da qual a Igreja compartilha é a atitude de seguir em frente e fazer discípulos. 
Ide Portanto- Meus caros irmãos, o texto parece ser bastante claro na ligação que uma coisa tem a ver com a outra. O texto se inicia com uma palavra de ligação: IDE - PORTANTO.  Na expressão bíblica do IDE, o indo, como o texto indica. A palavra “portanto” liga todo o conteúdo a ser aplicado neste verso ao fato de que Cristo tem toda a autoridade. Era como se Mateus estivesse nos dizendo: Por que Cristo tem toda a autoridade no céu e na terra é que devemos ir e fazer discípulos. 
O fazer discípulos é uma necessidade existencial da Igreja que se realiza pelo fato de que o fazemos sob a autoridade de Cristo. A missão da Igreja é fazer discípulos é se tornar a agência de chamado à fé. 
Outros autores preferem fazer a seguinte distinção: INDO, FAÇAM discípulos. Estes preferem dizer que a Igreja faz discípulos também pelo seu modo de vida, por aquilo que apregoa sem palavras, na medida em que existe e vive sob a autoridade de Cristo. 
Uma mescla entre o nosso agir e o agir de Cristo é que é o ponto central a definir como a Igreja cumpre a sua missão de fazer discípulos. Contudo, devemos  nos lembrar sempre: A IGREJA QUE VIVE SOB A AUTORIDADE DE CRISTO NÃO PODE SE ESQUECER DE QUE ELA EXISTE PARA FAZER DISCÍPULOS. 

O Caráter Sobrenatural do Discipulado Cristão Deve Nos Dar a Ousadia Para Ir a Todos os Lugares
John Wesley, o pai do Metodismo, dizia: O MUNDO É A MINHA PARÓQUIA. Dele também é a frase: “Dêem-me cem homens que a nada mais temam senão o pecado e a nada mais desejem senão a Deus, e não importará se eles são clérigos ou leigos, garanto-lhe que sacudirão as portas do inferno e edificarão o Reino de Deus sobre a terra.” 
A ousadia que deve dominar o coração da Igreja é que ela foi chamada para realizar a obra de tornar o NOME DE CRISTO CONHECIDO EM TODAS AS NAÇÕES. Esta ousadia deve ser baseada na autoridade que Cristo tem sobre toda a carne, como ele mesmo disse na sua oração sacerdotal: 
Assim com lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda vida eterna a todos os que lhe deste (João 17.2). 
Fazei discípulos de todas as nações- Uma mudança significativa estava tendo curso naquele momento. A proposta de Jesus, e Mateus a entendeu muito bem, era revolucionária. O amor de Deus alcançaria pessoas de todas as nações. A autoridade de Cristo era fundamental para isto. 
Uma mentalidade nova é colocada sobre a Igreja e ela deve exercer isto debaixo da autoridade de Cristo. O Evangelho romperá os mais duros corações, porque o Evangelho, sob a autoridade de Cristo é o poder de Deus para a salvação, tanto de judeus como de gregos. 
A busca de fazer discípulos, vencendo as barreiras étnicas era uma mudança fundamental do Evangelho naqueles dias. Os primeiros discípulos conseguiram transpor o rio que os afastava dos outros homens, semelhantemente, nós precisamos vencer esta dificuldade que temos de concentrar-nos de forma teocêntrica e vivermos para alcançar vidas par ao Reino.
A igreja precisa ter a ousadia em compreender que a autoridade de Cristo lhe confere o PODER DO EVANGELHO e isso implica em jamais duvidar que seja possível a transformação de uma nação, de uma família, uma cidade, um povo, uma cultura. Não podemos limitar o poder do EVANGELHO à nós, porque na verdade não é a IGREJA MAS A AUTORIDADE TOTAL DE CRISTO A RAZÃO DO EVANGELHO SE ESPALHAR, ALCANÇAR E TRANSFORMAR VIDAS.


O Caráter Sobrenatural do Discipulado Cristão Deve Nos Dar a Confiança Para a Ação Educacional do Povo de Deus
A questão do evangelismo logo se funde com uma outra questão de suma importância. A Igreja é também um local de discipulado. Onde os discípulos nascem, crescem e amadurecem a ponto de produzir novos discípulos. A Igreja tem uma missão educadora. 
Batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo- Jesus Cristo propõe que, em NOME DO PAI, DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO, batizemos os novos discípulos do Senhor. Ele propõe que a Igreja inclua, baseada na autoridade da Trindade Santíssima, os novos discípulos no corpo. 
O batismo era o rito de purificação judaico mais básico, assim como João Batista também o utilizava. Aqui, ele se tornará o sacramento mais básico na vida cristã. Como um passo a uma nova condição. 
A igreja não batiza em seu nome próprio, porque ela precisa fazer com que todos os discípulos do Senhor saibam que é a autoridade de Cristo que lhes oferece essa condição. Só a Igreja de Cristo, aquela que vive segundo exclusivamente segundo a Palavra de Cristo é que pode batizar em Nome do Pai do Filho e do Espírito Santo. 
Esse batismo não é um rito para constranger Deus a incluir uma pessoa, ele serve ao crente e ao corpo da Igreja para que esta compreenda que somos Igreja debaixo da autoridade de Cristo, em Nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. 
Esta Igreja deve conduzir este discípulos incluído entre as fileiras do Reino à maturidade espiritual. Aqui enfrentamos dois problemas: 
O primeiro problema é com os crentes que se recusam a este crescimento – A discípulos do Senhor que se recusam a crescer na sua fé. Adotaram modelos personalistas de fé e se apegaram tanto a eles que se tornaram impermeáveis ao amadurecimento das Escrituras. 
Eles se ausentam, não estudam a Palavra, vivem debaixo de filosofias pessoais, apegados ao seu coração imaturo e, com isso, não se deixam amadurecer pelo trabalho da Igreja. Estão sempre prontos a dizer que a Igreja não lhes pode ajudar. 
O segundo problema é com a Igreja que se recusa a ser uma agência de ensino – às vezes, irmãos, há crentes que desejam aprender, mas não conseguem porque os mestres se recusam a ensinar. Algumas vezes, nos concentramos em rituais de fé e nos esquecemos de que a Igreja que vive sob a autoridade de Cristo tem o dever de ensinar os discípulos e conduzi-los à maturidade. 
Joseph Parker, falando sobre os puritanos e comparando os seus dias com aqueles, afirmou que: nos dias dos puritanos o cristianismo era como um pequeno lago, com quilômetros de profundidade e que em nossos dias (os seus que não estão tão distantes) o cristianismo era como um imenso mar de dez centímetros de profundidade.
Tenho pregado e ministrado a palavra e, muitas vezes, vejo pessoas sedentas. Tive alguns privilégios de estudar a carta aos Romanos em lares de pessoas não crentes, ou que estavam afastadas e estou impressionado como o discipulado com a Palavra faz bem às pessoas e o quanto elas estão desejosas de aprender. 
Crentes que vivem sob a autoridade de Cristo deveriam ser mestres da Palavra, que é a Palavra de Conhecimento e autoridade na Igreja, a Escritura Sagrada, para instruir outros. 
Nunca deixe de aproveitar as oportunidades para aprender, não se apegue a si mesmo, tampouco, quando souber algo de Cristo e de sua palavra, nunca deixe de ensinar o outro. A vida da Igreja cristã está nesta constante troca, onde nos edificamos mutuamente. 
O caráter sobrenatural do discipulado cristão exige uma atitude educacional, transformadora da Igreja e uma postura de amadurecimento.

