16 de março de 2013

Mateus 5.43 a 48 (incompleto)


“A Vida Cristã Madura Produz o Fruto do Amor”
Mateus 5.44 a 48

Introdução
Acredito que cristãos devotados desejam realmente ter uma fé madura. Para muitas pessoas, uma fé amadurecida pode estar diretamente relacionada com responsabilidades eclesiásticas ou conhecimento bíblico. Mas, com certeza, uma fé amadurecida não pode ser definida desta forma. O amadurecimento da nossa fé deverá produzir a vida de Cristo em nós.
Os mais precisos sinais de nosso crescimento na fé estão ligados ao modo como olhamos para as pessoas ao nosso redor. Aliás, este é também o melhor sinal de que amamos a Deus, afinal o amor a Deus só pode ser realmente aferido na nossa relação com as pessoas que Deus coloca ao nosso redor.
Quando Deus deu a Adão e Eva a tarefa de cuidarem da Criação. Ele disse que eles deveriam cultivar o jardim e se multiplicar. Estas ações implicariam necessariamente no cuidado que deveriam ter para com todas as pessoas que haveriam de nascer e se alimentar daquilo que eles cultivariam.
Mas, mesmo o pecado não mudou esta necessidade de cuidado mútuo. Quando Adão foi repreendido pelo Senhor e tentou se desculpar culpando Eva. A solução de Deus foi que ele deveria continuar cuidando da sua esposa, pois seria dela que nasceria o seu Salvador (Gênesis 3.15). Este cuidado, por causa do pecado, passaria a ser realizado com a dor e o suor do rosto de Adão, mas o objetivo de cuidar do seu semelhante continuava a vigorar.
O primeiro pecado registrado, após a saída do Éden, só reforça esta necessidade de cuidar do próximo. Caim, irado ao extremo por ter sido rejeitado por Deus, assassinou Abel, seu irmão. Desta forma, Deus deixava claro o quanto o homem teve a sua mente desestruturada da premissa fundamental de amar a Deus e ao próximo.
Os Dez Mandamentos foram dados justamente para reestruturar a mente do homem caído. Nele, vemos em resumo a proposta vital de Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo. Portanto, quando desejamos a maturidade espiritual ou cristã, estamos falando em termos de amadurecimento da nossa capacidade de amar.
Hoje, abordaremos a reestruturação da nossa mente a partir das definições de amor extraídas da mensagem de Jesus, dadas no Sermão da Montanha, no capítulo 5 de Mateus, versos 43 a 48.

Primeira Lição: Amar é Dispor-se a Viver Sem Considerar os Próprios Interesses
Amar não é apenas um sentimento de retribuição do bem que alguém nos faz, mas uma decisão pessoal de agir em obediência a Deus, mesmo quando não vislumbramos nada em troca.
Jesus deixou claro que o modo como muitos interpretavam o amor bíblico era equivocado. Para muitos judeus amar ao próximo tratava-se de um sentimento de retribuição a todas aquelas pessoas que nos amam. Mas a palavra de Jesus, que aponta para o verdadeiro significado do amor bíblico, exorta a amarmos até mesmo os inimigos e aqueles que nos perseguem.
Ouvistes o que foi dito: amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem (Mateus 5.43 e 44).
Quando o pecado interferiu em nossa estrutura natural de pensamento, obstruiu o caminho natural do amor. Este caminho natural levaria o ser humano a sempre considerar o seu próximo a partir de Deus e, sendo o próximo criado à imagem e semelhança de Deus, evidentemente, o amor pelo próximo logo assumiria a dianteira de nossas volições.
Mas, como sabemos a queda mudou o caminho natural do amor. Agora, caído, o homem considera o seu próximo a partir dos interesses pessoais. Quando o interesse do nosso próximo é oposto ao nosso interesse, então a relação de amor se desfaz e o ódio ou repúdio é o que determina os sentimentos e ações.
Jesus, mostrando o erro do egocentrismo na observância da lei, propõe que o cristão maduro é aquele que consegue amar até mesmo o seu inimigo. Ele é capaz de esperar o bem até mesmo daqueles que o perseguem.
Pensar no próximo a partir de Deus é esperar o melhor para os outros sem buscar nada em troca. É pensar até mesmo quando nossos interesses parecerem não serem atendidos.
Para este amadurecimento, você precisa aprender a viver segundo esta lição. Precisa começar a retirar do seu coração, sua mente, o domínio idolátrico do ego. Viver somente para si mesmo é sinal de morte em nosso coração. Viver moldado pela premissa de obediência a Deus é um fruto que vem do Espírito Santo.

