29 de dezembro de 2019

Marcos 1.16-20

Homens Chamados Para Chamar Homens
(Culto da Noite – Dezembro 2019 – IP Tatuapé)
Marcos 1.16-20

Foco da Nossa Condição Decaída
Começamos a pensar que o chamado de Cristo precisa ser compreendido como uma estrada em que o discípulo se prepara para preparar o caminho para outros. Em tempo algum o chamado cristão nos convoca para sermos servidos, mas para servir alguém. Este é o ponto do chamado que Marcos propõe neste texto: em uma época de fracassos na fé, a Igreja é convocada a caminhar com Cristo para que outros o encontrem também como nós. Olhando por este lado, precisamos começar a pensar em nossa caminhada com Cristo, muito mais em termos do que fazemos do que daquilo que recebemos.

Introdução
João Marcos, nos apresenta um Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus, convocando a Igreja ao serviço. A urgência da obra do Evangelho do Reino de Deus estava ligada às pessoas que se perdiam e precisavam ser resgatadas das trevas e levadas para o reino da luz. Na passagem que nos ilumina nesta noite, temos o chamado dos primeiros discípulos: André, Simão, Tiago e João. Estes homens deixaram imediatamente tudo e foram após Jesus Cristo. 
Este chamado é uma lição para nós que precisamos aprender a seguir Jesus com a mesma urgência e com a mesma intensidade de vida. Em geral, o nosso cristianismo é vivido em “slow motion” (câmera lenta), vivendo para Cristo a partir de nossas circunstâncias e adaptando a nossa caminhada à nossa velocidade. Eu e você precisamos compreender qual a natureza do chamado e o que o Senhor espera daqueles que serão transformadores de mundos, ferramentas de alteração de realidades e “pescadores de homens”. 

Homens Chamados Para Chamar Homens Precisam Fazer do Caminho de Cristo o Seu Caminho
O texto nos diz que Jesus foi ao encontro daqueles homens, foi à sua estrada de vida, foi ao seu caminho e encontrou-os caminhando em suas vidas. Lá ele os convocou para um novo caminho e os chamou para seguirem o seu caminho. Eles o fizeram, seguindo Jesus numa nova estrada, numa nova perspectiva de vida, vivendo suas experiências de um outro modo. 
Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu os irmãos: Simão e André, que lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes Jesus: Vinda após mim, e eu vos farei pescadores de homens (Mc 1.16-17). 
Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu os irmãos: Simão e André – O texto nos mostra Jesus não apenas fortuitamente cruzando o caminho dos filhos de Jonas (o pai de Simão Pedro e André). O modo como o texto nos é apresentado, indica que Jesus foi ao encontro destes dois que estavam vivendo os dias como sabiam viver, isto é, lançando redes ao mar. Ele os viu (horal) – esse verbo “ver” é usado sempre com um sentido muito especial de “perceber”, “ver e pensar sobre”, como na nossa expressão: “veja bem”... Isto quer dizer que Jesus não somente os avistou em seu campo de visão, mas pensou a respeito deles e foi ao seu encontro para chama-los para uma nova vida. 
Laçavam as redes porque eram pescadores – Marcos precisa deixar claro que o chamado de Deus ao homem está ligado à vontade de Deus e não ao poder dos homens. Os discípulos que serão os transformadores de mundos, conquistadores de almas (como dizia Spurgeon) eram pescadores, que estavam exatamente sendo o que aprenderam ser. Essa percepção era a de Jesus, mas ele os queria transformar e eles deveriam aprender a viver outro caminho. 
Vinde após mim – Meus irmãos, eles não foram convidados a seguir algum caminho, mas foram convidados a seguir Jesus. Jesus haveria de lhes ensinar que “Ele era o caminho”, por isso, eles deveriam seguir neste “Caminho”. Eles foram convidados a deixar sua estrada, suas escolhas, suas forças, seu modo de viver, para viver algo novo, diferente, transformados em Cristo Jesus. 
Aqueles que são chamados para chamar outros homens para a vida com Cristo, precisam saber que esse chamado deve conquista-lo a viver na estrada de Cristo e não mais na própria estrada antiga. Não podemos nos esquecer de que estes homens não são chamados para receberem nada, mas para fazerem algo. Este é o ponto que o Evangelho de Marcos nos esclarece a respeito do Reino dos Céus é um lugar de trabalho, vida ativa em favor de outros. 
Seguir a Cristo é seguir a estrada que aponta para o outro. Somos chamados para fazer do Caminho de Cristo o nosso Caminho 

 Homens Chamados Para Chamar Homens Precisam Fazer do Caminho de Cristo Tornar Visível o Caminho de Cristo a Outros
Um detalhe que quero destacar neste texto é este que Jesus lhes diz tão claramente: EU VOS FAREI PESCADORES DE HOMENS. 
Eu vos farei – Em contraste com a expressão “eram pescadores”, Jesus lhes diz que faria deles “pescadores de homens”. A ideia do verso é que esse novo caminho que Jesus trilharia ao lado de André e Simão, também Tiago e João, seria construído em seu coração por meio da própria PESSOA de Jesus. 
Ele não diz que lhes ensinaria técnicas de evangelismo, ou ensinaria a teoria da experiência religiosa, mas Deus lhes daria uma “natureza pescadora de homens” (se é que podemos dizer isso desta forma). 
Halieis (pescadores) – é um termo que mais literalmente significaria “homem do mar”, mais que um pescador, que é uma pessoa que vai ao mar e pesca, mas um homem do mar, que aponta para alguém cuja natureza está envolvida com a vida no mar, com a pesca, que tem uma vida prática com o mar, com o pescado. Este homem ele não está apenas no lugar certo na hora certa, mas ele sabe estar no lugar certo e na hora certa, sabe o caminho dos cardumes, conhece o mar como ele fala. 
Farei de vós pescadores de homens – Jesus está dizendo que essa nova estrada de vida seria formada no coração deles, eles aprenderiam a conquistar homens como Cristo conquista. Eles são chamados para conquistar homens, como eles próprios foram conquistados. Sua natureza se inclinaria a ser assim: halieis antropon (pescadores de homens – homens do mar de vida humana). 
Os que são chamados para chamar homens, precisam se dispor a este novo padrão de vida e precisam estar prontos para o fato de que sua atividade neste mundo mudou de direção: AGORA ELES EXISTEM PARA CONQUISTAR OUTROS PARA CRISTO JESUS. Esse é um ponto que a Igreja nos dias de Marcos precisava lembrar! E este é um ponto urgente para nós nos dias atuais. 
Vivemos em um tempo em que os homens de fé, não conseguem discernir que sua fé existe para outros. Que são pais para conduzirem filhos à fé, que vivem em meio aos parentes para que saibam que Cristo os chama; que convivem com ímpios no trabalho e na vizinhança com uma finalidade: mostrar-lhes o reino e leva-os a Cristo. Precisamos que os crentes recuperem o senso de vocação de sua profissão, de sua vida cristã. 
Cristo é quem produz este CAMINHO EM NÓS e Ele é quem nos ensina a MOSTRAR ESTE CAMINHO AOS OUTROS. 

