17 de março de 2013

Mateus 21.33 a 46


Proteja os Seus Frutos

“A Parábola dos Lavradores Maus”.
Mateus 21.33 a 46


INTRODUÇÃO
O pano de fundo mais remoto desta passagem é o texto de Isaías, capítulo 5, versos 1 a 7, o Canto da Vinha Má. Naquela ocasião, o profeta Isaías trazia ao povo de Deus uma mensagem dura, sobre o fato de que seu povo não correspondia às expectativas do seu Deus.
Da mesma forma como esta parábola de Mateus, o texto se inicia exaltando o trabalho preciso e cuidadoso do dono da vinha, que plantou sua vinha com vides escolhidas, preparou todo o cenário ao seu redor para que desse frutos, mas no final, suas uvas eram frutos bravos, isto é mirrados, sem possibilidade de uso para a fabricação de vinhos no lagar.
Aqui em Mateus a mesma decepção é revelada, mas de uma outra maneira. Aqui, os arrendatários da vinha eram os responsáveis pela sua baixa produção. Na verdade, o problema aqui não é a falta de produção da vinha, mas o fato de que os arrendatários não entenderam de que a vinha deveria servir à causa da alegria do seu senhor e se colocaram como os beneficiários finais. Trabalharam para si mesmos e se contentaram com a entrega dos frutos a si mesmos, sem se lembrar de que trabalhavam para o Senhor da vinha.
Os principais sacerdotes e fariseus eram estes homens a quem Jesus se referia. Eles não estavam servindo a Deus, mas se servindo da vinha do Senhor para atender aos seus próprios interesses. Para que chegassem a esta situação, seu coração fora completamente endurecido e se tornaram completamente insensíveis à voz de Deus.
Este texto trata de um grande perigo que todos nós corremos ainda hoje. A vinha não precisa ser compreendida exclusivamente como sendo a Igreja. Às vezes, esta vinha é a nossa própria vida, ou a nossa família. Para alguns, ela pode sim representar a Igreja, pois estão em uma situação de liderança maior no corpo de Cristo, mas para outros pode ser uma situação bem mais particular, como a própria vida ou a necessidade que tinham de cuidar de uma família para a glória de Deus.
Enfim, o perigo que corremos é o de confundir a quem pertence e qual o propósito da nossa própria vida, família ou igreja. Muitos estão interessados nos potenciais deixados pelo Senhor, apenas como uma alavanca para alcançar seus próprios objetivos egocêntricos.
Sua vida deve frutificar para o seu Senhor. A questão que levantamos esta noite é a quem nossos frutos servirão? A verdade que precisamos considerar esta noite é se os frutos que deveriam ser entregues, por nossas vidas, ao Senhor, estão ou não sendo roubados. E com certeza, os maiores ladrões destes frutos, podemos ser nós mesmos!
Quero convidá-lo a refletir sobre os cuidados que devemos tomar para que isto não aconteça na sua vida. A fim de que você consiga viver segundo uma estrutura de pensamento centrada em Deus e sua vontade santa. Cuidado, para que seus frutos não sejam roubados.

