31 de julho de 2010

Atos 7.54 a 60

Comprometidos Até à Morte


"O sangue dos mártires é a sementeira da Igreja" (Tertuliano)



Creio que tenha sido o grande teólogo Tertuliano quem disse: “O sangue dos mártires é a sementeira da Igreja”. No início do cristianismo, a igreja ficou conhecida como os que seguiam o Caminho. Pois bem, os inimigos da fé perseguiram esse Caminho e tornaram a jornada da Igreja em uma estrada de sangue.
Nos dias dos apóstolos já conseguimos ver os sinais dessas lutas, mas, foram os séculos seguintes, após a morte dos apóstolos, que se tornaram famosos pelo martírio de muitos cristãos, em particular nas arenas romanas.
As autoridades romanas achavam que se matassem um certo número de líderes cristãos, haveriam de acabar com a motivação que as pessoas tinham para seguir esse “movimento”. No entanto, como disse Tertuliano, parecia que as areias das arenas romanas, salpicadas pelo sangue cristãos mortos, se tornavam em lavouras, donde nasciam tantos outros discípulos de Jesus.
Ocorria que, todos os que presenciavam a disposição dos mártires cristãos dando testemunho de sua lealdade a amor a Cristo,  se tornavam cristão também pois julgavam, que Cristo era importante e valioso, mais que a própria vida.
Destas histórias maravilhosas registradas por historiadores cristãos e não cristãos, a que eu mais aprecio é a de Policarpo, bispo de Esmirna. Ele, aos 87 anos, foi preso e condenado à morte por sua lealdade e amor a Cristo.
Quando queimado vivo, diante de muitas testemunhas, não precisou de cordas que o prendessem à fogueira e quem assistiu ao horrendo espetáculo, descreveu da seguinte maneira: embora seu corpo estivesse rodeado pelas chamas, parecia não queimar, pelo contrário, como pão em meio à fornalha, ele também se tornava mais belo.   
Policarpo sentiu cumprir em sua própria vida como pastor da Igreja de Esmirna, aquilo que o próprio Senhor Jesus dissera através de João àquela Igreja: “Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2.10). O verdadeiro evangelismo tem um preço que somente os verdadeiros filhos de Deus estão dispostos a pagar: negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. 

Foco da Nossa Condição Decaída
Nosso texto é o relato da morte de Estevão. Nele, Lucas nos exorta a confiar naquilo que nos foi ensinado, a partir do exemplo do martírio do Diácono da Igreja de Jerusalém. Lucas nos transporta aos motivos que fazem alguém ser fiel até à morte e, baseados nesses motivos, também nós continuarmos nossa jornada, enfrentando as dificuldades que forem necessárias para que nosso testemunho seja profundo e verdadeiro. 

Contexto
Todos os expectadores ouviram atentamente o grande discurso de EStevão. O diácono de Jerusalém não se intimidou, ante a pressão da turba que o cercava e criticava, pelo contrário, sua sabedoria a todos enfurecia e não podiam resistir aos seus argumentos. 
Lucas parece nos levar a crer que a reação irracional dos opositores os levava a uma ira tamanha que desejaram fazer silenciar aquela voz que os agredia com a verdade sobre os seus próprios pecados. 
A morte de Estevam não foi um episódio de aplicação da "pena de morte" (como era o costume dos judeus ainda naquele tempo), mas uma ação de um grupo de extermínio que acho que fazendo calar sua voz, ele não iria mais ferir-lhes a alma com a verdade. 
Pois bem, o que lemos relatado no livro de Atos é que a morte de Estevão fez a sua voz se elevar ainda mais e alcançar os corações de todos os verdadeiros cristãos, que, agora, perseguidos, se tornaram os propagadores da verdade inquietante de Jesus Cristo, Senhor e Rei. 
A pergunta que faço ao texto nessa meditação é: o que dá forças para que um homem esteja disposto a dar a sua própria vida pela causa de Jesus Cristo?