A Igreja Que Vive Sob a Autoridade de Cristo Foi Chamada Para Viver na Perspectiva Escatológica da Presença e Volta de Jesus

Eis que estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos - A Igreja não anda sozinha. Ela não é auto-suficiente e não cumpre a sua missão por uma questão e eficiência própria. A Igreja é uma comunidade que precisa de comunhão com Cristo. 
O mesmo Cristo que se aproxima dos discípulos e compartilha sua autoridade no verso 18, é o mesmo que se aproxima de nós todos os dias e nos ajuda na obra de evangelização, amadurecimento da nossa fé e espalhar do Reino a todas as nações. 
A Igreja que vive sob a autoridade de Cristo faz o seu trabalho sempre numa perspectiva da presença continua de Cristo e de olho na promessa do estabelecimento final do Reino. 
Não somos uma comunidade que vive apenas para se manter, nós temos um propósito cósmico final, a volta do Senhor Jesus. Quero destacar deste verso uma expressões: 
Convosco todos os dias - Estar conosco não é meramente um torcedor que nos vê jogando da arquibancada e torce muito por nós. Jesus, por meio da obra maravilhosa do Espírito Santo, de fato age em nós, inclinando nossa vontade e moldando a nossa vida ao seu querer. É mais que proximidade é comunhão. 
Todos os dias– aponta para uma obra contínua, ininterrupta. Minha mente se volta para Jeremias capítulo 18, onde lemos a história do oleiro: 
Desci à casa do oleiro, e eis que ele estava entregue à sua obra sobre as rodas (Jeremias 18.3). 
É impressionante o quanto Deus está concentrado em nós, em nos fazer mais parecidos com o seu Filho. Somente vivendo em comunhão constante com Cristo é que isto acontecerá, somente nos limites da nossa missão é que isto acontecerá, somente vivendo o dia a dia com Cristo é que completamos esta missão. 
Ouso dizer que, enquanto caminhamos na direção dos outros, estamos sendo lapidados para aguardar a Cristo. Nossa bendita esperança. 

Conclusão
Encerro esta mensagem dizendo que a Igreja deve ter coragem para deixar um modelo concentrado em si mesma e viver debaixo da autoridade de Cristo. 
Crentes precisam assumir com mais ousadia o papel de pregoeiros do evangelho, quer pregando, ensinando ou vivendo. Crentes devem crescer neste projeto pessoal e investir mais tempo nesta determinada obra de fazer discípulos.
O Caráter sobrenatural do discipulado cristão deve nos fazer ver a obra de sermos o POVO DE DEUS como algo mais importante do que parecemos estar considerando na atualidade. Sei que para alguns, sua fé é uma parte da sua vida e viver como DISCÍPULO é algo que você pode criar para si, mas não devemos nos deixar levar por este tipo de vida cristã defeituosa. Antes, precisamos voltar a crer e confiar na autoridade de Cristo, por meio da qual fazemos o nosso trabalho como igreja do Senhor, como filhos, servos e aqueles que andam com Cristo Jesus. 


24 de março de 2019

Gálatas 5.13-26

Pelos Frutos Veremos o Espírito

(Culto da Manhã – Março 2019 – IP Tatuapé)
Gálatas 5.13-26

Foco da Nossa Condição Decaída
Neste texto, a Escritura que nos lê, nos leva a pensar sobre nossa vida cristã e a busca de plenitude de gozo no Espírito Santo. O texto nos inquire sobre os valores que nos conduzem e nos chama a três importantes estágios: o primeiro de desejar viver segundo o alvo da Lei do Amor; segundo, nos deixar guiar pelo Espírito para nos afastar do mal; e o terceiro, que é aquele mais absolutamente prazeroso, viver no Espírito em plenitude de desfrute das realizações dele em nosso coração.