Segunda Lição: Amar é Dispor-se a Viver Segundo o Modelo Que Encontramos no Próprio Deus
Pensando o filme “Cartas para Deus”, que ilustrou a chamada deste momento. O menino, que está gravemente enfermo, escreve cartas para Deus sempre pensando nas pessoas.
Seria mais natural que alguém, na situação deste garoto, escrevesse cartas para Deus pedindo por sua cura, clamando por melhora ou ainda, reclamando e solicitando que Deus lhe faça justiça, como a própria mãe do menino chega a fazer. Mas, como vocês viram, este não é o caso. Ele está sempre pensando nas pessoas ao seu redor.
Para que vos torneis filhos do vosso Pai Celeste, porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos (Mateus 5.45).
Jesus completa o seu pensamento sobre a necessidade amar o próximo até mesmo os inimigos, ilustrando agora com a ação do próprio Deus.
Deus, mesmo sendo o Criador de todas os seres humanos e o Senhor de todas as coisas, tendo, portanto, o direito de ser amado e adorado por todos os homens, além da autoridade de punir e derramar a sua justa ira sobre aqueles que não o buscam como Deus, nem o amam, ainda sim, é benevolente e abençoa até mesmo os que o abandonam e o negam. Ele lhes dá, na mesma medida em que dá aos que o amam e buscam, tanto o sol como a chuva, essenciais para a sua sobrevivência.
Jesus afirma que se amarmos o próximo de forma tão intensa que possamos dizer que amamos até mesmo os nossos inimigos e pensamos no bem daqueles que não nos querem bem, estaremos imitando a Deus e, por isto, revelando, por meio de nossas atitudes, que somos filhos de Deus.
Amar, nestes termos, não é somente um ato de bondade para com o próximo, mas um dos mais elevados atos de amor para com Deus, um ato de adoração e glorificação.
Uma fé cristã madura revelará nossa filiação com Deus. Gestos simples de amor, que buscam compromisso com Deus, são frutos naturais de quem vem crescendo e se santificando na fé.

Terceira Lição: Amar é Dispor-se a Viver Uma Perspectiva Distinta do Mundo
Você sabe muito bem que o esquema do amor neste mundo é totalmente outro. Você ama quando vale a pena, desde que isto não te prejudique.
Muitas vezes somos tentados a pensar e agir assim. Pessoas nos difamam, prejudicam, causam problemas, transtornos e dificuldades para nós e, logo, nosso coração se ira e queremos revidar. Na pior das hipóteses já encontramos motivos para não amar e ainda nos sentimos pessoas justas.
Um pai que castigo severamente seu filho de forma injusta, poderá não ter nunca mais o amor do seu filho. Um marido que foi traído ou uma esposa que foi deixada, tendem a encontrar todas as razões do mundo para se sentirem livres para não amar mais. Enfim, é assim que somos.
Mas, Jesus tem um padrão completamente mais elevado que este. Sim, quando digo elevado não me refiro apenas à substancial qualidade da proposta de Cristo, mas ao fato de que o seu padrão não é deste mundo, mas de um Reino Celestial. Jesus propõe que não somos melhores que os piores homens do seu tempo, os publicanos e os homens sem Deus, quando amamos somente os que nos amam.
Porque, se amardes os que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publicanos também o mesmo? E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os gentios também o mesmo? (Mateus 5.46 e 47)
O amor do cristão amadurecido é diferente de todas as estruturas relacionais mundanas. Jesus propõe a dinâmica do amor que imita Deus como uma contrapartida e um fator distintivo do modo como o mundo desenvolve relacionamentos.
Cristãos amadurecidos, preparados pelo Espírito para produzir o fruto deste amor, são pessoas que se distinguem das demais. O que os faz diferentes é que sua obediência a Deus, os levou a imitar o Senhor e apresentar a este mundo o modo próprio de vida redimido, o estilo de vida do Reino de Cristo.

Quarta Lição: Amar é Dispor-se a Viver Na Busca de Uma Fé Amadurecida
Jesus encerra este trecho do seu ensino exortando-nos a buscar com todas as forças o caminho do amor. O patamar de qualidade é elevado, ou seja, o patamar é do Alto, é Celestial, o patamar é Deus.
Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai Celeste (Mateus 5.48).
A palavra “perfeitos” usada por Jesus Cristo é “teleioi”, ela não pode ser limitada apenas à uma conotação moral, como “perfeição moral”. Este termo é mais próprio para designar algo “completo” ou “maduro”.

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