COMPROMETIMENTO ATÉ À MORTE ACONTECE QUANDO TEMOS CONVICÇÃO DA VERDADE
Um homem convicto se torna alguém disposto a viver pela sua convicção.
Particularmente, acho que o evangelho empobrecido dos dias atuais, tem criado um crente pobre de convicções. Basta olharmos para a igreja e avaliar o seu comportamento e perceberemos a fragilidade com que a fé é desenvolvida. Poucos, muito poucos, estão de fato prontos para pagar o preço e dar a vida por Cristo. Aliás, alguns não conseguem dar sequer alguns tostões, algum tempo a mais ou até mesmo um espaço na sua agenda semanal para o precioso encontro com o Mestre, na oração e na meditação da Palavra. 
A falta de convicção da verdade é a grande vilã deste momento empobrecido da igreja no mundo inteiro. Na Europa, já desistiram de defender a fé há muito tempo, na América do Norte, mormente encontremos focos de resistência em alguns ministérios, a maioria absoluta se encontra preocupada com o materialismo e o hedonismo. Aqui no Brasil e na América Latina como um todo, o evangelho é regado pela moda e o comércio de produtos. Até as igrejas segmentaram o mercado e tem evangelho para todos os gostos, até evangelho sem Bíblia e sem Cruz encontra consumidores por aqui. 
Lucas descreve a trajetória de Estevão como pregador e nem tanto como diácono na igreja. Para ele, é necessário mostrar a convicção que tomou conta deste homem que foi sumariamente julgado em um juízo exercido pelo ódio dos opositores. 
No capitulo 6, versos 9 e 10, eles não podiam resistir à sua sabedoria, falava como quem tinha autoridade, conhecia a verdade que promulgava. Fora necessário subornar mentirosos para lançar contra ele uma ofensa (verso 11). 
A verdade bíblica fluia de sua mente com uma facilidade incrível e ele era capaz de não apenas contar a história dos patriarcas, mas analisar e aplicar ao contexto de seus contemporâneos e dizer-lhes de como eram culpados diante de Deus, por manterem o seu coração endurecido. 
A fundamental história, a que mais lhes causou terror ao coração é aquela com a qual Estevão termina o seu discurso. Ao mostrar os erros históricos dos judeus e lançar-lhes no rosto a verdade sobre o fato de que todos os profetas foram por eles perseguidos, Estevão parte para culminar sua defesa com a seguinte acusação: Vocês são os assassinos do Justo!
Estevão tinha clara em sua mente a verdade de que Cristo Jesus, o Messias. Ele confiava na revelação de Deus e essa era a sua mensagem. Ele não precisava temer essa verdade, nem diminuí-la, transformá-la, enfeitá-la ou escondê-la. Na verdade, ele não poderia viver sem essa verdade, sem anunciá-la, pois sabia que a própria verdade exige essa pregação aberta. 


Ouvindo eles isto - Foi assim que Lucas introduziu o texto da morte de Estevão. Ao ouvirem sua mensagem, a convicção de Estevão sobre a verdade da revelação de Deus, eles se enfureceram em seu coração e rilhavam os dentes por causo do ódio contra Estevão e sua convicção da verdade. 
Sua convicção da verdade poderá significar que você não terá todos os amigos que deseja, algumas vezes você poderá perder por causa da sua convicção da verdade, a respeito de qualquer coisa.  A convicção de Estevão o fortalecia, mas para ele ela significou a sua morte por apedrejamento. 
Neste momento é que descobrimos que realmente estamos convictos, quando estamos dispostos a perder tudo por aquilo que cremos. 

COMPROMETIMENTO ATÉ À MORTE ACONTECE QUANDO TEMOS A VISÃO DA GLÓRIA
Ao perder a expectativa da vida futura, o cristão também perde o amor para viver aqui na terra. 
Os alvos nos ajudam a discernir o caminho, evitando os atalhos e os desvios ao longo de um percurso. Isso serve neste sentido geral e também no sentido maior, em relação à própria vida. 
Quando os cristãos de Jerusalém ouviram a mensagem do Reino, passaram a ter um alvo bem definido e claro em suas mentes, descortinou-se para eles o tipo de vida que realmente importava, aquela em que o Reino de Deus, o Reino de Cristo é real. 
Na verdade, quando temos um alvo definido e valorizamos este objetivo, nenhum outro objetivo menor nos fará desviar, nos fará desejar coisa diferente. O nosso comprometimento com a fé cristã será maior à medida que temos uma VISÃO CLARA DA GLÓRIA DE CRISTO. 
Essa visão é construída em uma percepção clara do que as Escrituras falam sobre a GLÓRIA, mas torna-se viva para nós em nossa experiência diária com Cristo Jesus. 
Estevão era um homem privilegiado, ele tinha noção clara do que desejava e Deus lhe deu uma condição especial para suportar a morte, Deus abriu-lhe a GLÓRIA DE CRISTO. 


Viu o céu aberto e Jesus em pé à direita de Deus. 


 . 


 



COMPROMETIMENTO ATÉ À MORTE ACONTECE QUANDO SABEMOS QUE SERVIMOS AO REI
Senhor Jesus

COMPROMETIMENTO ATÉ À MORTE ACONTECE QUANDO NOSSO CORAÇÃO É CHEIO DE AMOR
As últimas palavras de um homem podem revelar o seu coração. 

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