Proteja os Seus Frutos
“A Parábola dos Lavradores Maus”.
Mateus 21.33 a 46
INTRODUÇÃO
O
pano de fundo mais remoto desta passagem é o texto de Isaías, capítulo 5,
versos 1 a 7, o Canto da Vinha Má. Naquela ocasião, o profeta Isaías trazia ao
povo de Deus uma mensagem dura, sobre o fato de que seu povo não correspondia
às expectativas do seu Deus.
Da
mesma forma como esta parábola de Mateus, o texto se inicia exaltando o
trabalho preciso e cuidadoso do dono da vinha, que plantou sua vinha com vides
escolhidas, preparou todo o cenário ao seu redor para que desse frutos, mas no
final, suas uvas eram frutos bravos, isto é mirrados, sem possibilidade de uso
para a fabricação de vinhos no lagar.
Aqui
em Mateus a mesma decepção é revelada, mas de uma outra maneira. Aqui, os
arrendatários da vinha eram os responsáveis pela sua baixa produção. Na
verdade, o problema aqui não é a falta de produção da vinha, mas o fato de que
os arrendatários não entenderam de que a vinha deveria servir à causa da alegria
do seu senhor e se colocaram como os beneficiários finais. Trabalharam para si
mesmos e se contentaram com a entrega dos frutos a si mesmos, sem se lembrar de
que trabalhavam para o Senhor da vinha.
Os
principais sacerdotes e fariseus eram estes homens a quem Jesus se referia.
Eles não estavam servindo a Deus, mas se servindo da vinha do Senhor para
atender aos seus próprios interesses. Para que chegassem a esta situação, seu
coração fora completamente endurecido e se tornaram completamente insensíveis à
voz de Deus.
Este
texto trata de um grande perigo que todos nós corremos ainda hoje. A vinha não
precisa ser compreendida exclusivamente como sendo a Igreja. Às vezes, esta
vinha é a nossa própria vida, ou a nossa família. Para alguns, ela pode sim
representar a Igreja, pois estão em uma situação de liderança maior no corpo de
Cristo, mas para outros pode ser uma situação bem mais particular, como a
própria vida ou a necessidade que tinham de cuidar de uma família para a glória
de Deus.
Enfim,
o perigo que corremos é o de confundir a quem pertence e qual o propósito da
nossa própria vida, família ou igreja. Muitos estão interessados nos potenciais
deixados pelo Senhor, apenas como uma alavanca para alcançar seus próprios
objetivos egocêntricos.
Sua
vida deve frutificar para o seu Senhor. A questão que levantamos esta noite é a
quem nossos frutos servirão? A verdade que precisamos considerar esta noite é
se os frutos que deveriam ser entregues, por nossas vidas, ao Senhor, estão ou
não sendo roubados. E com certeza, os maiores ladrões destes frutos, podemos
ser nós mesmos!
Quero
convidá-lo a refletir sobre os cuidados que devemos tomar para que isto não
aconteça na sua vida. A fim de que você consiga viver segundo uma estrutura de
pensamento centrada em Deus e sua vontade santa. Cuidado, para que seus frutos
não sejam roubados.
Proteja
Seus Frutos Contra a Dureza do Seu Próprio Coração
A
passagem é bastante ilustrativa sobre o modo como o Senhor da vinha enviou seus
mensageiros para alertar os seus arrendatários. Ele envia uma embaixada de
servos aos lavradores para que pudessem mostrar um pouco da sua produtividade.
Mas o texto nos revela que eles resistiram violentamente aos servos,
espancando, matando e apedrejando-os.
Ao
tempo da colheita, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os frutos
que lhe tocavam. E os lavradores, agarrando os servos, espancaram a um, mataram
a outro e a outro apedrejaram. Enviou ainda outros servos em maior número; e
trataram-nos da mesma sorte (versos 34 a 36).
Jesus
Cristo está se referindo aos seus profetas. Eles foram enviados à Israel para
os chamar a atenção sobre suas obras malignas. Mas, o povo de Deus resistiu à
voz dos profetas e muitos deles foram presos, torturados, desprezados, até
cerrados ao meio e mortos ao fio da espada.
Meus
caros irmãos, apesar de vivermos em tempos tão diferentes, há uma coisa com a
qual ainda nos assemelhamos àqueles homens descritos na parábola e que viveram
nos dias dos profetas. Assim como eles, também nós podemos manter nosso coração
endurecido à Palavra de Deus.