Homens Chamados Para Chamar Homens Precisam Seguir a Cristo Com Prioridade

Com certeza você já ouviu vários sermões e meditações neste texto que explora exatamente essa ideia de urgência, este é mais um exemplo. 
Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram. Pouco adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando redes. E logo os chamou. Deixando eles no barco a seu pai Zebedeu com os empregados, seguiram após Jesus (Mc 1.18-20).
Deixaram imediatamente e o seguiram – certamente, essa decisão de André e Simão não foi apenas um impulso momentâneo. Marcos nos conta a história do seu modo próprio e dinâmico. O Evangelista quer nos mostrar a importância da urgência e da prioridade que o Reino deve adquirir em nossa consciência. Mas a relação de Jesus com André e Pedro, começa com o fato de André ser um seguidor de João Batista, de Pedro já ter sido apresentado a Jesus no dia em que ele entrou no barco de Simão para falar à multidão etc. Contudo, Marcos preciso impregnar na mente dos seus leitores os ensinos de Jesus sobre o fato de que o Reino é uma prioridade urgente, que não pode ficar um segundo plano em nossa mente. 
Deixaram as redes - Deixaram o pai e os empregados – Claro que estamos falando da vida e da sobrevivência destes homens, bem como da família e dos afetos e os relacionamentos que cultivaram até ali. Marcos está pronto a falar a um grupo de pessoas que precisavam compreender isto, afinal, muitos deles estavam sofrendo perdas exatamente nestas áreas, porque a fé em Cristo estava lhes custando a vida, a família, o sustento e coisas deste grau de importância. 
Claro que a decisão que tomaram não foi apenas um impulso, mas uma corajosa escolha de vida. Eles foram chamados para chamar homens, para conquistar almas e perceberam a urgência e a sua nova natureza estava agora transformada com esta mentalidade e seria, gradualmente transformada, basta ver o bom exemplo de Pedro: APASCENTA AS MINHAS OVELHAS. 
Mas, eles tinham uma clara noção de que se foram CHAMADOS PARA CHAMAR HOMENS, DEVERIAM SEGUIR A CRISTO COM PRIORIDADE.
   
Conclusão
Seguiram após Jesus – não seguiram apenas um homem, seguiram o Caminho, seguiram a Jesus, a fé na vida eterna, seguiram o Caminho de Deus. Meus irmãos, sei que para muitos é uma decisão difícil, a decisão de seguir o caminho da fé. 
Muitos fazem uma distinção entre a sua vida chamada “secular” e a sua “vida espiritual”. Na verdade, o SER UM PESCADOR DE HOMENS, UM CONQUISTADOR DE ALMAS, não é algo que eu faço somente longe do meu trabalho, o dos meus amigos e parentes: MAS É UM MODO DE VIVER O MEU TRABALHO, MINHAS AMIZADES E MINHA VIDA FAMILIAR. 
Um Pai é um conquistador de almas, quando consegue mostrar a seu Filho o Caminho de Cristo, vivendo sua vida familiar de forma a servir ao Reino e não a si mesmo. 
Um trabalhador é um conquistador de almas, um pescador de homens, quando sua clara responsabilidade, honestidade, técnica está a serviço de algo muito maior, no desejo de cuidar bem do jardim de Deus, o lugar onde o Reino de Deus se manifesta neste mundo é ao redor do crente. 
Assim, mais que pregadores: precisamos de homens que vivam com Cristo e façam da sua vida a Estrada de Cristo. 

22 de dezembro de 2019

Marcos 1.14-15

A Essência da Pregação do Reino
(Culto da Noite – Dezembro 2019 – IP Tatuapé)
Marcos 1.14-15

Foco da Nossa Condição Decaída
Precs.