Introdução
Seguindo um ensino muito contundente de Jesus, o apóstolo Paulo desenvolve essa última parte da Carta aos Gálatas nos alertando sobre a necessidade de existir clareza sobre quem realmente somos em Cristo e como podemos tornar patente a nossa união espiritual com Cristo. 
Jesus havia dito: “Não pode a árvore boa dar mau fruto, nem a má dar bom fruto” – “Pelos frutos os conhecereis”. Essas palavras de Jesus não são uma palavra de alerta sobre como devemos olhar para os outros e avalia-los, para sabermos diante de que árvores estamos. Na verdade, Jesus está mostrando aos seus discípulos a necessidade de mostrarem com sua vida, quem eles são nEle. Por isso é que o Sermão da Montanha termina com uma profunda exortação à prática da Palavra: 
Todo aquele que ouve essas minhas palavras e as pratica será comparado ao homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha (Mateus 7.24-25). 
Esse é o ponto central do ensino também de Paulo na sua Carta aos Gálatas. Enquanto os mestres judaizantes procuram um Evangelho Estético, de aparências, onde o ritual se torna mais importante que o compromisso de vida, Paulo propõe uma vida espiritual que se aprofunda na nossa experiência por meio da frutificação da vida no Espírito. 
Infelizmente, alguns crentes não querem perceber que sua vida carece de profundidade espiritual. Tentam se convencer de sua fé, por meio de uma realidade meramente estética de fé. Estes, muitas vezes, estão muito mais preocupados com a reputação de serem homens e mulheres de Deus, que em, de fato, serem estes tais. 
O problema de um Evangelho assim é que ele nos destrói e de forma muito maligna, destrói a nossa comunhão com o Verdadeiro Corpo de Cristo, aqueles que Ele chamou e aos quais está preparando para o grande Dia do Senhor.
Essa vida de aparências é uma profunda “vã glória”, cuja única possibilidade é nos fazer viver distantes e pecaminosamente desafeiçoados. 
Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros (Gálatas 5.26). 
Nessa manhã, quero lhes convidar à uma auto avaliação e a um profundo pensar sobre a necessidade de se buscar o fruto do Espírito e a demonstrar mais claramente a sua presença em sua vida. Mais que para provar para os outros quem você em Cristo, isso realmente não pode ser seu maior objetivo na vida piedosa, mas mostrar para si mesmo, quem realmente você é e como está em Cristo Jesus. Para que seu próprio coração se sinta em paz. 
A Presença do Espírito é Visível Quando Estamos Dispostos e Prontos Para Cumprir a Lei do Amor
O contexto dessa carta é o “FALSO EVANGELHO” que estava sendo pregado entre os Gálatas e para o qual eles estavam dando muita atenção: 
Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que já alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo (...) se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebeste, seja anátema (Gálatas 1.6-9). 
Paulo os chama de insensatos, porque estão trocando o Espírito pela Carne, deixando a vida espiritual pela falsa segurança dos ritos carnais, das expressões de alegria e segurança carnais, que só fazem enganar a nossa mente. No caso os crentes gálatas, essa falsa segurança vinha de rituais judaicos que tinham uma semelhança de piedade, mas era uma falsa impressão de santidade. Esse tipo de vida é uma prisão, na qual, voluntariamente, vários cristãos se aprisionam, imaginando-se livres, preferem viver na sensação de liberdade, mas em uma profunda prisão longe de Deus.
Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade, porém não useis a liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor (Gálatas 5.13). 
Fostes chamados à liberdade – não useis a liberdade para dar ocasião à carne– este é ponto é muito importante neste ponto da carne. Afinal, muitos tentavam convencer a si mesmos de sua vida espiritual, permitindo com que a carne se sentisse à vontade. Era muito mais fácil seguir algumas regrinhas do tipo: vá ao templo, vá à sinagoga e faça a sua parte estando lá e tudo ficará bem. O mesmo podemos dizer hoje, sobre: vá à igreja, não se esqueça de que o mais importante é você fazer a sua parte lá; dê o seu dízimo, ou cumpre algumas horas em algum ministério e isso é suficiente para você agradar a Deus. 
Paulo está exatamente dizendo que este tipo de pensamento de suposta liberdade era só a própria natureza pecaminosa tentando se manter por meio de um caminho mais fácil, sem compromisso de alma, sem profundidade espiritual e sem verdade.  
Antes – sede servos uns dos outros– O grande ponto do apóstolo Paulo é que eles desejavam uma vida baseada neles mesmos e uma espécie de vida cristã legalista que se faz sozinha, contudo, o apóstolo, diz que a verdadeira fé em Cristo exige o cumprimento da Lei que aponta para uma ideia clara de serviço do coração: amor. Servir ao próximo é um fruto que realmente só poderá ser produzido pela árvore na qual corre a ceiva de Cristo, que nos ensinou que imitá-lo é servir e que no Reino o maior é o que serve. 
Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo (Gálatas 5.14). 
A lei se cumpre em só preceito – amar ao próximo– Sim, você deve estar se perguntando: mas Jesus não disse que o resumo da Lei envolvia a ideia de amar a Deus acima de tudo, primeiro? Que amar o próximo era semelhante ao primeiro? Sim, você está certo, foi isso que Jesus disse. Mas, a questão de Paulo é que ele não está dizendo o contrário. Apenas está dizendo que o Amor a Deus só pode ser de fato demonstrado quando estamos dispostos a cumprir a Lei do Amor e está só pode ser realmente aferida quando amamos ao irmão a quem vemos. 
SE vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos (Gálatas 5.15).
Se vos mordeis e devorais – vede que não sejais destruídos– Paulo deseja que eles compreendam que sua fé simbólica, estética, cheia de satisfação da carne e pouco amor efetivo, logo se manifestaria no contrário, numa enorme dificuldade de amar o próximo. Pessoas que odeiam o próximo não amam a Deus, a Escritura é taxativa. Portanto, a própria destruição é inevitável. Paulo, aqui está seguindo o ensino de Jesus: a casa daquele que não pratica cai. A inimizade entre os irmãos é o sinal mais evidente de que eles eram carnais e não espirituais. 
A VERDADEIRA ESPIRITUALIDADE, A PRESENÇA REAL DO ESPÍRITO, FICAM CLARAS NA MEDIDA EM QUE ESTAMOS DISPOSTOS  A CUMPRIR A LEI DO AMOR, PORQUE ELA EVIDENCIA QUE AMAMOS A DEUS E PARA ELE DESEJAMOS VIVER.  
A Presença do Espírito é Visível Quando Estamos Dispostos a Abandonar as Obras da Carne
Paulo, nestes versos seguintes parece desejar ensinar pelo contraste. Agora, ele propõe uma nova reflexão: 
Andai no espírito e jamais satisfareis, à concupiscência da carne (Gálatas 5.16). 
Andai no espírito - Jamais satisfareis à concupiscência da carne– Paulo estabelece um conceito muito claro. Para ele, o andar no espírito é a única forma de mortificar a carne e as suas paixões e desejos intensos. Ele admite, portanto, que a inclinação da carne para o pecado é muito forte. O ponto é que ela só pode ser vencida por uma decisão poderosa de não querer satisfazer a carne. 
Os versos seguintes, que iremos dividir em duas partes, são uma espécie de ensino pelo contraste, em que Paulo irá mostrar a destruição que a carne produz e a luz que o Espírito lança sobre a vida, levando-nos a viver do modo de Deus. 
Porque a carne milita contra o Espirito, e o Espírito contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.  (Gálatas 5.17-18).
Porque a carne milita contra o Espírito– Você pode não perceber, ou querer se convencer do contrário, mas o fato é que o sistema do pecado luta para que você não ande do jeito de Deus. Esse sistema pecaminoso que ainda habita a nossa mente, tenta nos enganar para nos fazer andar de um modo diferente daquele que Deus estabeleceu para o nosso bem. A carne milita, luta contra o espírito. 