Quando
Jesus Cristo disse que a palavra que ele nos tem falado é o que nos limpa para
que produzamos frutos (João 15.3), estava também nos alertando para o fato de
que resistir à palavra, a seus mandamentos e neles não permanecer é o caminho
para uma vida cujos frutos não serão jamais entregues a Deus.
Há
pessoas que resistem à Palavra de Deus de forma muitíssimo intensa. Seus
corações se fecham para Deus, não conseguem se permitir ouvir as exortações de
Deus e, quando as ouvem, mantém-se em seu caminho de rebelião e completa
insensibilidade para com a voz do Senhor.
Pessoas
que não atentam para a dureza do seu coração no intuito de buscar um
quebrantamento do Senhor, na verdade estão servindo a si mesmas. Inverteram as
prioridades de sua vida e buscam apenas se satisfazer com a vinha do Senhor.
O
problema disto para a sua vida, meu irmão, é que isso pode estar exatamente
acontecendo com você agora. Exatamente neste momento suas intenções são as de
continuar a viver sua trajetória de vida sem Deus, dando pleno curso ao seu
plano maligno, fortalecido por uma ideia louca de que você é o único que sabe o
que você precisa.
Quando
lemos o verso 33, e o somamos ao contexto do capítulo 5 de Isaías, percebemos
que este não foi o objetivo de Deus ter nos chamado. Ele preparou tudo para que
fôssemos produtivos em nossa vida de relação com Ele. Ele sempre nos chamou
para participarmos da construção do seu Reino e ter o significado e utilidade
de nossa vida na coisa eterna dos valores do seu reino, mas, infelizmente não
foi assim que os lavradores maus se comportaram e não é assim que muitos hoje
em dia se comportam.
Se
você deseja viver e entregar ao Senhor frutos de uma vida que honra o seu nome.
Cuidado, pois é comum que o nosso coração se endureça e perca a sensibilidade
para a vontade de Deus. Lute contra isso! Pois, este tipo de comportamento é a
ruína para nossa vida.
Proteja
Seus Frutos Contra a Tendência Egocêntrica de Viver Para Si Mesmo
A
raiz mais profunda da dureza do coração se chama a idolatria do EGO. O coração
humano, após o pecado, passou a buscar um outro Deus que não o seu Criador. O
homem, criado à imagem e semelhança de Deus, preparado para viver retamente e
diretamente interligado a Deus, passou a viver segundo o seu próprio coração
maligno e a adorar um outro deus, a si mesmo. Eis a raiz da dureza do coração,
eis porque o coração do homem resiste à Palavra de Deus.
A
Palavra de Deus nos exorta a guardar o nosso coração, porque dele procedem as
saídas da nossa vida (Provébios 4.23). Curiosamente, estes capítulos do livro
de Provérbios são todos iniciados pela seguinte fala: Filho meu, ouve a instrução do seu Pai.
Ouvi,
filhos, a instrução do pai e estai atentos para conhecerdes o entendimento;
porque vos dou boa doutrina; não deixeis o meu ensino... ama a sabedoria e ela
te protegerá (Provérbios 4.1ss).
Voltando
à parábola dos lavradores maus, nos deparamos com o fato de que o Senhor tentou
uma última cartada: Ele enviou o seu próprio filho, o dono de toda a herança.
Esperava o Senhor que eles seriam quebrantados com a presença do Filho do
Senhor e, então, se converteriam e entregariam os seus frutos a quem de
direito.
E,
por último, enviou-lhes o seu próprio filho, dizendo: a meu filho respeitarão.
Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; ora,
vamos, matemo-lo e apoderemo-nos da sua herança. E, agarrando-o, lançaram-no
fora da vinha e o mataram (versos 37 a 39).
Não
é assustadora esta descrição? Não nos faz tremer de medo a respeito da dureza
do coração do homem? Pois bem, Jesus não está mais falando dos seus profetas,
mas de si mesmo e esta predizendo sua morte e rejeição por parte dos judeus, os
primeiros lavradores.
O
texto diz que a motivação mais subterrânea dos lavradores para resistirem agora
ao Filho e o rejeitarem e matarem foi a sua ganância, produzida em um coração
egocentrado.