Introdução
O contexto do Evangelho de Marcos é particularmente acelerado. Neste Evangelho Jesus está em constante movimento, as cenas são muito rápidas, tudo acontece com velocidade. Estamos falando de alguém que apresentou a mensagem da fé com uma visão de URGÊNCIA MUITO SÉRIA.
João Marcos compreendeu que a mensagem do Evangelho precisava ser reativada nos corações da sua geração, pois, não poderia ver o Cristianismo entrar em dias nublados, em que os crentes pudessem parar para desfrutar da paisagem deste mundo. Ao contrário, Marcos percebe que há uma importante urgência na vida cristã, que exige uma atenção constante para o viver pra Cristo. 
Aqui, Jesus está assumindo rapidamente a estrada aberta por João Batista e sai espalhando a Boa Nova do Reino. Essa mensagem do Reino pregada no Evangelho por Jesus Cristo é uma apresentação da essência do conceito do próprio Reino. Nestes dois versos, podemos compreender algumas importantes lições sobre essa mensagem: URGENTE, DIVINA E COMPROMETIDA.
Essa essência era necessária ser apresentada nos dias de Marcos, porque a Igreja corria o perigo de ser levado pelo aparente demorar da promessa, achar que eles tinham todo o tempo do mundo para fazer a obra do Senhor. Num certo sentido, nós, em nossos dias vivemos um perigo muito maior desse comodismo. Os anos terem se passado, as décadas e os séculos, milênios que nos separam dos dias de Cristo podem nos fazer muito mais acomodados. 
Somos uma geração de velocidade, mas aplicamos nossa pressa e velocidade na direção de jogar os jogos da presente era. No que diz respeito ao necessário empenho pelo Reino de Cristo, parecemos ralentar, tomar decisões lentas e deixar nossa vida com Cristo apodrecer pela demora em efetivar os nossos frutos para o Senhor. 
Pode ser que eu e você tenhamos perdido a noção da essência do Reino e da mensagem do Reino. Por isto, Marcos, nesta noite, será nossa meditação e para este texto abriremos o nosso coração, pedindo a cura para os nossos pecados.   
A Boa Nova do Reino é Uma Mensagem Urgente Que Não Nos Permite Perder Tempo
Marcos é um Evangelho que tem um compromisso muito claro com o Ministério de Cristo Jesus. Ele não é um Evangelho de manjedoura, magos do oriente, pastores, anjos anunciadores etc. Claro que estas histórias seriam muito importantes para a fé Cristã que seria construída a partir da pregação apostólica do primeiro século, mas como o primeiro dos Evangelhos a buscar reativar a Fé Cristã, Marcos precisa que nossos olhares atentem para o próprio Cristo, o Filho de Deus. Por isso, tão rápido no Evangelho é Cristo quem está pregando e fazendo com que as Boas Novas do Pai sejam conhecidas entre os homens. 
Depois de João ter sido preso – Jesus havia vindo à Judeia e foi batizado por João. O batismo de Jesus é o ponto de partida oficial para o início do seu ministério. Os quarenta dias de jejum que se seguiram ao batismo de Jesus, fora tempo suficiente para que Herodes levasse João à prisão, onde seria morto pelos caprichos daquele governante desqualificado. Com João preso, a anúncio do Reino, isto é, a Boa Nova do Reino, começa a ser anunciada por Jesus. 
Marcos destaca nesta construção uma certa pressa em continuar a pregação. Jesus em seu Evangelho está o tempo todo em movimento, realizando a obra do Senhor. Essa é uma característica muito importante do Evangelho de Marcos. Jesus não para para lamentar o afastamento de João, por causa da sua prisão, imediatamente Jesus está assumindo e suprindo a falta de João. 
Foi para a Galiléia pregando o Evangelho – O texto faz uma junção entre os dois verbos: ir e pregar, por isso, a nossa tradução no gerúndio, mostrando uma ação feita com senso de urgência. “Kerisso” para dentro da Galiléia, isto é uma maneira de dizer que Jesus Cristo havia inundado a Galiléia com o seu ensino sobre o Reino. Não penas contava a novidade, mas apresentava conceitualmente o Reino de Deus aos homens da GAliléia.
Um senso de urgência que não tem tempo para lamentar perdas ou se envolver em outros assuntos, isso é o que Marcos parece construir na mente dos seus leitores. Esse é um ponto que precisamos pensar seriamente sobre a nossa vida com Cristo Jesus nos dias atuais. 
Somos uma geração de muita pressa para muita coisa, mas somos lentos para construir nossa relação com Deus. Parece-me que a verdadeira construção de uma vida com Deus é sempre o nosso segundo plano, ou terceiro... Mas, de vez em quando, Deus nos faz perceber como o Evangelho é urgente! 
Uma família espera seu filho em casa, a mãe estava decidida que iria novamente lhe fazer uma pergunta e pedir que pensasse sobre sua vida com Deus. As tristezas que seu coração carregava tinham chegado em um limite e, agora, ela estava decidida a mais uma vez falar sério com seu filho. Naquela noite, esperando a chegada do jovem, recebeu a visita de uma viatura de polícia, informando um acidente trágico que ceifara a vida do seu jovem filho. Claro, a salvação de uma alma não depende de nós, mas a pregação do Evangelho de Cristo é a nossa urgente incumbência!! 
A Boa Nova do Reino é Uma Mensagem Que Aponta Para o Juízo de Deus
A urgência da nossa pregação é ainda mais necessária quando olhamos para o fato de que a mensagem do Evangelho tem um ponto no tempo em que tudo se encerra: o dia do juízo de Deus. 
Foi Jesus para a Galiléia pregando o Evangelho de Deus – o ponto aqui é que a mensagem que Jesus pregava não tinha uma relação primeira com a vida dos homens no mundo, mas a sua relação com o Criador, o Senhor da vida. 
Enquanto os homens dos dias de Marcos estão começando a se preocupar com as coisas deste mundo, o Evangelho é escrito para mostrar que não podemos perder de vista que a vida que vivemos neste mundo, a vivemos para Cristo, a vivemos para Deus, que nos comprou com o sangue do seu Filho. 
Deus e a sua perfeita vontade é o ponto central da mensagem de Cristo. Ele anuncia o que o Pai espera e o convoca os homens a pensarem em Deus. Em dias de falta de Deus nas consciências, Jesus com urgência os convoca a olharem para Deus.
O tempo está cumprido e o Reino de Deus está próximo – Assim como João Batista, o tempo urgente era o ponto de partido para que o homem pensasse sobre a sua vida e relação com Deus. João anunciava o machado à raiz das árvores e Jesus o tempo oportuno para a salvação dos perdidos, a cura dos povos. 
Você pode não está mais pensando sobre isto, porque você pensa assim: agora já são quase dois milênios depois destas coisas, então, logo, as coisas não são tão urgentes assim e não são tão perigosas assim. Bem, você pode se esquecer de uma coisa: SUA VIDA NÃO TEM DOIS MILÊNIOS PARA ESPERAR, você talvez deva pensar sobre como as oportunidades podem ser poucas para nós, afinal, que é a nossa vida, senão uma neblina que logo passa. 
O ponto é que não podemos nos esquecer de que o Evangelho é o anúncio de que o Reino deve ser considerado exatamente porque o juízo de Deus contra os homens que se afastaram dele é o centro das atenções deste reino, veja a última expressão: ARREPENDEI-VOS. 
Deus é o centro da mensagem de Jesus, a sua vontade nos corações humanos, o que Deus espera de sua vida deveria ser a sua mais primordial preocupação sobre o dia de hoje, o dia de amanhã. Veja como é que vivemos nosso dias e fazemos os nossos planejamentos, somos displicentes completamente no que diz respeito ao que iremos entregar de vida ao nosso Deus.
O Evangelho de Deus é a mensagem da vida para a vida humana 