Proteja Seus Frutos Contra a Dureza do Seu Próprio Coração
A passagem é bastante ilustrativa sobre o modo como o Senhor da vinha enviou seus mensageiros para alertar os seus arrendatários. Ele envia uma embaixada de servos aos lavradores para que pudessem mostrar um pouco da sua produtividade. Mas o texto nos revela que eles resistiram violentamente aos servos, espancando, matando e apedrejando-os.
Ao tempo da colheita, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os frutos que lhe tocavam. E os lavradores, agarrando os servos, espancaram a um, mataram a outro e a outro apedrejaram. Enviou ainda outros servos em maior número; e trataram-nos da mesma sorte (versos 34 a 36).
Jesus Cristo está se referindo aos seus profetas. Eles foram enviados à Israel para os chamar a atenção sobre suas obras malignas. Mas, o povo de Deus resistiu à voz dos profetas e muitos deles foram presos, torturados, desprezados, até cerrados ao meio e mortos ao fio da espada.
Meus caros irmãos, apesar de vivermos em tempos tão diferentes, há uma coisa com a qual ainda nos assemelhamos àqueles homens descritos na parábola e que viveram nos dias dos profetas. Assim como eles, também nós podemos manter nosso coração endurecido à Palavra de Deus.
Quando Jesus Cristo disse que a palavra que ele nos tem falado é o que nos limpa para que produzamos frutos (João 15.3), estava também nos alertando para o fato de que resistir à palavra, a seus mandamentos e neles não permanecer é o caminho para uma vida cujos frutos não serão jamais entregues a Deus.
Há pessoas que resistem à Palavra de Deus de forma muitíssimo intensa. Seus corações se fecham para Deus, não conseguem se permitir ouvir as exortações de Deus e, quando as ouvem, mantém-se em seu caminho de rebelião e completa insensibilidade para com a voz do Senhor.
Pessoas que não atentam para a dureza do seu coração no intuito de buscar um quebrantamento do Senhor, na verdade estão servindo a si mesmas. Inverteram as prioridades de sua vida e buscam apenas se satisfazer com a vinha do Senhor.
O problema disto para a sua vida, meu irmão, é que isso pode estar exatamente acontecendo com você agora. Exatamente neste momento suas intenções são as de continuar a viver sua trajetória de vida sem Deus, dando pleno curso ao seu plano maligno, fortalecido por uma ideia louca de que você é o único que sabe o que você precisa.
Quando lemos o verso 33, e o somamos ao contexto do capítulo 5 de Isaías, percebemos que este não foi o objetivo de Deus ter nos chamado. Ele preparou tudo para que fôssemos produtivos em nossa vida de relação com Ele. Ele sempre nos chamou para participarmos da construção do seu Reino e ter o significado e utilidade de nossa vida na coisa eterna dos valores do seu reino, mas, infelizmente não foi assim que os lavradores maus se comportaram e não é assim que muitos hoje em dia se comportam.
Se você deseja viver e entregar ao Senhor frutos de uma vida que honra o seu nome. Cuidado, pois é comum que o nosso coração se endureça e perca a sensibilidade para a vontade de Deus. Lute contra isso! Pois, este tipo de comportamento é a ruína para nossa vida.