Temos
uma natural tendência ao egocentrismo. Herdamos essa natureza de nossos
primeiros pais Adão e Eva que pecaram. Desde, então, essa é a grande luta que
travamos no interior de nossos corações, nossas mentes. Note que é muito fácil
cairmos no erro do egocentrismo. Basta um desconforto pessoal e já nos
refugiamos em nossos sentimentos sempre centrados em nós mesmos. Nos
desculpamos até por nossos pecados e falta de frutos entregues ao Senhor,
afinal, algo está, segundo nosso coração, nos prejudicando aqui e ali.
Temos
tantas oportunidades para servir e alegrar ao Senhor com o serviço abnegado,
suado e que o glorifica na medida em que entregamos coisas dignas da luta que
tivemos para conseguir. NO entanto, preferimos o refúgio do comodismo. Coisas
simples como uma hora a mais, ou sair de casa num dia de frio, ou deslocar-se
alguma distância não costumeira, inverter a prioridade e pensar no outro etc;
coisas simples assim nos incomodam e nos levam ao seguro refúgio do comodismo e
da desculpa.
Na
verdade, os lavradores desejaram que os frutos da vinha servissem à sua alegria
pessoal e não a do seu Senhor. Ele viera para se alegrar nos vinhateiros
arrendatários, mas estes não desejaram dar essa alegria nem ao dono da vinha,
muito menos ao seu filho.
Um
sentimento de posse egocêntrico os levou a isto. Não perceberam que tudo o que
tinham era do seu senhor e do seu filho. Não puderam conviver com a ideia de
que são servos de alguém maior que eles. Então, retiraram o filho do meio da
sua vinha e o levaram para fora. Lá, como se ele não fosse o dono da vinha, o
mataram.
Não
pense que isso não pode ser feito por você também! Não pense que não é isso que
fazemos quando permitimos o nosso coração seguir a livre curso nosso
egocentrismo. Lute contra isso irmão! Lembre-se do ensino de Jesus: quem quiser vir após mim, negue-se a si
mesmo, tome a cada dia a sua cruz e siga-me!.
Deus
será a sua recompensa e ele te recompensará se o seu coração conseguir vencer o
egocentrismo. Ele será o seu benefício e te beneficiará. Contudo, o grande
desafio do Reino, nas condições caídas em que vivemos é o de dar o primeiro
passo.
Proteja
Seus Frutos Contra a o Tempo da Paciência de Deus
Esta
parte final da parábola se inicia com um pergunta. Esta pergunta apela para a
consciência dos seus ouvintes. Este tipo de apelo à consciência fora também
aplicado no cântico de Isaías 5: julgai,
vos peço, entre mim e a minha vinha.
Quando,
pois, vier o senhor da vinha; que fará àqueles lavradores? (verso 40).
A
resposta que o próprio Senhor dá foi muitíssimo dura. Ele falou em fazê-los
perecer horrivelmente, rejeitando-os completamente. Ele pontua sobre o fato de
que os seus frutos, ele os receberá, mesmo que procure outros lavradores.
O
problema de Deus não é como o de um empresário que tem medo da falência e,
então perde a paciência com os seus diretores e demite toda a direção. Ele está
no controle dos acontecimentos.
A
questão de Deus é a de nos oferecer o seu Reino para que pudéssemos cumprir o
nosso papel existencial de servos do Senhor. Entretanto, a paciência do Senhor
pela nossa disposição de produzir os seus frutos pode terminar.
Precisamos
nos lembrar de que a paciência de Deus é um dos seus atributos mais preciosos.
É por sua paciência que ele nos envia tantos e tantos recados do alto. Ele nos
mandou todos os seus profetas e, para o nosso caso particular, nos ofereceu uma
igreja onde o Evangelho é proclamado, nos explicou a verdade... mas.... A
paciência de Deus pode ter um ponto final.
Ele
usa o texto do salmo 118, para falar sobre a ira do Senhor que faz com seus
primeiros lavradores sejam rejeitados e completa falando sobre o final da
oportunidade de servir no seu reino.
Portanto,
vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe
produza os respectivos frutos. Todo o que cair sobre esta pedra ficará em
pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó (versos 43 e 44).
Não
se esconda atrás de uma falsa segurança de sua salvação, às vezes, baseada em
uma conversão que nunca existiu, em um contrato sem valor de obras ou em uma
tradição meramente humana. A produção de frutos é o que torna conhecida sua
vida com Deus.