O Espírito contra a carne – o contrário também é verdadeiro. Isto é, quando nos dedicamos a viver do jeito do Espírito, estamos matando a velha  natureza e incluindo uma prática de vida que nos credencia à verdadeira vida espiritual. 
Guiados pelo Espírito – não condenados pela lei– A lei nos dá verdadeira liberdade no Espírito. Essa é a verdadeira maneira de viver livre e absolutamente para o agrado de Deus. Mostrando o Espírito que vive em nós.
Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhante a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam (Gálatas 5.19-22).
As obras da carne são conhecidas– no fundo, no fundo, Paulo sabe que eles não são ignorantes que estão sendo enganados, antes, eles sabem bem quais são as obras da carne e de que modo eles estão se distanciando de Deus. Uma consciência do próprio erro sempre estará em nossa mente cristã, se somos verdadeiramente convertidos a Cristo. NO caso, Paulo lista uma série de obras da carne e deixa claro onde eles deveriam vasculhar sua vida: no modo como deixam construir o seu relacionamento de amor. 
Não herdarão o reino de Deus– Para Paulo eles sabiam muito bem do que se tratava e tinham consciência de que o Reino dos céus não é lugar para quem deixou de desejar se afastar da carne. 
SABEMOS QUE O ESPÍRITO ESTÁ PRESENTE E ATUANTE EM NOSSA VIDA TAMBÉM E PRINCIPALMENTE, QUANDO DESEJAMOS NOS AFASTAR DO MAL E DAS OBRAS MALIGNAS DA CARNE.  
A Presença do Espírito é Visível Quando Estamos Dispostos a Desenvolver as Potencialidades da Vida Que o Espírito Nos Dá
Neste trecho final da perícope, Paulo enfatiza muito a ideia de “andar no Espírito”. NO verso 16, 18 e 25, a ideia de andar no Espírito é repetida de formas diferentes. 
Andai (peripateite) no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne– Aqui, o verbo usado tem um sentido de um andar prático, usando uma palavra com um sentido mais físico (peripatéo) que apontava para uma ideia de uma jornada. 
Se sois guiados (aghesthei) pelo Espírito não estais sob a lei – Aqui, o termo usado carrega a ideia de sermos guiados, como os animais eram guiados pelos cabrestos que neles se colocavam. Há uma ideia de que o Espírito é ativo em nos fazer desviar de caminhos ruins e levar por caminhos bons. 
SE vivemos no Espírito, andemos (estoicomem) também no Espírito – ao final do texto é um termo um pouco mais profundo, carregando uma ideia de realização (estoikéo). Este termo ficou muito conhecido como denominando uma escola de pensamento que lidava com a ideia de virtudes que deveriam marcar a vida de felicidade do homem. Então, aponta para o desfrute do andar no Espírito.
Podemos entender que essa passagem trabalha com uma espécie de três estágios da vida no Espírito. Aquele estágio inicial onde nos pomos a andar no Espírito, como uma experiência nova de vida; o segundo estágio, no qual o Espírito passa a operar na nossa vida, nos guiando e corrigindo caminhos maus; e o terceiro estágio, onde a vida no Espírito se torna mais plena e passamos a desfrutar dos efeitos dessa caminhada.
Sem dúvida essa última parte é a melhor! Tudo o que o Senhor deseja que aprendamos tem a ver com a ideia de que a nossa vida de fé nos leve ao desfrute da beleza inigualável da vida na presença de Deus. O verdadeiro Evangelho, portanto, não é apenas um cumprimento estético de rituais, ou de obediência mecânica a algumas regras. A Verdadeira Vida Cristã é uma plenitude de gozo da presença gloriosa de Deus em nós e em todos os lugares. Este é o sentido mais pleno de “Reino de Deus”, que os Gálatas estavam desperdiçando com sua tola busca por rituais. 
Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo Jesus crucificaram a carne, com suas paixões e concupiscência. Se vivemos no Espírito, andemos também no Espírito (Gálatas 5.22-25). 
O fruto do Espírito é – contra essas coisas não há lei– todas as descrições posteriores a essa expressão apontam para a capacidade profunda de convivência fraterna com as outras pessoas. E naturalmente, para uma capacidade potencializada para o cumprimento do mandamento que é o cumprimento de toda a Lei. A Lei nos foi dada para que vivamos de modo a desfrutar da preciosa e gloriosa presença de Deus. Naturalmente, a Lei não é algo que nos atrapalhe, mas ao contrário, a Lei nos é dada com a finalidade de que sejamos capazes de “andar no Espírito”, sendo “guiados pelo Espírito”. 
Os que são de Cristo – crucificaram a carne– aqui o apóstolo identifica o fundamento da nossa vida cristã: a morte substitutiva de Cristo. O poder para que andemos e vivamos no Espírito vem da cruz e da VERDADEIRA LIBERDADE que a Cruz nos deu. Quando ele usa o termo “crucificaram” ele o conjuga no tempo aoristo, que é um passado durativo: crucificaram e continuam crucificando a carne. Isto é, são pessoas que estão vencendo a luta contra a carne, vencendo no Espírito. 
Se vivemos – andemos no Espírito– meus irmãos, este é um convite para a plenitude cristã. Essa plenitude nos leva à uma completa experiência com Deus, que se evidencia em uma verdadeira disposição de amar, servir e ajudar os outros a caminhar. 
Paulo está nos chamando a uma vida cristã de completa comunhão, que nos leva a um ajuntamento que vai muito além do culto e das formalidades coletivas da igreja. Nos leva à verdadeira irmandade em Cristo, coisa que tem sido tão negligenciada e submetida ao nosso excesso de individualismo. 
Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros (Gálatas 5.26). 
Não nos deixemos- Essa conclusão é um sério alerta sobre algo que é tão comum e que muitos não param para pensar sobre suas vidas. Ela trata do fato de que muitos de nós, muitas vezes, preferem ser guiados pela carne, que pensa somente em si mesmo. Estes “se deixam” guiar pela carne e o resultado disto é o crescimento de um pensamento autocentrado e a natural desconfiança e desprezo pelos demais. Nada mais absolutamente contra a vida cristã plena! 
O ESPÍRITO SE REVELA PRESENTE EXATAMENTE QUANDO A NOSSA MAIOR DISPOSIÇÃO É A DE ANDAR EM COMUNHÃO E DESENVOLVER FRUTOS QUE NOS PERMITAM VIVER AO LADO DE PESSOAS QUE CRISTO AMOU, PELAS QUAIS ELE SE ENTREGOU. UM VIVER NOVO, VIVIDO NA CARNE SÓ É POSSÍVEL PORQUE CRISTO NOS AMOU E A SI MESMO SE ENTREGOU POR NÓS. 
Conclusão
O texto nos chama a pensar muito seriamente sobre os valores que conduzem a nossa vida em Cristo e o quanto estamos realmente dispostos a trazer a vida do Espírito para a nossa realidade cotidiana. 
Precisamos de intensidade na busca da vida do Espírito, mantendo um profundo desejo de cumprir a Lei de Deus, isto é, alcançar aquilo para o que fomos alcançados, que é amar a Deus e viver sob os efeitos do amor de Deus, amando ao próximo. 
Evidentemente, nenhum sucesso teremos se não nos desviarmos do mal e de todas as formas de sua manifestação em nossa vida prática. Afinal, somos ou não somos conduzidos e educados pelo Espírito para andarmos na luz? 
O mais completo estágio da vida de quem ama a Deus, amando ao próximo é uma plenitude indescritível de gozo no Espírito Santo. Um deleite com a vida que não é possível vivenciar sem andarmos no Espírito. 
Portanto, meus amados irmãos, precisamos muito pensar sobre o que realmente buscamos na nossa caminhada cristã. SE queremos apenas autoafirmação e autoconvencimento infrutífero, ou se desejamos a plenitude da vida com Deus e a satisfação de termos feito o que Ele esperava de nós. 
Não deixe o seu coração te enganar e te levar a pensar que você é mais especial que os demais ou o contrário, que és o único que não pode chegar lá. Ao contrário, deixe seu coração ser humilde para servir e amar o outro com um o mesmo amor com que você foi amado por Deus em Cristo Jesus.  