A Boa Nova do Reino é Uma Mensagem Que Busca o Comprometimento Pessoal 
O termo Evangelho (Euangelion – boa nova) pode talvez nos confundir, achando que a evangelização dos homens é somente o anuncio de uma notícia alegre, a ser recebida com muita calma. Bem, claro que toda a notícia a respeito de Deus é para ser recebida com alegria, no entanto devemos lembrar que pregar o Evangelho é também anunciar o juízo e o fato de que desagradamos a Deus se vivemos sem que Ele nos comande nessa vida. 
Conheci um homem cristão, ele se achegou à nossa igreja. Sua esposa uma mulher muito piedosa e ele queria muito agradá-la, então também se envolvia nas coisas do Evangelho. Ele era um empresário que vivia algumas dificuldades pessoais, portanto, sua vida era muito problemática, lidando com diversos problemas. Ele vinha à igreja e se tornou muito amigo nosso, mas tinha sempre uma crítica! 
Ele dizia com frequência que a pregação era muito intensa contra o pecado, que ele vinha à igreja e estava sendo constantemente alertado sobre o seu modo de agir e como ele se distanciava das coisas de Deus, em sua opinião, ele acreditava que o Evangelho deveria cumprir a missão de ser mais leve, uma mensagem que acalentasse o coração com boas palavras, uma espécie de auto ajuda para os sofredores. 
Eu compreendia o que ele falava, entendia o seu ponto. Mas, apesar do Evangelho de fato ser uma boa nova de grande alegria, ele não podia ser entregue para nos tornar confortáveis neste mundo, vivendo sem Deus e longe da sua vontade. Alguém que viva assim, corre grave risco de eternidade, pois a volta iminente de Jesus ainda é um fator importante da mensagem do Evangelho, além disto, quanto tempo temos para a vida com Deus é um assunto que nos assusta. 
Arrependei-vos e crede no Evangelho – note que há dois aspectos da nossa relação com essa boa nova: o arrependimento, que implica em uma análise profunda da nossa própria vida e como a construímos com Deus e o crede, que se traduz em nossos planos de serviço a Deus, conforme a mensagem que ouvimos da vontade de Deus. Estes dois aspectos inserem nossa vida em um COMPROMISSO COM O REINO E O EVANGELHO DO REINO. 
A urgência que precisamos perceber na pregação do reino é a de nos convocar a um relacionamento íntimo e pessoal com o Reino de Cristo, com Deus. Não se trata de uma adesão à distância, como Pedro tentou manter com Jesus quando ele foi preso no sinédrio, mas uma relação de AMOR COMPROMETIDO. 
Jesus anunciava uma relação de COMPROMISSO COM O EVANGELHO, que torna a nossa vida parte da própria mensagem que pregamos e parte da própria história do Evangelho. 
Não há espaços para crentes que vivem o Evangelho à distância, mais preocupados com seus reinos pessoais, que se inserir na relação com Deus de forma verdadeira e profunda, em obediência e serviço ao Senhor. Este é um ponto que precisamos reforçar na mensagem que pregamos em nossos dias. 
   
Conclusão
Temos vivido tempos de pressa para construir os reinos deste mundo e desleixo para construir uma relação séria com Deus. Também temos vivido tempos de comprometimentos com muitas causas, mas pouco compromisso com a CAUSA DA ETERNIDADE NAS VIDAS HUMANAS. 
Uma igreja que verdadeiramente quer servir a Cristo e ao Evangelho deve saber que a natureza da nossa missão é essa: URGENTE, DIVINA E COMPROMETIDA. 
·      Não podemos deixar para amanhã e não podemos perder tempo, enquanto muitos se perdem nas trevas;
·      Não podemos deixar de advertir os homens a que vivam para Deus, porque o Criador há de trazer a juízo todos os homens e nós somos os atalaias que protegem a cidade; 
·      Não podemos deixar o Reino de Deus como um programa que roda em segundo plano; como uma realidade de menor importância, ocupando um espaço secundário, mas nosso compromisso com este Reino deve ser o primeiro amor da nossa vida e o primeiro plano a ser visto. 
Penso que quando nossa igreja viver essa essência do Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, ela será grandemente usada e poderosa para fazer a obra do Senhor. Essa é a nossa maior busca aqui na Igreja Presbiteriana do Tatuapé. Queira Deus nos dar irmãos e irmãs, homens, mulheres, jovens, crianças, famílias, casais, trabalhadores do reino, que vivam e pensem assim sobre a vida. 
Oxalá nos dê Deus este tipo de crentes!! Amém


Romanos 6.20-23

Da Manjedoura à Cruz – O Caminho da Morte Para a Vida
(Culto da Manhã – Dezembro 2019 – IP Tatuapé)
Romanos 6.20-23

Foco da Nossa Condição Decaída
Precisamos considerar bastante o fato de que o nascimento e a morte, a manjedoura e a cruz, são temas interligados não somente da vida de Cristo, mas de todos os cristãos. Nosso texto é um convite bíblico ao nascer e morrer espirituais que todo crente tem de vivenciar para que possa desfrutar de uma relação de vida eterna com Deus.