Proteja Seus Frutos Contra a Tendência Egocêntrica de Viver Para Si Mesmo
A raiz mais profunda da dureza do coração se chama a idolatria do EGO. O coração humano, após o pecado, passou a buscar um outro Deus que não o seu Criador. O homem, criado à imagem e semelhança de Deus, preparado para viver retamente e diretamente interligado a Deus, passou a viver segundo o seu próprio coração maligno e a adorar um outro deus, a si mesmo. Eis a raiz da dureza do coração, eis porque o coração do homem resiste à Palavra de Deus.
A Palavra de Deus nos exorta a guardar o nosso coração, porque dele procedem as saídas da nossa vida (Provébios 4.23). Curiosamente, estes capítulos do livro de Provérbios são todos iniciados pela seguinte fala: Filho meu, ouve a instrução do seu Pai.
Ouvi, filhos, a instrução do pai e estai atentos para conhecerdes o entendimento; porque vos dou boa doutrina; não deixeis o meu ensino... ama a sabedoria e ela te protegerá (Provérbios 4.1ss).
Voltando à parábola dos lavradores maus, nos deparamos com o fato de que o Senhor tentou uma última cartada: Ele enviou o seu próprio filho, o dono de toda a herança. Esperava o Senhor que eles seriam quebrantados com a presença do Filho do Senhor e, então, se converteriam e entregariam os seus frutos a quem de direito.
E, por último, enviou-lhes o seu próprio filho, dizendo: a meu filho respeitarão. Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; ora, vamos, matemo-lo e apoderemo-nos da sua herança. E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e o mataram (versos 37 a 39).
Não é assustadora esta descrição? Não nos faz tremer de medo a respeito da dureza do coração do homem? Pois bem, Jesus não está mais falando dos seus profetas, mas de si mesmo e esta predizendo sua morte e rejeição por parte dos judeus, os primeiros lavradores.
O texto diz que a motivação mais subterrânea dos lavradores para resistirem agora ao Filho e o rejeitarem e matarem foi a sua ganância, produzida em um coração egocentrado.
Temos uma natural tendência ao egocentrismo. Herdamos essa natureza de nossos primeiros pais Adão e Eva que pecaram. Desde, então, essa é a grande luta que travamos no interior de nossos corações, nossas mentes. Note que é muito fácil cairmos no erro do egocentrismo. Basta um desconforto pessoal e já nos refugiamos em nossos sentimentos sempre centrados em nós mesmos. Nos desculpamos até por nossos pecados e falta de frutos entregues ao Senhor, afinal, algo está, segundo nosso coração, nos prejudicando aqui e ali.
Temos tantas oportunidades para servir e alegrar ao Senhor com o serviço abnegado, suado e que o glorifica na medida em que entregamos coisas dignas da luta que tivemos para conseguir. NO entanto, preferimos o refúgio do comodismo. Coisas simples como uma hora a mais, ou sair de casa num dia de frio, ou deslocar-se alguma distância não costumeira, inverter a prioridade e pensar no outro etc; coisas simples assim nos incomodam e nos levam ao seguro refúgio do comodismo e da desculpa.
Na verdade, os lavradores desejaram que os frutos da vinha servissem à sua alegria pessoal e não a do seu Senhor. Ele viera para se alegrar nos vinhateiros arrendatários, mas estes não desejaram dar essa alegria nem ao dono da vinha, muito menos ao seu filho.
Um sentimento de posse egocêntrico os levou a isto. Não perceberam que tudo o que tinham era do seu senhor e do seu filho. Não puderam conviver com a ideia de que são servos de alguém maior que eles. Então, retiraram o filho do meio da sua vinha e o levaram para fora. Lá, como se ele não fosse o dono da vinha, o mataram.
Não pense que isso não pode ser feito por você também! Não pense que não é isso que fazemos quando permitimos o nosso coração seguir a livre curso nosso egocentrismo. Lute contra isso irmão! Lembre-se do ensino de Jesus: quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a cada dia a sua cruz e siga-me!.
Deus será a sua recompensa e ele te recompensará se o seu coração conseguir vencer o egocentrismo. Ele será o seu benefício e te beneficiará. Contudo, o grande desafio do Reino, nas condições caídas em que vivemos é o de dar o primeiro passo.

Proteja Seus Frutos Contra a o Tempo da Paciência de Deus

Esta parte final da parábola se inicia com um pergunta. Esta pergunta apela para a consciência dos seus ouvintes. Este tipo de apelo à consciência fora também aplicado no cântico de Isaías 5: julgai, vos peço, entre mim e a minha vinha.
Quando, pois, vier o senhor da vinha; que fará àqueles lavradores? (verso 40).
A resposta que o próprio Senhor dá foi muitíssimo dura. Ele falou em fazê-los perecer horrivelmente, rejeitando-os completamente. Ele pontua sobre o fato de que os seus frutos, ele os receberá, mesmo que procure outros lavradores.
O problema de Deus não é como o de um empresário que tem medo da falência e, então perde a paciência com os seus diretores e demite toda a direção. Ele está no controle dos acontecimentos.
A questão de Deus é a de nos oferecer o seu Reino para que pudéssemos cumprir o nosso papel existencial de servos do Senhor. Entretanto, a paciência do Senhor pela nossa disposição de produzir os seus frutos pode terminar.
Precisamos nos lembrar de que a paciência de Deus é um dos seus atributos mais preciosos. É por sua paciência que ele nos envia tantos e tantos recados do alto. Ele nos mandou todos os seus profetas e, para o nosso caso particular, nos ofereceu uma igreja onde o Evangelho é proclamado, nos explicou a verdade... mas.... A paciência de Deus pode ter um ponto final.
Ele usa o texto do salmo 118, para falar sobre a ira do Senhor que faz com seus primeiros lavradores sejam rejeitados e completa falando sobre o final da oportunidade de servir no seu reino.
Portanto, vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos. Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó (versos 43 e 44).
Não se esconda atrás de uma falsa segurança de sua salvação, às vezes, baseada em uma conversão que nunca existiu, em um contrato sem valor de obras ou em uma tradição meramente humana. A produção de frutos é o que torna conhecida sua vida com Deus.
Clame desesperadamente pela oportunidade de servir ao Senhor. Aproveite cada chance e não deixe para a amanhã, pois não sabemos quando a paciência de Deus irá se esgotar e não sabemos o quanto estará disposto para conosco para perdoar a rejeição prática de nosso coração em relação à sua Palavra e seu Filho.
O alerta bíblico é de uma gravidade ímpar: Terrível coisa é cair nas mãos do Deus irado. O tempo não é um servo do seu comodismo, mas pode ser seu inimigo. Aproveite enquanto é dia, antes que venha a noite e as oportunidades se encerrem. Basta ver o texto que se segue a esta parábola e perceberemos que esta é a principal exortação destes capítulos de Mateus.
Proteja seus frutos do fim da paciência de Deus com sua vida!