Oração
Senhor Deus, dê a mim, um pecador, a graça de viver profundamente no Espírito. Ainda que me falte tudo, nunca me falte o gozo de viver na tua presença, guiado pelo Espírito e levado por Ele para junto de Ti. 

17 de março de 2019

2 Coríntios 1.3-11

Um Elevado Motivo Para Experimentar o Amor de Deus – O Trânsito do Amor

(Culto da Manhã – Março 2019 – IP Tatuapé)
2 Coríntios 1.3-11

Foco da Nossa Condição Decaída
A questão que o texto bíblico levanta essa noite é: qual a razão de Deus nos amar e nos confortar, nos consolando? O que ele espera que façamos no experimento desta maravilhosa graça? O texto nos diz que somos amados para amar, somos consolados para consolar. Ao contrário da ideia de que ser amado tem a finalidade de apenas nos fazer sentir a felicidade, somos amados para aprender a dividir amor. 

Introdução
Todos queremos ser amados, porque ser amado produz uma profunda experiência de valor. O apreço que recebemos, o gesto de amor de alguém por nós, funcionam como molas mentais positivas para nossa auto percepção. Sem dúvida alguma, o ser amado é uma necessidade da alma humana. Fato é que, a não percepção de amor, ou a percepção contrária de que não somos amados, produz seus efeitos também. 
Deus nos ama e é propósito do Criador que sintamos este amor. Mas sentir esse amor do Criador é o desafio existencial mais profundo e, muitas vezes, por causa do pecado, acabamos por falhar nessa gloriosa tarefa. Contudo, em muitos momentos da nossa vida é o amor de Deus o fator mais importante para manter nossa saúde mental, pois, no amor de Deus encontramos o senso de valor que tanto buscamos.
No texto que nos lê essa manhã, a Escritura propõe que o trânsito do amor tem um propósito ainda mais elevado. Ou seja, ela não propõe o amor como terminando em nossa percepção de auto apreço, mas claramente diz que o amor que sentimos, quando somos consolados pelo Senhor, por meio dos seus mecanismos de conforto, tem como finalidade maior, nos fazer instrumentos de amor a outras pessoas.
Pay it forward – (Passe adiante) – Essa expressão foi o nome que o jovem Trevor Mckinney (interpretado por Haley Osmant), para cumprir a tarefa dada pelo professor de Estudos Sociais, criou um jogo que tinha como regra, toda as vezes que alguém recebesse um bem de alguém, deveria fazer o bem para outras três pessoas. “A Corrente do Bem” é um filme emocionante que mostra como o amor, deve transitar entre nós e como o trânsito do amor é um poderoso instrumento shalômico.  
O apóstolo Paulo está retratando um ensino muitíssimo valioso do próprio Senhor Jesus. 
Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer, a fim de que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles esteja (João 17.26). 
Tente perceber a profundidade do que estas palavras encerram sobre o trânsito do amor. Diante deste texto que lê a nossa vida esta manhã eu e você precisamos refletir muito sobre o propósito de Deus em nos amar tanto e tanto revelar o seu amor por nós. Ele espera que nos tornemos em instrumentos de repasse de amor e não em mecanismos de retenção de amor. 
Caminhemos neste texto para descobrir como Deus irá nos usar para abençoar tantas outras vida: Pay it forward – Passe adiante. 
Experimentamos Particularmente o Amor do Pai Para Que Outros Recebam Exatamente o Amor Que Eles Precisam
Meus irmãos o texto é bastante direto sobre este ponto. Ele começa na pessoa do Pai, como fonte de amor inesgotável, amor que nos alcança em momentos sensíveis da nossa vida. 
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai de misericórdia e Deus de toda consolação. É ele que nos conforta em toda a nossa tribulação, para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia, com a consolação com que nós mesmos somos contemplados por Deus (2 Coríntios 1.3-4). 
Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor o Pai de misericórdia (oikitirmon) e o Deus de toda a consolação (parakleusin)– o apóstolo inicia com a ideia de que é preciso que eu e você estejamos mais sensíveis às coisas que Deus faz para podermos, em resposta ao seu amor multiforme, reconhece-lo como a fonte de todo amor. 
Neste caso, em particular o amor de Deus se manifestou em duplo formato: misericórdia e consolação. Deus como Pai de misericórdia é uma forma de dizer o quanto a relação de Deus como nosso Pai é baseada na sua sensibilidade especial para compreender nossas limitações e contradições. Por outro lado, ele completa, que percebendo de forma sensível as nossas limitações, Deus é aquele que nos levanta, uma vez que a palavra “consolação”, aqui usada é “parakaleo” que se define como a ideia de nos chamar para cima (exortar em outros textos). 
Estas duas palavras, devemos reconhecer como sendo o trabalho de Deus diante de nossas fraquezas: ele nos compreende, mas não nos deixa como estamos, nos chama, nos renova, nos mostra seus intentos perfeitos para conosco e o seu interesse em nossa vida. Isso é maravilhoso: esse é o nosso Deus! 
É Ele que nos conforta em toda a nossa tribulação– Paulo aqui é mais direto sobre essa origem do conforto que recebemos. Paulo nos estimula a pensar que todo o movimento de amor que recebemos, tem como origem última o próprio Deus. Essa carta nos deixa perceber este tom de uma forma particular. Veja que Paulo está sentido solidão nessa carta e esperava muito a chegada de Tito para vir lhe confortar. Quando Tito chega, Paulo se diz confortado. Mas esse conforto que ele recebe com a chegada de Tito, na verdade, é, em última instância, um conforto que vem do amor de Deus que se revela na chegada de Tito e nas notícias que ele trás consigo (ver 2Coríntios 2.12-13 e 7.5-6). Precisamos aprender a fazer a leitura teorreferente de todo o movimento de amor que nos cerca, como sendo amor de Deus por nós. . 
Para podermos consolar os que estiverem em qualquer angústia (triplissei)– em geral, as pessoas tem uma ideia de que Deus a ama e isso em si é um fim para a experiência como amor. Sentir o amor de Deus por mim é o máximo do que o amor pode fazer por mim. Mas, obviamente o trânsito do amor vai muito além diz: DEUS NOS AMA PARA QUE O AMOR TRANSITE POR NÓS E CHEGUE A OUTRAS PESSOAS.  
Experimentamos Particularmente o Amor do Pai Para Que Outros Sejam Consolados Mais Poderosamente Por Cristo
Um dos defeitos mais graves do homem moderno é a sua grande dificuldade em lidar com a espera e o tempo. O homem moderno, perdeu a ideia de eternidade, portanto, o tempo se tornou um algoz terrível. Para nossa mente moderna, se o tempo passou é um tempo perdido. Ele se vê na obrigação de aproveitar de forma prática cada segundo, porque este bem não está sob o seu controle. 
Paulo, nos dois versos seguintes (5-6) volta o seu olha para os sofrimentos de Cristo e os efeitos deste sofrimento sobre a nossa vida. 
Porque assim como os sofrimentos de Cristo se manifestam em grande medida a nossa favor, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo (2 Coríntios 1.5). 
Assim como– claramente o propósito é usar o tema como uma comparação. Segundo mesmo mecanismo que os sofrimentos de Cristo tinham como propósito nos alcançar, assim os movimentos do amor consolador de Deus sobre a nossa vida tem o propósito de se manifestar em favor de outros.
Transborda por meio de Cristo– Paulo aqui se preocupa em deixar claro que a nossa participação aqui no processo do trânsito do amor de Deus é o de veículo e não o de fonte. Não é a nossa palavra ou o nosso gesto, não somos nós a fonte do amor que alguém está recebendo por nosso intermédio, mas é Cristo o mecanismo do amor do Deus. Cristo nos usa para fazer o amor de Deus alcançar pessoas. Em outras palavras, quando experimentamos o amor de Deus, nos preparamos para que o amor de Deus que está em Cristo Jesus, seja compartilhado e experimentado por outras pessoas. 
Mais que resolver os problemas das pessoas, o alvo da nossa missão é fazer as pessoas se sentirem amadas por Deus, em Cristo, e com isso, estarem prontas a PASSAR ADIANTE O AMOR DE DEUS.
No verso 6, Paulo volta o olhar para ele mesmo e o que tem passado nas suas experiência apostólicas de provação. Mais para o final deste trecho fica ainda mais explícito a que tipo de lutas Paulo se refere aqui, como sua experiência apostólica. 
Mas, se somos atribulados, é para o vosso conforto e salvação; se somos confortados, é também para o vosso conforto, o qual se torna eficaz, suportando vós com paciência os mesmos sofrimentos que nós também padecemos (2 Coríntios 1.6). 
Para vosso conforto– Claro que Paulo está usando a mesma ideia do verso anterior, para que fique claro que Paulo não é a fonte do amor consolador de Deus, ele é o meio para que o resultado da luta salvadora de Cristo seja experimentado por outras pessoas. O objetivo de Paulo passar pelo que passa nas suas tribulações é que outros sejam confortados, ao verem como Paulo sabe e aprende a viver tudo para a glória de Deus. 
O texto fala de uma unidade cristã no exemplo. Essa pedagogia mimética, da imitação, aprendendo pelo exemplo é muito poderosa. Precisamos aprender que nossa vida nunca é uma ilha, mas estamos sempre ligados uns aos outros. Deus nos chama a viver as experiências pessoais com eles, sempre visando outros através de nós. O nosso exemplo, sempre tem como alvo, outros. 