Clame
desesperadamente pela oportunidade de servir ao Senhor. Aproveite cada chance e
não deixe para a amanhã, pois não sabemos quando a paciência de Deus irá se
esgotar e não sabemos o quanto estará disposto para conosco para perdoar a
rejeição prática de nosso coração em relação à sua Palavra e seu Filho.
O
alerta bíblico é de uma gravidade ímpar: Terrível
coisa é cair nas mãos do Deus irado. O tempo não é um servo do seu
comodismo, mas pode ser seu inimigo. Aproveite enquanto é dia, antes que venha
a noite e as oportunidades se encerrem. Basta ver o texto que se segue a esta
parábola e perceberemos que esta é a principal exortação destes capítulos de
Mateus.
Proteja
seus frutos do fim da paciência de Deus com sua vida!
Conclusão
Exortações
duras são muito presentes na Bíblia. A sua função é produzir um coração mais
alerta e mais vigilante. Sua função é nos fazer acordar de um sono espiritual,
que muitas vezes nos acomete.
Quando
Mateus escreveu seu evangelho e recolheu estes ensinos de Jesus, estava vivendo
em meio a muitos crentes que possivelmente estivessem deixando a urgência da
obra do Senhor em segundo plano. Mateus, então, reforça estes textos que nos
chamam à uma atitude alerta e produtiva.
O
Reino de Cristo em nós só pode ser visto através de nossas ações. Mas, se nosso
interesse por esta vida está complemente concentrado em nossos próprios
interesses, estamos simplesmente agindo como aqueles lavradores maus. Deus nos
chama a cuidar do seu Reino e a trabalhar para o seu progresso.
Faça
um teste pessoal: se o Reino de Cristo fosse levado adiante somente por pessoas
com o seu nível de comprometimento, o que você acha, estaria melhor ou pior?
Caro
irmão... não rejeite a palavra, não deixe o seu coração se endurecer. Não
rejeite a Cristo, pensando somente em você, negue-se a si mesmo e siga-o. Não
se confunda, o tempo é curto demais e a paciência de Deus ainda lhe chama mais
esta noite.
Aplicação para a Igreja
Presbiteriana de Vila Formosa
Caros
irmãos, quero exortá-los a olharem com mais cuidado para o Reino de Deus. Por
vivermos em uma sociedade tão compromissada com o egocentrismo e, a partir
disto, tão competitiva, não nos enganemos, nada mudou no modo como o Senhor vê
a sua vinha.
Você
já parou para pensar no quanto tem cuidado de entregar a Deus os seus frutos
pessoais. E sua família? Como você está trabalhando para que seja uma família
frutífera? Veja a nossa igreja! Você é capaz de perceber sua falta aqui? O
quanto mais poderíamos fazer se você se levantasse para servir?
Quero
convidar a todos vocês a não entrarem na contramão da vontade de Deus e a não
esperarem convite. Este é o Reino do Senhor, não burocratize a sua fé, não
permita que para fazer a obra do Senhor você precise de tapete vermelho. Aqui,
todos podem ter uma função. O reino não é um CNPJ, uma instituição, o Reino é o
amor ao próximo. O reino é pregar o Evangelho, levar pessoas a Cristo.
Convide
pessoas para acompanharem você! Leve um copo de água fria para alguém sedento;
cubra com vestes o que está nu; cuide dos doentes... mas liberte-se
definitivamente da maior tirania, a de um coração egoísta.
Que
tal você se engajar em algum dos trabalhos realizados pela igreja, com a
finalidade de envolver você e ajudar a sua família. Estas coisas não podem
substituir a sua fé, mas poderão muito ajudá-los.
Aos
pais, vocês que são as pessoas mais responsáveis em nosso meio. Não pequem
contra Deus e contra os seus filhos. Invista o quanto puderem para que a vida
de seus filhos produza frutos para o Senhor.
Enfim...
este é o tempo da oportunidade. Seja sábio!
Em
Cristo, o Senhor da vinha!
Rev.
José Maurício Passos Nepomuceno
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Toda mensagem escrita é apenas um registro. O sermão bíblico de fato é único, como um rio que passa e muda a cada instante. Um sermão só pode ser pregado uma única vez. Caso seja repetido em outro púlpito, ainda que use os mesmos registros, será outro, por várias razões: a) o pregador nunca é o mesmo, pois está sendo transformado a cada mensagem que prega; b) os ouvintes são outros; c) o Espírito é o mesmo, mas é dinâmico e aplica o que quer aos corações.
Obrigado por ler estes pequenos e falhos esboços!