Conclusão
Exortações duras são muito presentes na Bíblia. A sua função é produzir um coração mais alerta e mais vigilante. Sua função é nos fazer acordar de um sono espiritual, que muitas vezes nos acomete.
Quando Mateus escreveu seu evangelho e recolheu estes ensinos de Jesus, estava vivendo em meio a muitos crentes que possivelmente estivessem deixando a urgência da obra do Senhor em segundo plano. Mateus, então, reforça estes textos que nos chamam à uma atitude alerta e produtiva.
O Reino de Cristo em nós só pode ser visto através de nossas ações. Mas, se nosso interesse por esta vida está complemente concentrado em nossos próprios interesses, estamos simplesmente agindo como aqueles lavradores maus. Deus nos chama a cuidar do seu Reino e a trabalhar para o seu progresso.
Faça um teste pessoal: se o Reino de Cristo fosse levado adiante somente por pessoas com o seu nível de comprometimento, o que você acha, estaria melhor ou pior?
Caro irmão... não rejeite a palavra, não deixe o seu coração se endurecer. Não rejeite a Cristo, pensando somente em você, negue-se a si mesmo e siga-o. Não se confunda, o tempo é curto demais e a paciência de Deus ainda lhe chama mais esta noite.

Aplicação para a Igreja Presbiteriana de Vila Formosa
Caros irmãos, quero exortá-los a olharem com mais cuidado para o Reino de Deus. Por vivermos em uma sociedade tão compromissada com o egocentrismo e, a partir disto, tão competitiva, não nos enganemos, nada mudou no modo como o Senhor vê a sua vinha.
Você já parou para pensar no quanto tem cuidado de entregar a Deus os seus frutos pessoais. E sua família? Como você está trabalhando para que seja uma família frutífera? Veja a nossa igreja! Você é capaz de perceber sua falta aqui? O quanto mais poderíamos fazer se você se levantasse para servir?
Quero convidar a todos vocês a não entrarem na contramão da vontade de Deus e a não esperarem convite. Este é o Reino do Senhor, não burocratize a sua fé, não permita que para fazer a obra do Senhor você precise de tapete vermelho. Aqui, todos podem ter uma função. O reino não é um CNPJ, uma instituição, o Reino é o amor ao próximo. O reino é pregar o Evangelho, levar pessoas a Cristo.
Convide pessoas para acompanharem você! Leve um copo de água fria para alguém sedento; cubra com vestes o que está nu; cuide dos doentes... mas liberte-se definitivamente da maior tirania, a de um coração egoísta.
Que tal você se engajar em algum dos trabalhos realizados pela igreja, com a finalidade de envolver você e ajudar a sua família. Estas coisas não podem substituir a sua fé, mas poderão muito ajudá-los.
Aos pais, vocês que são as pessoas mais responsáveis em nosso meio. Não pequem contra Deus e contra os seus filhos. Invista o quanto puderem para que a vida de seus filhos produza frutos para o Senhor.
Enfim... este é o tempo da oportunidade. Seja sábio!
Em Cristo, o Senhor da vinha!
Rev. José Maurício Passos Nepomuceno

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