Conforto eficaz(energumenes) – Essa palavra grega foi deturpada em nossa cultura, por meio da brincadeira de um programa televisivo, que a usava como uma espécie de ofensa: seu energúmeno. A palavra indica algo que está tomado pela “força”, “energizado”. Em outras palavras, o texto diz que este conforto que a nossa tribulação comunica é um conforto potencializado pela nossa experiência pessoal com o amor de Deus. 
Suportanto com paciência– essa experiência filtrada na nossa experiência pessoal energizadora produz mais razões para que os outros sejam pacientes em suas próprias tribulações. 
A nossa experiência com o amor de Deus é potencializadora para a capacidade de outros experiementar o amor de Deus que está em Cristo Jesus. O Evangelho é uma mensagem poderosa, especialmente, depois que o Evangelho é comunicado por meio de nossa experiência pessoal com o amor de Deus. Cristo nos usa e repassa o amor de Deus por meio dos filtros da nossa própria percepção de valor, a partir do amor com que somos amados. 
Experimentamos Particularmente o Amor do Pai Para Que Aprendamos a Ver a Nossa Vida Como Instrumentos de Deus e Não Como Um Fim em Si Mesma
Essa é a lição mais difícil de aprender neste texto. O texto nos lê e o a Palavra de Deus sabe que somos extremamente centrados em nós. Por isso, o texto bíblico nos chama a olhar para a nossa vida como meio e não como fim. 
Você pode pensar, mas que tipo de vida é essa que nunca está no centro do palco, está sempre apontando para algo? Sempre servindo como meio para a felicidade dos outros? E nunca pensando na própria felicidade? 
Aqui, podemos dizer como dizem o ditado dos filmes de hollywood: Aqui se separam os homens dos meninos. Sim, aqui se separam os filhos que estão prontos para a vida, daqueles que ainda seguirão pela vida chorando como crianças mimadas que querem um brinquedo só para si. 
Um sinal claro de nossa maturidade como pais, é que nossa maior busca, depois de algumas décadas de nossa vida, é viver para o bem dos nosso filhos. Existe um amor incondicional em nosso coração, que faz com que todo o esforço que permita nossos filhos estarem bem, é desfrutado como uma alegria, mesmo que seja um trabalho árduo. 
A nossa esperança a respeito de vós está firme, sabendo que como sois participantes do sofrimento, assim o sereis na consolação. Porque não queremos, irmãos, que ignoreis a natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foi acima das nossas forças, a ponto de desesperarmos até da própria vida. Contudo, já em nós mesmos, tivemos a sentença de morte, para que não confiemos em nós e sim no Deus que ressuscitou os mortos; o qual nos livrou e livrará de tão grande morte; em quem temos esperado que ainda continuará a livrar-nos, ajudando-nos também vós, com as vossas orações a nosso favor, para que, por muitos, sejam dadas graças a nossa respeito pelo benefício que nos foi concedido por meio de muitos (2 Coríntios 1.7-11). 
Estes cinco versos finais são uma espécie de conclusão do assunto. Essa primeira conclusão da introdução da sua carta, prepara os crentes de Corinto para compreenderem o propósito de Paulo em lhes escrever. Porque, na verdade, as pessoas não conseguiam compreender a vida de Paulo e suas lutas e experiências difíceis. Eles reputavam que Paulo era um fracassado, por ser tão perseguido por causa do Evangelho. Paulo, por outro lado, está lhes mostrando que as lutas que passamos, mostram o poder do conforto do Evangelho, que anuncia que Deus nos ama e está conosco em todos os momentos, mesmo e especialmente nas tribulações. 
Paulo quer que os crentes de Corinto compreendam que, diferentemente do que alguns pensam, suas lutas não são sinais de derrota do Evangelho, ao contrário, suas lutas são sinais da verdade e do poder do Evangelho. Pois, apesar de tantas lutas é possível ver o amor de Deus sendo derramado e alcançando vidas, especialmente, o amor de Deus, em meio as lutas, sendo filtrado pela fé e paciência do apóstolo dos gentios. 
A nossa esperança a respeito de vós está firme- Essa parte final tem uma espécie de resumo inicial. O verso sete é esse resumo, essa conclusão antecipada. Ele diz que estava tranquilo com o resultado da sua vida, porque sabia que no final, os crentes de Corinto seriam consolados, na medida em que, agora participavam dos seus sofrimentos e tomavam conhecimento das suas lutas. Paulo compreendia que Deus sempre cumpre o papel de fazer transitar o seu amor e confortar as pessoas, então, sabe que isso, mais cedo ou mais tarde, irá acontecer, então está tranquila a sua esperança. 
Não quero que ignoreis a minha tribulação – o desesperar da vida– Aqui ele deixa claro que o seu método de compartilhar experiência não é o de gerar uma história de heroísmos ou super poderes cristãos. Ele tem uma luta profunda e como homem também, muitas vezes, chega aos seus limites. Paulo não precisa que os outros crentes aprendam pelo ufanismo falso de um homem que nunca sofre, nunca está em conflito pessoal. Ao contrário, ele quer que eles saibam que do mesmo modo que eles próprios tem os seus momentos difíceis, Paulo também os tinha. O verdadeiro transitar do amor de Deus por nossa vida, acontece por meio da verdade do que vivemos e não por histórias fantasiosas que possamos contar. 
Temos a sentença – mas Deus que nos livrou – nos livrará– Paulo confia que Deus nunca deixa de fazer a obra de transitar o seu amor e sabe que o amor de Deus servirá de conforto para os Corintios, então está pronto a esperar como Deus irá fazer isto. Ele apenas sabe, por isso a esperança está firma, que Deus o fará, não sabe quando, nem como, mas confia em Deus. 
Este é o ponto central do que Paulo tem em sua mente nessa carta: Deus está pronto a usar a sua vida como filtro do seu amor, então ele está disposto a experimentar esse amor para poder compartilha-lo. 
Ajudando-nos vós com orações – para que por muitos sejam dadas graças – Aqui Paulo convoca as orações dos irmãos, para que façam parte deste circuito de trânsito do amor de Deus, através da vida do apóstolo, pedindo a Deus que sustente o seu apóstolo em suas lutas e o mantenha firme, para que quando ele sair destas lutas, muitos rendam graças a Deus.  
Benefícios concedidos por meio de muitos– quando a igreja ora por uma pessoa em lutas e ela consegue vencer as suas lutas, num certo sentido aquela vitória é de todos. A unidade da fé produz isto, especialmente que estamos dispostos a ver transitar o amor. Crentes que são agraciados por Deus e nunca compartilham o que Deus fez nas suas vidas com outras pessoas, não sabem o valor de suas vidas como meio de conforto e de fazer transitar o amor de Deus. 
Claro que sem ufanismos, com a ideia de mostrar superioridade espiritual. Claro que Paulo está pronto a mostrar suas fraquezas como homem, para que todos saibam que é a graça de Deus quem opera e não o mérito humano. Somos um corpo e precisamos aprender a viver como tal. 
Nossa vida não existe para si, mas para que Deus a use para alcançar outras pessoas e essa é a finalidade de Deus nos dar experiências tão profundas com o seu amor.  
Conclusão
Márcia, minha esposa, sabe muito bem e pode dizer isso para vocês, sobre a vida de um homem da minha antiga igreja, Vila Formosa, que foi um exemplo para todo o rebanho, o seu nome era Jetro. Um homem simples, criado no interior de Pernambuco e veio muito jovem para São Paulo, seguindo o exemplo de muitos, inclusive do meu pai e outros. 
Este homem, tinha diabetes muito severa e na sua velhice essa doença o castigou demais. Ele tinha dores profundas nas pernas. Ele as descrevia como uma faca que parecia estar enfincada na sola do seu pé e entrava pela perna. Certa vez, eu o visitei numa internação no Hospital das Clínicas, em meio a um mar de macas, espalhada em um enfermaria improvisada. Naquele lugar, eu me aproximei meio tímido, ele com uma expressão de dor profunda, me viu e me chamou. Quando me aproximei dele, perguntei: com o senhor está, irmão Jetro? Ele me respondeu como sempre: do jeito que Deus quer! 
Meus irmãos, aquela frase marcou a minha vida e a da igreja quando a compartilhei com a Igreja. Um filho dele me disse depois: meu pai sempre falou assim, desde muito antes, da doença lhe ser tão terrível. Quando o irmão Jetro voltou para casa, depois dessa internação, ele já tinha amputado parte da perna. Fizemos um culto em sua casa, vários irmãos foram. Lá, quando nós chegamos naturalmente perguntamos: como o senhor está, irmão Jetro? Ele ele respondeu: DO JEITO QUE DEUS QUER! Ele sempre dizia isto não com amargura, mas com senso do amor de Deus, que se revela não somente quando nos dá o que esperamos, mas, principalmente quando mantém viva a nossa fé.
Irmãos, temos de aprender a ser instrumentos deste transito do amor de Deus. Aprender de fato a compartilhar o amor e o conforto do amor de Deus, com o qual somos confortados e consolados. Precisamos PASSAR ADIANTE, o que temos recebido e descobrir, como pessoas amadurecidas, que deixaram coisas próprias de meninos, que a nossa maior experiência de felicidade sempre será que sermos instrumentos da paz que outros possam desfrutar.  