Introdução
Considerando as realidades bíblicas da manjedoura e da cruz, facilmente notamos alguns pontos de contato indissociáveis:
A manjedoura foi o primeiro lugar onde o Cristo deu os seus primeiros suspiros para o mundo, na Cruz ele expirou pela última vez. Na manjedoura, o Rei dos Judeus, esperado por muitos, permanecia desconhecido dos homens, na Cruz fora pregado, com a intenção de ser esquecido. A manjedoura não era um lugar digno para Jesus, a cruz também não. Ele escolheu fazer a vontade do Pai e veio para a manjedoura, também, pelo mesmo motivo, foi para cruz. A manjedoura aponta para a Redenção dos homens, a cruz da mesma forma. 
Não podemos afastar a história da manjedoura, da história da cruz. Uma, na outra, ganha precioso sentido. Precisamos que esta história seja vista por completo, afinal o nascer e o morrer devem ser vistos como movimentos que também nós precisamos aprender a realizar. Jesus falou-nos: “importa-vos nascer de novo” (João 3.7); e também nos disse: “quem perder a vida, por minha causa, salva-la-á” (Lucas 9.24). Desta forma, a vida Cristã, assim como a de Cristo, precisa dos movimentos do nascer e do morrer. 
Nosso texto desta manhã nos convida a esta reflexão de uma maneira diferente, pois nos chama a pensar em como a morte é vencida pela vida, mas para ganhar a vida é preciso morrer. Este é um ponto que dará à vida cristã nova dinâmica e dará a todo o que crer uma experimentação viva do Evangelho.  
O Caminho da Morte Para Vida Começa a Ser Trilhado Quando Reconhecemos a Morte em Nosso Viver
As plantas um dia foram semente! Para que pudessem se tornar em uma planta, ganhar folhas e frutos, tiveram que cumprir o papel da semente, que é morrer, murchar e se abrir para que de dentro dela, viesse à luz uma planta. Inicialmente uma pequena e frágil vida, começa como uma delgada ramagem, que se ergue em meio à morte da semente, libertando-se para ser uma planta. 
Essa é uma bela ilustração da vida cristã que, para nos levar a vida, precisa passar pela experiência de aprendermos a morrer. Jesus havia nos dito que se quisermos segui-lo teríamos de aprender a estrada da morte para a vida: quem perder a vida acha-la-á. 
Porque, quando éreis escravos do pecado, estáveis isentos em relação à justiça. Naquele tempo, que resultados colhestes? Somente as coisas de que, agora, vos envergonhais, porque o fim delas é morte (Romanos 6.20-21). 
Quando éreis escravos do pecado, estáveis isentos em relação à justiça – um dos maiores problemas para quem comete crimes é a sensação da impunidade, isto é, um falso senso de segurança que parece nascer da falta de punição aparente, o que leva o criminoso a não perceber e vivenciar a gravidade do seu delito. Essa é a mais eficiente ferramenta do pecado para nos aprisionar, isto é, nos fazer pensar que somos livres e que estamos bem, estando escravos e condenados. 
Não é incomum que pessoas pensem de si mesmas de forma muito positiva e não percebam a real situação de sua alma, que se entrega à morte e não consegue desfrutar da vida. Não percebem ou não querem perceber como sua vida está aprisionada na morte. É deste sentimento que Paulo está falando, que havia sido uma maneira com que os crentes de Roma levavam a vida, até que perceberam a Lei de Cristo. Veja, que ele diz, que eles viviam como se a justiça não lhes imputasse nenhuma ofensa, nada ruim. Eles não percebiam que diante de Deus suas vidas estavam condenadas e vazias, suas alegrias passageiras e sua falsa felicidade não conseguiriam dar conta da sua realidade espiritual. 
Que resultado colhestes? Somente as coisas de que, vos envergonhais - o apóstolo conduz a consciência dos seus leitores para pensarem de forma prática para a vida sob o governo do pecado, portanto sem Cristo. Ele argumenta com eles que se forem perceber o que haviam vivido sob aquelas condições, agora que viviam à luz do Evangelho fica claro que era um caminho de morte, cujas obras agora eles se envergonhavam delas. 
Porque o fim delas é morte – exatamente o caminho de morte que Salomão fala sobre as escolhas do homem sem Deus. Aqui, estamos vendo o tema da morte na sua face mais triste: a morte da vida sem Deus, a falta de vida na vida. Este é um ponto que precisamos considerar atentamente, que a vida sem Cristo é um vazio existencial que nos conduz a um tipo de vida que só produz morte em nossa jornada. 
Naquele tempo – Paulo está falando a crentes e não para ímpios, qual é o valor desta exortação? Por que está dizendo estas coisas? Ele começou sua fala dizendo “naquele tempo”, ou seja, já era passado na vida deles, de que serviria lembrar aqueles dias? Este é o ponto, Paulo está levando a crentes a refletirem sobre o fato de que muitas vezes, por diversos fatores, querermos viver como antes, abandonando nosso primeiro amor e nossa lealdade à santidade de Cristo. Por isso, este capítulo é uma profunda exortação a não vivermos como antes, quando éramos escravos do pecado, mas nos dispormos a uma estrada crescente no caminho da santidade e da vida que seja digna de Cristo Jesus. 
Como viveremos ainda no pecado, nós os que para ele morremos? (Romanos 6.2).
Sem dúvida a morte e a vida são temas que se aproximam. A estrada que nos leva da morte para a vida carrega também este paradoxo: a consciência de que é preciso morrer para este mundo, para viver para Deus (Romanos 6.11).    
O Caminho da Morte Para Vida Nos Leva a Vivenciar Um Processo de Transformação da Morte em Vida Por Meio da Santificação
Crentes não podem se esquecer nunca de que sua nova vida em Cristo não é conquistada por méritos deles, por suas obras ou por seu conhecimento; mas a nova vida precisa ser revelada ao mundo nos frutos que permanecem para a eternidade. Em outras palavras, a vida cristã não se resume aos rituais que praticamos, mas é evidenciada no nosso novo modo de pensar a existência e de desfrutá-la. Uma nova maneira de enxergar todas as coisas. 
Agora, porém, libertados do pecado, transformados em servos de Deus, e tendes o vosso fruto para a santificação e, por fim, a vida eterna (Romanos 6.22). 
Agora, porém, libertados do pecado – o tema da prisão do pecado preenche todo o capítulo 6. Neste tema, Paulo trata da importante consciência que precisamos ter de que o termômetro mais claro de nossa nova vida em Cristo são os impulsos que controlam as nossas preferências, escolhas, sentimentos e ações. Ele faz um contraponto ao verso anterior e diz que AGORA, isto é, na realidade, no momento em que Paulo lhes escreve, eles precisam ter consciência da sua NOVA CONDIÇÃO EM CRISTO. Por isso, ele provoca a ideia da LIBERDADE do PECADO. 
Transformados em servos de Deus – ele tratou deste tema nos versos 12 a 14 e os exorta a perceber este domínio do pecado sobre a sua vida. Algumas vezes, nos tornamos servos voluntários do pecado, deixando com que as inclinações pecaminosas da carne nos controlem e nos façam viver em um nível de escravos do pecado. Paulo usa a palavra (doulothentes) que não significa apenas que eles agora estavam só numa nova situação, mas tinham recebido uma “nova natureza”, um “novo estado existencial”, agora eram “SERVOS POR NATUREZA” DE DEUS. Isso é importante que consideremos em nossa caminhada cristã: A NOSSA JORNADA EM CRISTO É UMA MUDANÇA DE NATUREZA, na nossa condição humana, não só pertencemos a Deus, mas fomos feitos pertencentes a Ele, esse é o nosso novo nascimento, nossa nova vida. 
Tendes o vosso fruto para a santificação e por vim a vida eterna – como resultado dessa nova natureza do nosso serviço, precisamos lembrar que nossos frutos devem revelar essa nova seiva que corre em nossos corações, que irriga a nossa existência. Por isso, este é o melhor termômetro para a nossa vida em Cristo. Paulo, fala em santificação, no processo que deve culminar com a eternidade. Então, há um progresso que precisamos cultivar e buscar, que não podemos negligênciar. A manjedoura é a vida para nós, mas é preciso morrer para que essa nova vida nasça realmente em quem somos, traduzindo-se na realidade de como somos. 