Oração
Ajuda-me, Senhor, a ser assim capaz de ser um veículo do seu amor e fazer transitar sua preciosa graça, misericórdia e consolação a outras pessoas. Amém! 

10 de março de 2019

Mateus 9.9-13

Por que Jesus Escolheu Estar Com Aqueles Que Todos Sabem Que São Pecadores?
(Culto da Noite – Março – IPT)
Mateus 9.10-13

Foco da Nossa Condição Decaída
Nem sempre estamos dispostos a perceber realmente que somos pecadores. Claro que o admitimos, não tem como não fazê-lo, contudo, estamos muito longe de perceber o quão evidente está para Cristo que somos pecadores. Por isso, muitas vezes, nosso juízo dos outros e dos seus pecados, são sempre tão duros. Este texto nos desafia a olhar com mais cuidado sobre quem realmente somos e como Cristo nos vê, além de nos exortar a viver de forma misericordiosa, no que tange a olhar para os outros pecadores. 

Introdução
Tive o privilégio de trabalhar por alguns anos com um dos meus professores mais marcantes: Rev. Heber Carlos de Campos. Ele me ensinou muitas coisas no seminário, mas sem dúvida alguma, pastorear ao seu lado foi um aprendizado ainda maior. 
Dr. Heber tinha ousadia incomum na pregação e uma segurança teológica invejável. Fazia afirmações contundentes com certeza absoluta do que estava dizendo, porque tinha uma mente teológica muito, mas muito organizada. Por isso, suas retumbantes afirmações, quase sempre nos espantava de duas formas: primeiro, por se tratar sempre de afirmações muito provocantes; segundo, porque ao final, todos sabíamos que ele iria nos mostrar como a Escritura, de fato nos desafiava a crer em coisas tão profundas. 
Uma destas retumbantes afirmações marcou a minha mente e a de muitos irmãos e irmãs que conviveram com o Dr. Heber nos dias de sua permanência como pastor em Vila Formosa: “Deus escolheu amar porcaria!”Ele sempre dizia que Deus tinha uma preferencia por coisas estragadas! Bem, claro que inicialmente isto choca, mas logo compreendemos que Rev. Heber se referia ao fato de Deus ter escolhido amar pecadores, inclusive, eu, dizia Dr. Heber para exemplificar e esclarecer do que se tratava aquela afirmação. 
O texto que temos diante de nós, também contém este desafio ao nosso entendimento. A escolha primordial de Cristo é estar com pecadores, especialmente aqueles que todos sabem que são pecadores. 
Mateus nos oferece este texto como um grande desafio, porque ele próprio, Mateus está entre estes publicanos e pecadores que se assentaram com Jesus algumas vezes para a refeição e preciosas conversas. 
Claro que esse gesto de Jesus daria o que falar para os fariseus que se julgavam homens acima de qualquer suspeita e sequer se creditavam pecadores como os demais homens: 
Ora, vendo isto, os fariseus perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? (Mateus 9.11). 
Esta noite, esta será a nossa pergunta também! Também iremos pedir a Deus que nos mostre em sua Palavra essas razões especiais de Jesus para escolher preferencialmente estar com pecadores tão evidentes. Creio que eu e os irmãos estamos cientes de que somos pecadores, mas com certeza, o texto está falando de pessoas que ainda mais claramente se evidenciavam pecadoras. Essa escolha de Jesus de ter com eles tão íntima comunhão deve ser um ponto desafiador para nós. Não somente para também nos mostrarmos mais claramente prontos a acolher os pecadores, mas também para nos avaliarmos sobre quem realmente somos e porque Cristo nos escolheu para compartilhar seu pão.
Tenha duas posturas diante deste texto que nos lê essa noite: a primeira, a coragem para também encontrar razões para você estar com pecadores evidentes, seguindo a obra de Jesus; segundo, tenha a também coragem para se perguntar: Jesus também quer se sentar comigo? 
Jesus Escolheu Estar Com os Que Todos Sabem Que São Pecadores Para Expor os Pecados Daqueles Que Se Acham Perfeitos Demais
Naturalmente, o texto que temos diante de nós expõe nossas fragilidades e deficiências com muita precisão. Ele é introduzido por uma cena simples, mas profundamente relevante para este Evangelho: 
Partindo Jesus dali, viu um homem chamado Mateus sentado na coletoria e disse-lhe: Segue-me! Ele se levantou e o seguiu (Mateus 9.9). 
O próprio Mateus era um publicano, que dali foi para sua casa e convidou Jesus para ir com ele, bem como, muitos daqueles que com ele dividiam a pecha de serem homens de má reputação, por serem coletores de impostos. 
E sucedeu que, estando ele em casa, à mesa, muitos publicanos e pecadores vieram e tomaram lugares com Jesus e seus discípulos. Ora, vendo isto, os fariseus perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores? (Mateus 9.10-11). 
Estando ele em casa – muitos publicanos e pecadores vieram – Mateus vai para sua casa e logo as pessoas que se encaixavam no seu tipo social se aproximaram. Jesus não perguntou a Mateus nada sobre a sua vida, mas ele sabia quem era. Jesus apenas lhe fez o convite: bem e segue-me e Mateus o seguiu. A realidade de Mateus era a de um homem estigmatizado pelo fato de ser considerado um traidor do seu povo. Trabalhava na coletoria, isto implicava em que seus patrícios o viam com desdém, porque trabalhava para os romanos. Também era considerado um homem de uma profissão onda havia muita corrupção. Ele vivia do problema dos outros. O texto classifica Mateus no conjunto de pessoas depreciadas no meio mais social: os publicanos e os pecadores.
Claro que a associação entre publicanos e pecadores no texto existe para fazer um contraste com os fariseus que entram em cena logo em seguida. Mas vamos nos deter nesse conjunto: o conjunto dos depreciados. Evidentemente, eles são depreciados e colocados em uma classificação negativa, pelo motivo simples: eles realmente eram reconhecidos pelos pecados que cometiam. Jesus, entretanto, escolhe este grupo para ser sua companhia preferencial neste momento e Mateus está nos mostrando isto propositadamente, logo após a sua chamada, para se incluir claramente na história. O ponto é que Jesus escolheu estar com aqueles reconhecidamente pecadores para expor o pecado daqueles que se achavam puros e perfeitos. 
Estando à mesa muitos publicanos e pecadores tomaram lugares – vendo isto os fariseus perguntavam– claro que este é o ponto deste texto, a comparação entre estes dois grupos. O primeiro, reconhecidamente pecador e repudiado e o segundo, reconhecidamente religioso e de boa reputação. Propositadamente, o texto nos coloca o quadro destes dois grupos e podemos logo perceber que à mesa com Jesus estão os reconhecidamente pecadores. Embora no contexto social os publicanos e pecadores estivessem abaixo na escala de importância, na situação presente, estão eles em condição privilegiada. 
Parece-me correto aplicar aquilo que o apóstolo Paulo falou: 
E Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são (1 Coríntios 1.28).
Este é um ponto importante: Deus escolhe estar com pecadores reconhecidos para fazer os que ainda se pensam perfeitos sejam humilhados na sua falsa pretensão de perfeição. 
Por que o seu Mestre come com publicanos e pecadores- Muito possivelmente os fariseus estaria dispostos estar àquela mesa com o Mestre, o Rabi. Eles davam a Jesus essa deferência, mas não poderiam se associar aos pecadores e aos publicanos. Acredito que estariam à mesa com ele, se um fariseu, respeitado o tivesse convidado e não houvesse tanta gente pecadora sentada ali, se associando ao grupo. 
No evangelho de Mateus, os escribas e fariseus estão constantemente tentando provar que Jesus não deveria se associar a pessoas ruins. Eles questionavam Jesus se realmente conhecia e praticava a lei (Mateus 12.1-2); as vezes, perguntam às pessoas porque Jesus faz o que faz, acusando-o de fazer obras pelo poder do Diabo (Mateus 12.24); outros momentos eles falavam com o próprio Jesus sobre os seus discípulos, acusando-os de pecados (Mateus 15.2). 