O Caminho da Morte Para Vida é Uma Estrada Que Nos Faz Viver a Eternidade Como Fruto da Graça 
A eternidade é um dos temas que dominam este ponto do texto. Aliás, Paulo considera que a “vida eterna” é o alvo que direciona todos os atos da redenção, como ele próprio escreveu em Romanos 8.30. Um pensamento sobre o que é a vida eterna e como ela pode ser desfrutada aqui, servindo como bússola para o cristão é a GRAÇA, da qual essa vida eterna prometida é resultado.
Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor (Romanos 6.23). 
O salário do pecado é a morte – Mais uma vez é preciso pensar na vida, a partir da morte, na redenção a partir da condenação. Paulo deixa claro que o resultado do pecado é uma vida na sombra e no domínio da morte. É necessário considerar nosso estado de morte em contraste com a nova vida que Deus nos dá.
Do gratuito é a vida eterna – essa nova vida é fruto da graça e este é um ponto central a ser considerado, porque a realidade da graça e da misericórdia de Deus para conosco é o ponto central da nossa experiência na vida eterna. 
O próprio vale do pecado em que a humanidade caiu é, no final de todas as contas, um modo de Deus nos revelar a sua graça. No capítulo anterior ele disse que ONDE ABUNDOU O PECADO, SUPERABUNDOU A GRAÇA. No capítulo 9 ele diz que por causa da nossa salvação ele revela a sua glória em vasos de misericórdia, PORQUE ELE QUIS MOSTRAR ESSA GRAÇA. 
A manjedoura e a cruz compõem uma única estrada que nos leva à vida na graça. Ambos pontos revelam a graça eterna de Deus, revelada em Cristo e na sua liberdade de se entregar por nós e de nos dar a vida, na sua morte. Quando aprendemos morrer para viver, ou aprendemos a viver morrendo, aprendemos que tudo nos vem pela graça que há em Cristo Jesus, que nos dá nova vida e vida eterna com o Senhor. 
   
Conclusão
Precisamos aprender a investir vida na nossa vida. Precisamos conseguir nos libertar das amarras do pecado, que não são necessariamente e somente as coisas impuras, imorais e desleais que fazemos neste mundo, mas um modo de vida que não é direcionado para a eternidade. 
A melhor maneira desta vida se manifestar é direcionando nossas preferências, escolhas, palavras, hábitos para a eternidade, procurando realizar tudo aquilo que coopera para que este Reino Eterno se manifeste entre nós, através de nós. 
Vivemos para aquele que nos comprou e nos deu nova vida. Neste Natal, precisamos considerar que é tempo de liberdade, de vida e de aprender a morrer para o mundo e viver para Deus. 

Oração

Da-me uma estrada que honre ao teu nome e mostra-me como viver para ti! 

8 de dezembro de 2019

Marcos 1.7-8

Batismo Para o Reino
(Culto da Noite – Dezembro 2019 – IP Tatuapé)
Marcos 1.7-8

Foco da Nossa Condição Decaída
Para que sua fé seja forte e sobreviva nas maiores tempestades da vida, você precisa compreender a verdadeira natureza do seu chamado, que se constrói por meio de uma profunda consciência de quem te chamou e para o que te chamou. Este é precisamente o ponto desta mensagem, a partir de Marcos 1.7-8, a qual é um desafio a uma fé viva que não esmorece nas lutas.