Aqui, mais uma vez o que temos é uma repetição deste comportamento de julgamento dos outros, sempre de uma postura de auto justiça e admissão de perfeição pessoal. O problema dos fariseus neste texto é que sua postura de julgamento contra os outros, sempre os deixaram longe de Cristo. 
Publicanos e pecadores com Jesus – fariseus fora– este é o ponto que precisamos pensar seriamente. Quando nossa posição é de autojustiça e nenhuma misericórdia com o outro, temos a tendência de nos impor um juízo ainda maior que aquele que estabelecemos contra os outros, o juízo de voluntariamente ficarmos longe de Cristo Jesus. 
Infelizmente, isto é mais comum do que possa parecer. Muitos irmãos ficam longe de uma vida de comunhão com Cristo por preferirem a condição de juiz dos seus irmãos. O problema com os fariseus neste texto e em todo o Evangelho de Mateus é que eles não conseguiam perceber que sua atitude de falta de misericórdia e de amor para com o próximo era um pecado tão grave e tão danoso quanto qualquer outro. Eles não conseguiam perceber que estavam perdendo tempo, fazendo juízo dos seus irmãos, quando deveriam ter a atitude mais simples: confiar no Mestre e deixar ele fazer a obra nos publicanos. Eles deveriam agir como Mateus: DEIXAR TUDO E SEGUIR. 
Você consegue entender o quanto isto pode se sobre você também? Pois, bem, não perca tempo! 
Jesus Escolheu Estar Com os Que Todos Sabem Que São Pecadores Porque Estes São os Que Realmente Precisam
Como podemos perceber, o problema mais grave dos Fariseus era o fato deles não se perceberem pecadores. Isto é o que realmente os afastava de Cristo. Agora, no verso 12, Jesus irá usar um provérbio de sua época para definir sua relação com os publicanos e pecadores. 
Mas, Jesus, ouvindo, disse: Os são não precisam de médico e sim os doentes (Mateus 9.12). 
Sem dúvida alguma, o que o texto nos leva a refletir tem dois lado: o primeiro, o lado de quem não sabe que está doente e, portanto, não sabe que precisa do médico; e o lado de quem está doente e precisa que o médico esteja com ele. Vamos a este último primeiro. 
E sim os doentes– Jesus estava com os publicanos e pecadores, que sabiam que se encaixavam na categoria: doentes. Mateus é quem está escrevendo sobre isto e, portanto, ele sabia muito bem o que estava acontecendo e de quem e por que Jesus estava usando aquela linguagem. 
Quando Mateus deixou a coletoria imediatamente e seguiu Jesus, sabia que deveria estar com aquele que lhe abriria uma nova opção de vida. Ele certamente estava ciente de que sua vida não poderia continuar do jeito e na direção em que estava. Ele precisava que algo lhe acontecesse e aconteceu: Jesus. 
Quando pecadores se reconhecem pecadores, Jesus está sempre pronto a estar lá, oferecendo-lhe o refrigério e a vida nova que precisamos. Deixar o pecado e seguir a Cristo é optar pela luz e deixar as trevas. Sem dúvida, muitas vezes é necessária uma coragem e desprendimento que nem sempre estamos dispostos a oferecer. Mas, no caso de Mateus, ele abraçou a sua chance de uma vida nova e foi imediatamente. 
Os são não precisam de médico- O segundo olhar deste verso é para o outro grupo de pessoas, as que não querem admitir sua enfermidade do coração e da alma. Por orgulho, por simples insensatez ou por qualquer outro motivo, o ponto central não é que de fato estas pessoas estejam sãs, o problema é que não querem admitir a própria enfermidade. Paulo falou a respeito disto, usando uma outra temática de expressão:
Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer (Romanos 3.10-11). 
O problema de muitas pessoas é que seu orgulho ou a sua insensatez não lhe permitem ver o óbvio: que sua vida não é completa, que sua estrada é trevosa e que sua jornada está na direção errada. Estas pessoas se permitem manter-se no erro e fazem questão de contar para si mesmas a própria mentira: estou sadio e não preciso de médico. De nenhuma forma isto lhe fará bem! 
Jesus ouvindo disse – Este dado do verso é importante tanto quanto o final do verso. Ele mostra que Jesus está interessado em que os Fariseus façam uma profunda reflexão, tanto quanto está interessado em que os Publicanos e pecadores saibam o que está acontecendo ali.
Publicanos e pecadores precisam saber que estão sendo acolhidos por alguém que está disposto a tratar suas enfermidades. Fariseus precisavam saber que ali estava alguém que estava dispostos a recebe-los para se assentarem à mesa e já estava começando o tratamento, mostrando-lhes o diagnóstico de sua enfermidade espiritual. 
Mais tarde, Mateus registra que um chefe da sinagoga, chamado Jairo, procura Jesus para que sua filha seja curada e este homem recebe do Mestre o amor e o cuidado que sua filha precisava, assim como o seu coração. Um homem da sinagoga, cheio de fé em Cristo Jesus, o médico. 
Meus irmãos este tema é muito importante para todos nós, porque todos somos acometidos pela doença do pecado. Quando menos esperamos ela vem novamente com seus terríveis efeitos, nos colocando longe da paz e em trevas novamente. Precisamos sempre que o médico esteja perto e o próprio médico já é o remédio e a própria cura. Todos precisamos saber que estamos doentes e não devemos jamais perder isto de vista.
Jesus Escolheu Estar Com os Que Todos Sabem Que São Pecadores Para Nos Ensinar o Grande Valor da Misericórdia a Mesma Que Nos Alcançou
O Reino de Cristo é um Reino construído pelo perdão gracioso que é dado aos filhos de Deus. Porque, na verdade, todos somos pecadores. Jesus, o único homem que não pecou, deu a vida por nós e nos fez filhos de Deus, servos do Reino. 
Mateus, o publicano, com uma propriedade muito grande era um discípulo que sabe o valor da misericórdia. Sua posição de antigo publicano, agora o levava a pensar sobre o que realmente estava acontecendo ali no seu chamado à fé. 
Aqui, no verso 13 Jesus conclama a todos a que aprendamos o valor da misericórdia:
Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos, pois não vim chamar justos e sim pecadores ao arrependimento (Mateus 9.13). 
Ele está se referindo ao profeta Oséias e este texto será novamente citado em Mateus 12.7. e é preciso saber que a misericórdia é um valor que aprendemos, especialmente, quando aprendemos que também fomos alvos da própria misericórdia de Deus. 
Aprendei o que significa– sem uma percepção clara de que foi por misericórdia que fomos resgatados, afinal, Deus deixou de nos dar o que merecíamos e nos acolheu em sua família, sem essa ideia clara de que fomos chamados ao reino por misericórdia seria mais difícil para nós o aprendizado, mas é importante que aprendamos e estejamos consciente de que a mesma misericórdia com que fomos tratados devemos tratar os outros. 
Misericórdia e não holocaustos– a Deus não se serve mostrando nossos valores, mas reconhecendo nossa pobreza. No seu reino não servimos por aquilo que temos a oferecer, mas recebendo do senhor o perdão sem nada dele merecer. Assim também devemos aprender a receber nossos irmãos, sem desejar que eles sejam perfeitos porque não o somos também. 
Não justos mas pecadores ao arrependimento– Jesus escolheu estar com aqueles que reconhecidamente pecadores para nos mostrar o que é a misericórdia que nos foi oferecida e nos fazer cientes de que nosso pecado foi vencido pelo seu grande e absoluto amor. Eu e você precisamos entender quem realmente somos como pecadores, para realmente compreendermos o que fazemos aqui e por que estamos aqui. 
Ele estava pronto a dar a sua vida, mesmo sendo nós pecadores e isso revela o quanto nossa fé precisa ser humilde e quebrantada. Esse é um valor que dará sentido a atos de profundo arrependimento.