Introdução 
Nos dias de Marcos, a fé cristã vivia momentos difíceis. Por meio da sua obra, o evangelista empreende com destreza a tarefa de convocar os crentes a resistirem firmes na fé, em meio ao fogo ardente que se levanta contra os que crêem. Ele começa o seu Evangelho um pequeno recuo até João Batista, o vigoroso homem de Deus que dedicou a sua vida a chamar os homens à viverem para o Reino dos Céus, que compreendia ele estar em iminente chegada. 
Jesus, o Filho de Deus é o fruto das promessas vétero testamentárias. As promessas das Sagradas Escrituras, que foram introduzidas na história por meio desta proeminente e respeitada figura do Profeta fora de tempo, João Batista. A exemplo de Elias, João Batista levou reis a temerem o poder de Deus e do seu Reino. 
Nos dias de Elias, Acabe e sua mulher Jezabel, nos dias de João Herodes e Herodias, sua cunhada e mulher. Estes homens de Deus traziam à terra profundo senso da fé em Deus e no seu reino. Marcos, retorna a João e faz uma ligação clara entre João e o Jesus Cristo, o faz do seu Evangelho uma convocação para o sustento diante do inimigo e das autoridades que tentam sufocar o Evangelho. 
Os testemunhos de João Batista sobre Jesus são impressionantes demonstrações de clareza na fé. Compreender o momento que se vive e saber exatamente para que e para quem se vive é fundamental para qualquer um que queira abraçar com fé um valor, uma causa, um profundo amor. 
Marcos percebeu que o chamado de Cristo para a sua Igreja precisava ser construído no coração dos santos para que estes pudessem seguir e resistir na fé, diante dos inimigos. Então, ele começa sua busca de fortalecimento, com o testemunho de João a respeito do Batismo que a Igreja precisa receber em seu coração. 
Ser batizado é um impressionante gesto de introdução à um nova realidade. O batismo era o rito de inicialização em uma causa. Por isso, Paulo chama a passagem pelo Mar Vermelho como um batismo para o povo de Israel, que ingressava naquele momento em uma nova realidade, em um novo compromisso, assumindo um amor profundo em seu coração, para servir a Deus de todo o seu coração e ouvir o seu chamado para uma nova vida, uma nova terra e ser o seu povo. 
Nesta noite, irmão, desejo que este texto nos ministre ao coração uma profunda compreensão do nosso chamado e as implicações de nossa ligação à Cristo e ao seu Reino. Quero que em meio a todas as turbulências da vida natural neste mundo, lidando com todas a dificuldades próprias do viver em um mundo caído, eu e você, consigamos fazer o que Pedro pediu aos homens de seus dias: 
Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leaão que ruge procurando alguém para devorar, resisti-lhe firme na fé, certos de que sofrimentos iguais aso vossos estão se cumprindo na vossa irmandade espalhada pelo mundo. Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamaou à sua eterna glória, depois de terdes sofrido por um pouco, ele mesmo vos já de aperfeiçoar, firmar, fortificar e fundamentar. A ele seja o domínio, pelos séculos dos séculos. Amém (1 Pedro 5.8-11). 
Para que a sua fé não vacile aprenda três importantes lições: a) você não é maior que o Reino; b) o que você é capaz de fazer não tornam o Reino melhor depois que você passa; c) o Reino tem uma dimensão que você não pode controlar. 

Batizados Para o Reino
Isto Só Acontece Verdadeiramente Quando Você Compreende Que Você Não é e Nunca Será Maior Que o Reino

João Batista é um dos maiores exemplos de poder, dado aos homens. Jesus, a respeito deste homem de Deus disse: 
E eu vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João (Lucas 7.28). 
O vigor de sua fé e a firmeza do seu caráter são descritos nas Escrituras para espanto de todos nós. A ousadia com que enfrentou as autoridades e com que desafiava os homens a virem ao Reino de Deus eram inspiradores. Contudo, este homem é aquele que eternizou a seguinte declaração sobre Jesus, umas das mais importantes afirmações de fé e de submissão a Cristo: 
Convém que ele cresça e eu diminua (João 3.30). 
Jesus compreendia bem o seu papel no Reino e por isso mesmo não se iludiu consigo, não se tornou de si mesmo um ufanista com todas as coisas que Deus havia lhe dado. Ele não veio fazer discípulos de João, embora muitos o tenham seguido aos desertos; não veio conquistar adoradores de João Batista, embora muitos até o confundissem idolatricamente. João COMPREENDIA QUE ELE NÃO ERA NEM NUNCA SERIA MAIOR QUE O REINO E O REI. 
E pregava dizendo: Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de, curvando-me, desatar-lhe as correias das sandálias (Marcos 1.7). 
E pregava dizendo – João, em sua pregação, tinha o vigor do anúncio da chegada do Reino dos Céus. Mas, ele estava pronto a também a levar os homens a perceberem de fato quem é quem no Reino e algo que ele anunciava com veemência era a sua própria pequenez. 
Após mim, vem aquele que é mais poderoso do que eu – João não era o tipo da falsa humildade. Ele sabia que Deus agia em seu ministério e sabia que estava no caminho certo. Confiava, por causa da verdade do que pregava, que sua pregação era poderosa para destruir as barreiras nos corações dos homens, por isso não se intimidava. Por isso, nesta frase ele reconhece que há poder na sua pregação e no seu ministério, contudo, ele sabe que o poder do seu ministério não é nada, comparado ao que é Jesus e o que é o Reino de Jesus. 
Eis aqui o laço em que muitos caem, quando acham que sua retidão pessoal e sua dignidade no Evangelho são tão grandes que é possível desprezar a obra que Cristo realiza no seu Reino, na sua Igreja para serem eles mais importantes que a própria Noiva de Cristo e o Reino que se forma na terra, a partir dela. 
Eu não sou digno de curvando-me desatar-lhe as correias das sandálias – João diz que não é digno nem de cumprir as tarefas de um escravo, um serviçal da casa, que é convidado pelo Senhor para fazer este serviço aos pés do Senhor. Os privilégios que o SEnhor nos dá no Reino não temos o direito de diminui-los por causa da nossa arrogância e petulância que nos impede a fé. Pedro, que se tornou um dos grandes pilares da Igreja de Cristo no primeiro século disse: 
Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangimento, as espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confiados, antes, tornando-vos modelos do rebanho (...) sede submissos aos que são mais velhos; outrossim no trato de uns para com os outros, cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo aos humildes concede a sua graça. Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte (1 Pedro 1.2-6). 
Muito cuidado devemos ter com o nosso coração pecaminoso, todos nós que fomos batizados para o Reino. O verdadeiro Batismo do Reino se manifesta espiritualmente em nosso coração a partir de uma clara CONSCIÊNCIA DE QUE NÃO SOMOS MAIORES QUE O REINO, NEM MAIORES QUE O REI. Uma perfeita humildade que nos faz pensar sobre Reino acima de nós mesmos. 
Não busque glória entre os homens, nem mesmo no Reino. Busque servir, não importa como, não importa onde, importando apenas: SERVIR AO REINO DE CRISTO QUE ESTÁ ENTRE NÓS.

Batizados Para o Reino
Isto Só Acontece Verdadeiramente Quando Você Compreende Que o Que Você Sabe e o Que Você Faz Não São Maiores do Que o Reino de Cristo Jesus Nem as Coisas Mais Importante Que Acontecem no Reino

Existe um grande perigo para o qual Marcos está atento e que pode também destruir a nossa fé, que é a nossa pretensão de importância do nosso trabalho no Reino. Ao considerar os seus esforços no Reino, muita gente sucumbe diante da ideia elevada demais de si mesmo e daquilo que realizou. Muitos se frustram, quando percebem que as obras que realizam no Reino são todas elas passageiras e podem ser mudadas pelo tempo. Pense bem, onde estão hoje as Igrejas plantadas por Paulo na região da Galácia? Onde está a grande Igreja de Corinto, ou de TEssalônica, ou ainda a própria Igreja de Jerusalém? Ruínas, memórias... contudo o devemos dizer que o Reino de Cristo morreu junto com estes lugares? De jeito nenhum: O EVANGELHO, O REINO, A IGREJA VENCEU E CONTINUA VENCENDO. 
Eu vos tenho batizado – João reconhece que o seu batismo, as suas ações são limitadas a um plano de existência que, embora esteja ligado a valores eternos, são apenas as obras de um mortal. João não desprezava a sua obra, não a tornava pequena ou tinha algum senso de depreciação do seu próprio trabalho, ele afirmava: EU VOS BATIZO. Isto é, eu sei que o que eu faço tem um papel, tem uma serventia, mas neste contexto ele apenas percebe o limitado alcance do seu trabalho. 
Batizo com água – Este é o ponto de comparação que João faz da sua obra limitada e temporal, com a obra de Cristo eterna e espiritual. Eu faço até onde me foi concedido fazer e que é possível ser feito por um mortal. Este sentimento não trazia a João tristeza, ele não o diz com este sentimento, mas com esperança de que os nossos falhos esforços podem e serão completados pela obra daquele que faz tudo perfeitamente.
Marcos está pronto a mostrar para os crentes que possivelmente estão observando muitas das coisas que foram erguidas pelos apóstolos e que, com a sua morte, estão sendo destruídas ou substituídas por outras, a pensarem que não devem desanimar porque a seu tempo o por um tempo, o Reino se manifesta na terra por meio de nós e depois ele se manifesta por meio de outros, mas a obra de Cristo nos corações, o Reino que é construído não é material, mas sim espiritual. 
Não se permita idolatrar à sua própria sabedoria espiritual, ou os seus esforços pessoais. Não erre desprezando o que Deus escolheu fazer por intermédio da sua vida e os chamados que Ele te deu, mas também não erre, supervalorizando os seus potenciais e os seus feitos em Cristo Jesus, ainda que eles sejam realmente admiráveis, são limitados, temporais e ligados à sua humanidade passageira. 

Batizados Para o Reino
Isto Só Acontece Verdadeiramente Quando Você Compreende Que O Reino é Uma Construção Espiritual Realizada Por Cristo Usando os Homens

Não tenho dúvidas de que um dos nossos maiores problemas para seguir na fé está ligado às falhas nossas e dos nossos irmãos na fé, a Igreja de Cristo. Sempre há motivos para que vislumbremos os defeitos e as degenerações ocorridas por conta da presença do pecado entre nós. Sempre haverá razões para pensar no quanto nos distanciamos do Evangelho e da beleza de Cristo, que tanto desejamos ver entre nós. 
Mas, precisamos pensar com a mente de Cristo sobre a Igreja, se queremos de fato que nosso Batismo para o Reino seja efetivo em nossa vida e neste mundo: 
Cristo amou a Igreja e si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem da água pela palavra, para apresentar a si mesmo Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito (Efésios 5.25-27). 
Você consegue ver a glória manifesta nesta palavras sobre a sua vida e a vida do seu irmão na fé e sobre a Igreja de Cristo? Muitos estão equivocados sobre o que é o como agir na Igreja e precisamos de homens que estejam prontos a valorizar o CORPO DE CRISTO E TRABALHAR PARA O SEU PROGRESSO NA TERRA. Estes confiarão que CRISTO É QUEM ESTÁ TRABALHANDO. 
Eu vos tenho batizado com água, ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo (Marcos 1.8).  
Ele porém – após admitir as limitações do seu trabalho, João contraste as limitações do que ele poderia fazer e vinha fazendo com a obra perfeita de Cristo e diz o seguinte: tendo eu batizado vocês com água, ele usa isto para batizá-los como Espírito Santo. João está lançando fora o seu trabalho, mas mostrando-o dentro do contexto da obra de Cristo e do Reino de Cristo.
Vos batizará com o Espírito Santo – enquanto fazemos a obra do Senhor, por meio dos nossos dons no tempo, Jesus vai trabalhando os corações por meio de uma obra supranatural, extratemporal e espiritual. Ele realmente constrói o Reino que permanecerá para sempre.  
A boa nova do Reino é que quando olhamos visivelmente não o conseguimos enxergar em sua beleza, nem podemos dizer: venha aqui e veja o Reino perfeitamente, mas Jesus pode dizer assim e com convicção e certeza: O REINO ESTÁ DENTRO DE VÓS, POR MEIO DA OBRA DO ESPÍRITO SANTO QUE EM VOS HABITA. 
Nunca se esqueça de que ESTE REINO É CONSTRUÍDO POR CRISTO E NÃO PELOS HOMENS, POR CRISTO POR MEIO DOS HOMENS E POR MEIO DE HOMENS PECADORES, COMO PEDRO, PAULO, MARCOS, MAURÍCIO E VOCÊ. 

Conclusão

O que precisamos esperar dos crentes que lutam pela fé aqui na IP Tatuapé: A PERFEIÇÃO? NÃO! Esperamos o trabalho dedicado e a humildade de servir ao Senhor. Amados irmãos, vivamos no presente tempo como quem vislumbra o futuro. Disponhamos nossos esforços pequenos e falhos, como quem vislumbra o poder infinito e perfeito de Cristo. Não se esqueça de que esta é a obra do Senhor e não dos homens, o Reino de Deus e não o seu. 
Desejo que construamos uma igreja humilde e que esteja disposta a oferecer a si mesma ao trabalho. Espero que possa servi-los como irmão em Cristo com meus dons e ser servido pelos irmãos com os seus dons. Desejo que vivamos, durante o tempo em que esperamos Cristo, com muita fé e mútua colaboração para que alcancemos a graça de ser uma Igreja viva, que vive para Cristo.
Que o Grão de Mostarda, cresça e nunca se esqueça de que é um Grão de Mostarda. Que se espalhe o Reino de Cristo entre os homens e nós sejamos pequenos sempre, servos do Reino de Cristo, no qual o menor é o maior.